quinta-feira, 29 de março de 2007

Emerson, de Jorge Luis Borges

Esse alto cavalheiro americano
fecha o volume de Montaigne e sai
em busca de outro gozo que não vale
menos, a tarde que já exalta o plano.
Rumo ao fundo poente e seu declive,
rumo aos confins que esse poente doura,
caminha pelos campos como agora
pela memória de quem isto escreve.
Reflete: Eu li os livros essenciais
e outros compus também que o negro olvido
não riscará. Um deus me há concedido
o que é dado saber a alguns mortais.
Por todo o continente anda o meu nome;
mas não vivi. Quisera ser outro homem.

In Nova antologia pessoal. Trad. de Rolando Roque da Silva. S. Paulo: Difel, 1982, p. 23.

Nenhum comentário: