segunda-feira, 28 de março de 2011

Humberto de Campos e os livros de Felisberto de Carvalho




– Posso lhe dizer que aprendi com minha mãe o primeiro e segundo livro de leitura de Felisberto de Carvalho. E estava, já, meiando o terceiro livro, de Hilário Ribeiro, quando fui matriculado em uma escola particular. Desejo referir aqui, à influência que exerceu sobre mim, o aspecto material de um livro de escola. Guardo a mais risonha recordação dos livros de Felisberto. Eram amplos e claros. As letras, as sílabas, as palavras não se aglomeravam neles, como nos outros autores, e possuíam figuras coloridas, que emprestavam a cada página a feição de um dever e de um brinquedo.

In GALVÃO, Francisco. A Academia de Letras na intimidade. Rio de Janeiro: A Noite, 1937, p. 124 
(atualizada a grafia original)

Depois de meses sem postar no blog, encontrei no livro que comprei recentemente em Belo Horizonte, em um dos sebos do Edifício Maletta, esta referência singular aos livros de Felisberto de Carvalho na entrevista concedida pelo escritor, já debilitado pela doença, a Francisco Galvão. Campos morreria em 5/12/1934, sem a ver publicada. Deixou um testemunho que reforça a importância da inovação editorial de Francisco Alves, além de valorizar o trabalho do ilustrador Epaminondas de Carvalho, filho de Felisberto.