sexta-feira, 23 de abril de 2010

Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais


Dia Mundial do Livro 2010. Ministério da Cultura (Portugal) 

Na Catalunha, hoje, dia de São Jorge, seu padroeiro, há a tradição de trocar livros e rosas. A UNESCO passou a comemorar a data como Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais, lembrando também que neste dia, no ano de 1616, morreram três grandes ícones da literatura universal: Miguel de Cervantes, William Shakespeare e o peruano Inca Garcilaso de La Vega (mais conhecido no mundo hispânico). 

No Brasil a data é toda de São Jorge. Ainda assim, vale lembrar aos raros leitores o lançamento de duas obras que interessam aos que amam e estudam o livro: Letra Impressa: Comunicação, Cultura e Sociedade, organizado por Eduardo Granja Coutinho e Márcio Souza Gonçalves, publicado pela Editora Sulina, e A Questão dos Livros: Passado, presente e futuro, de Robert Darnton, a ser lançado este mês pela Cia. das Letras. 

São Jorge, rosas, livros, amizades e leituras, ingredientes do que poderia ser uma bela festa aqui também. Enquanto isso, quero estar nesse dia em Barcelona!


sexta-feira, 9 de abril de 2010

Niterói, com as chuvas, mostra suas entranhas e sua ‘verdadeira face’

A cidade de Niterói, cuja propaganda oficial fazia crer que tinha se tornado uma cidade de bem-estar e qualidade de vida, com as chuvas que castigam a região metropolitana do Rio de Janeiro, mostrou-se por inteiro. As áreas marginais e a população pobre ou miserável, sempre esquecidas, passaram a primeiro plano. Suas carências e fragilidades, decorrentes do abandono e da exclusão a que foram condenadas pelos sucessivos poderes municipais, estaduais e federais, são expostas em rede nacional.


Vê-se também sua força, resistência e indignação diante da tragédia, anunciada e ignorada.

A indústria da construção civil e a especulação imobiliária têm estado no centro das políticas públicas na cidade, mostrando uma Cidade Sorriso maquiada para vender. Tomamos consciência, todos que amamos Niterói, que ela é também um retrato fiel do país. Vivemos em uma sociedade de abissal desigualdade, injusta, excludente, onde os poderes públicos se voltam primordialmente para aqueles que financiam suas milionárias campanhas e lhes dão sustentação na mídia e na opinião pública.



A calamidade está ainda em curso, mas ela já nos fez mais conscientes da vulnerabilidade e da força populares que existem na cidade. Que o poder da natureza desperte nossas elites e autoridades para suas responsabilidades e o cidadão comum para a solidariedade.


Você conhece Niterói, rara leitora? Está acompanhando o desenrolar da tragédia?

1° Congresso Internacional do Livro Digital – O que ficou?

Imagem de uma das mesas, 30/3/2010..Foto AB.

O Congresso, impecável na sua organização, poderá ser, rara leitora, um marco na transição do mundo impresso para o mundo digital que estamos vivendo e minha impressão foi excelente. O evento, realizado no Maksoud Plaza, em São Paulo, teve a participação de cerca de 500 profissionais da área editorial e livreira, com 16 palestrantes e conferencistas, entre nacionais e estrangeiros. A organização e realização foram da CBL, Frankfurter Buchmesse e Imprensa Oficial (SP).

Os principais tópicos discutidos, na minha percepção (não assisti a tudo), foram:

- Como aproveitar as possibilidades abertas no mundo digital, especialmente as redes sociais e blogs, para promover a divulgação e a venda das edições impressas, incluindo aí a mobilização dos autores, divulgando suas obras não só, como antes, em lançamentos e autógrafos, palestras etc., como também nos seus espaços virtuais, muitas vezes com a divulgação de parte do conteúdo, ofertas de exemplares etc, como também através da mobilização dos leitores, com resumos, comentários, críticas etc.

- Como aproveitar esses mesmos espaços para editores garimparem autores e textos para publicação impressa;

- Como lidar com as novas possibilidades abertas pelas novas mídias para a virtualização, distribuição e venda de livros digitais.

- Como manter a lucratividade nos negócios, especialmente a dos livros impressos, com cuidado enorme em NÃO BARATEAR demais os livros digitais.

- Como negociar com autores a remuneração dos direitos autorais e a venda dos livros digitais através das livrarias, com acentuada tendência à redução dos percentuais praticados nos livros impressos.

- Quais as perspectivas na educação para os livros didáticos digitais?

- Como está no Brasil a recepção do leitor aos aparelhos de leitura digital e mesmo à leitura de livros digitais?

- Como ficará o papel do editor de livros com a digitalização crescente e o acesso universal ao conhecimento através das redes? será o de fornecedor de conteúdos para a rede e as mídias portáteis ou continuará sendo o que "faz" os livros e os coloca no mercado? 

Não houve respostas consensuais nem conclusivas. Mas todos tomaram consciência de que estamos no olho do furacão, com mudanças aceleradas que exigem muita atenção, senso de oportunidade e coragem para mudar. 

O tema é muito relevante: sugiro que leia também o artigo de Cristiane Costa, jornalista e professora, publicado na revista Bravo, 152. O texto está acessível também, disponibilizado pela autora, nos Arquivos do e-grupo Cultura Letrada http://groups.google.com.br/group/cultura-letrada?pli=1 . 

Seus comentários serão bem-vindos.