segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Nikos Kazantzakis (1885-1957): homenagem no Pen Club do Brasil





O presidente do PEN Clube do Brasil, o poeta e professor Cláudio Murilo Leal, convida para a homenagem que lembrará os 50 anos da morte do escritor Nikos Kazantzakis, autor de Zorba, o Grego, Ascese, Odisséia, A liberdade ou a morte, O Cristo recrucificado, Testamento para El Greco, O Pobre de Deus, A última tentação, entre tantas outras obras-primas universalmente conhecidas, inclusive pelas versões feitas para o cinema.
Alexei Bueno, poeta, ensaísta e pesquisador dos mais brilhantes estará encarregado de apresentar a sua original visão do autor grego em palestra a ser proferida no dia 26 de outubro, sexta-feira, às 18h, na sede do PEN Club, Praia do Flamengo, 172, 11º andar, Rio de Janeiro.
Lamentamos profundamente não poder estar presentes, em virtude de compromisso em Porto Alegre, nas atividades da Feira do Livro que se inaugurará nesse dia, pois Nikos Kazantzakis é um dos autores que mais enriqueceram nossas pobres leituras, através da vida, especialmente com o seu clássico Zorba, o Grego. Base de um também inesquecível filme, com Anthony Quinn, no papel título.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Canção dissonante, Renato Augusto Farias de Carvalho



Tenho guardadas as escassas
horas
e as visões solenes
de Coimbra, do Porto,
os desenhos peninsulares
e sopros do Tejo
nas veias ibéricas do norte.

Trago o fado
no ardente peito
faço-me inteiro
ternura
sina e
saudade.

Estou cercado de ti, Lisboa dos
meus presságios. Ergo daqui meu
vinho verde
- para ver-te -
bem ao pé da Baixa
e seguir a Belém; depois
Faro, Óbidos e Santarém.

Oculto-me em trapos e versos
para abraçar-te, incólume Portugal do sol
vespertino. E deito-me, no leito de alvas
pedras, no mar da Ericeira.

In Vinho e verso. Manaus: Editora Valer http://www.valer.com.br/ . 2005, p. 29. Ilustração da capa: Miguel Coelho

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Entre louças, pianos, livros e impressos: Casa do Livro Azul

O Centro de Memória da Unicamp e a Editora Arte Escrita convidam para o lançamento do livro de Maria Lygia Cardoso Kopke Santos, Entre louças, pianos, livros e impressos: Casa do Livro Azul.
Dia e horário: 17/10/2007, quarta-feira, a partir das 17:30h
Local: Salão Nobre da Faculdade de Educação da Unicamp, Rua Bertrand Russel, 801 – Campus – Barão Geraldo – Campinas – SP
Tel. (19) 3521-5250 – Centro de Memória da Unicamp (CMU)


A convite da autora, escrevemos sobre esse livro um pequeno texto para a 4a. capa:

Sobre Entre louças, pianos, livros e impressos: Casa do Livro Azul
Aníbal Bragança


Maria Lygia Cardoso Köpke Santos, com maestria e rara sensibilidade, descortina ao leitor, ao construir a história da Casa Livro Azul, as grandes transformações socioeconômicas e culturais da cidade de Campinas, das últimas décadas do século XIX a começos do XX.

Tendo como principal inspiração o olhar iluminado de Michel de Certeau, a autora nos mostra, com brilho e originalidade – em boa parte sua pesquisa foi feita a partir da análise dos anúncios publicados em jornais –, como então se formaram na cidade as modernas práticas de uma sociedade escriturística, expressas nas novas demandas por papéis, livros e outros produtos tipográficos.

A obra insere-se, de forma marcante, no conjunto de estudos pontuais e regionais que vêm ajudando a construir a história da cultura letrada em nosso país, em boa hora, quando se aproxima o bicentenário da hipertardia instalação definitiva no país da “famosa arte da imprimissão” ao ser criada pelo príncipe D. João, em 1808, a Impressão Régia do Rio de Janeiro.

Leia um excerto do mesmo livro, clicando abaixo (postagem deste blog feita em 5 de março de 2007):
Da leitura do fim de semana, a dissertação de Maria Lygia Cardoso Köpke Santos, em um rico depoimento

sábado, 13 de outubro de 2007

40 anos de fundação da Livraria Diálogo, em Niterói


(Imagens do arquivo pessoal.)
Em outubro de 1967, no bairro do Ingá, em Niterói, a Livraria Encontro transformava-se na Livraria Diálogo, tendo como sócios principais Aníbal Bragança, Renato Berba e Carlos Alberto Jorge (em primeiro plano, na foto acima - do 1º aniversário -, da direita para a esquerda. Ao fundo três dos principais colaboradores na época: Zezinho, irmão de Aníbal, Wander de Assis e Luís).
A Livraria Diálogo, hoje de propriedade de Antônio Gomes Eduardo, também dono da Livraria Gutenberg, tem um lugar marcado na história da cultura da cidade de Niterói. E poderá mesmo transformar-se em objeto de pesquisa de algum historiador interessado em conhecer as transformações da vida literária e da cultura da antiga capital fluminense nas quatro últimas décadas do século XX.
Aos que participaram da construção dessa história ou que a desejam conhecer um pouco,
sugerimos que acessem o texto:
AB - "Ave Cesar! Viva Cesar! Apresentação de Um sol maior que o sol, de Cesar de Araujo"
nos Arquivos do e-grupo Cultura Letrada, clicando em: http://groups.google.com/group/cultura-letrada .
E ainda a entrevista concedida por Aníbal Bragança ao historiador Fábio Ferreira, publicada na revista de História, Tema Livre, acessível na Internet, em:
Para ver o Álbum de Fotografias de vários momentos da trajetória profissional do ex-livreiro e atual professor e pesquisador Aníbal Bragança, incluindo fotos do começo das atividades da Livraria Diálogo, clique abaixo:

Se a rara ou raro leitor deste espaço tiver algum registro a fazer, algum dado a acrescentar, um documento qualquer que possa ser útil à construção da história das livrarias Encontro, Diálogo, LUFE, Pasárgada e Sebo Fino, pedimos que o informem fazendo um "comentário" abaixo que nos permita chegar até ele. Obrigado.

Livrarias como espaços de sociabilidades intelectuais, Aníbal Bragança

No Brasil, onde a tipografia chegou tardiamente e com muitos controles na circulação dos impressos, só no século XIX foi possível criar-se um ambiente favorável às discussões públicas. Após a Independência foram-se ampliando as possibilidades de desenvolvimento da indústria editorial e da imprensa expressar o pensamento múltiplo, e muitas vezes conflitante, da sociedade civil. Surgia, num país de poucos leitores, uma brecha para o fortalecimento da cultura letrada.

Segundo Ubiratan Machado, foram as primeiras gerações do romantismo que iniciaram “a tradição dos escritores se reunirem em livrarias”, que se transformaram, segundo ele, “quase em clubes de bate-papo literário”. Uma das primeiras a se destacar como local de encontro de escritores foi a Tipografia Dois de Dezembro, de Paula Brito, na antiga Praça da Constituição (hoje Tiradentes) em meados do século, onde se destacavam os nomes de Joaquim Manuel de Macedo, Teixeira e Souza, Laurindo Rabelo, Araújo Porto-Alegre, Manuel Antônio de Almeida, Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e os então jovens Salvador de Mendonça, Casimiro de Abreu e Machado de Assis, que chegou a colaborar com Paula Brito em suas publicações. Lá se criou uma espécie de sociedade chamada Petalógica, cujos objetivos explícitos eram “tagarelar e fazer chiste”, mas que funcionava também como um de clube de auxílio mútuo.

A Garnier, quando inaugurou a loja na Rua do Ouvidor, em 1899, segundo Brito Broca, oferecendo a todos os convidados um volume de Machado de Assis, com a assinatura do autor, tornou-se o espaço privilegiado para os encontros da intelectualidade fluminense, já então tendo em Machado uma figura proeminente, ao lado de José Veríssimo, Silvio Romero, Joaquim Nabuco, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Mário de Alencar. O livreiro francês chegou a colocar poltronas na livraria para receber os escritores, jornalistas e artistas que a freqüentavam.

Outras livrarias que se destacaram nessa área, no Rio de Janeiro, foram a José Olympio, especialmente em sua sede da Rua do Ouvidor, 110, inaugurada em 1934, em frente ao prédio da Garnier. Lá despontavam José Lins do Rego, Francisco de Assis Barbosa, Octávio Tarquínio de Souza, Rachel de Queiroz, Marques Rebelo, Santa Rosa, Portinari, Gilberto Freire, Adalgisa Nery, Lúcio Cardoso e muitos outros, como nos conta o próprio Graciliano, em Linhas Tortas, e mais recentemente Lucila Soares, jornalista e neta de JO, no excelente Rua do Ouvidor, 110.

A Livraria São José, especialmente nos tempos áureos do “mercador de livros” Carlos Ribeiro, que se instalou por conta própria em 1940. A cronista Eneida, ao fazer o seu perfil, lista alguns de seus habituais freqüentadores, como Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Josué Montelo, Herman Lima, Aurélio Buarque de Holanda dentre muitos outros. A moda das tardes de autógrafos se iniciou na São José na década de 1950.


Silvestre Mônaco trouxe a novidade para Niterói, começando seus lançamentos nas manhãs de domingo, na Livraria Ideal, da antiga Rua da Praia, hoje Visconde do Rio Branco, que levaram à criação do Grupo de Amigos do Livro, hoje Grupo Mônaco de Cultura, que congrega semanalmente muitos autores e leitores no chamado Calçadão da Cultura.

Outras livrarias em Niterói se notabilizariam como espaço de encontros entre autores e leitores, como a Encontro/Diálogo, a Casa da Filosofia, a Sapiens, a Pasárgada, a Gutenberg e a Ver-e-Dicto. Exemplos que destacam a antiga capital fluminense nas sociabilidades intelectuais ligadas à cultura do impresso.

Artigo publicado originalmente em O Prelo, Revista de Cultura da Imprensa Oficial do Rio de Janeiro. Niterói: ano V, nº 15, set/nov.2007, p. 21

Lembrança de Roberto Alvim Corrêa, por João Alexandre Barbosa



No meio de centenários literários ilustres – o de Murilo Mendes, o de Cecília Meireles e os próximos de Carlos Drummond de André e de Augusto Meyer –, o de Roberto Alvim Corrêa (1901-1983) passou esquivo e sem menção, de certa forma mimetizando o próprio professor, editor e crítico literário.

Na verdade, era um homem esquivo e discreto que somente a conversação ou a correspondência com amigos deixava ver toda a riqueza de suas experiências e, sobretudo, de suas inquietações.

Pelo menos, foi sempre esta a impressão que me passou quando o conheci nos inícios dos anos sessenta em que, já sendo autor de dois livros de ensaios críticos, Anteu e a Crítica, de 1938, e O Mito de Prometeu, de 1951, assim como de uma tese de concurso em literatura francesa, François Mauriac, essayste chrétien, também de 1951, e que circulou, em francês, numa pequena tiragem editada pela Editora Agir, publicou o seu Diário, em 1960, e sobre o qual escrevi uma resenha no ano seguinte ao da publicação. E a tanto se resume a sua obra escrita e publicada. (...)

Entretanto, além de ter sido um dos diretores, juntamente com Alceu Amoroso Lima e Jorge de Sena, da prestigiosa e útil coleção Nossos Clássicos, da Agir, teve uma atuação editorial surpreendente.

É que ele criou e dirigiu, entre 1928 e 1936, em plena Paris daquela festa descrita por Hemingway, uma editora que, sob o selo de Éditions Corrêa, publicou obras e autores importantes da literatura francesa, sobressaindo os seis volumes de Approximations e os quatro do Journal, de Charles du Bos, assim como ensaios do crítico Albert Béguin, autor do admirável L’âme romantique et le réve, além de obras de Jacques Maritain, François Mauriac, Gabriel Marcel, Marcel Raymond, entre outros.
(...)

Tudo isso para uma reconstrução daquilo que foi o aspecto mais instigante de sua biografia, o do criador de uma editora européia, e que terminou por ter importância em sua própria atividade intelectual, dando-lhe uma generosa tendência à disseminação da cultura francesa no Brasil nos anos quarenta e cinqüenta, como foi anotado por Drummond em sua crônica.

Excerto do artigo de João Alexandre Barbosa (1937-2006), publicado originalmente na revista Cult, S. Paulo, ano V, nº 55, e depois editada como parte integrante do livro Mistérios do dicionário, S. Paulo: Ateliê, 2004. Leia o texto integral do artigo nos Arquivos do e-grupo Cultura Letrada http://groups.google.com/group/cultura-letrada .

Para se conhecer o pensamento crítico de Roberto Alvim Corrêa, deve ler-se também o número especial da revista Tempo Brasileiro, “Prometeu e a crítica”, nº 55, Rio de Janeiro: out.-dez./1978.
A reconstrução de sua atividade de editor em Paris, a que se referiu João Alexandre Barbosa, infelizmente ainda não se fez. Sua neta, a bibliotecária Anne Marie Lafosse Paes de Carvalho, depositária de parte do seu arquivo pessoal, poderá fazê-la como uma de suas pesquisas no LIHED/UFF – Núcleo de Pesquisa sobre Livro e História Editorial no Brasil da Universidade Federal Fluminense. Será bela forma de homenagear a figura querida de seu avô e também de dar uma bela contribuição à história editorial franco-brasileira.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

No teatro, uma viagem no tempo: o Rio civiliza-se!

Com um belo elenco, formado por jovens atores, o diretor Leonardo Simões, reapresenta, em quarta temporada, sua peça Encontro de Machado de Assis & Arthur Azevedo, reunindo textos curtos dos dois autores, muito diferentes, que viveram a mesma época de grandes transformações na cidade do Rio de Janeiro e na sociedade carioca, na virada do século XIX para o XX. Nada lhes escapou, especialmente a dupla vida das classes médias, na intimidade e na vida pública.

A peça desenvolve-se de forma itinerante nos belíssimos espaços do Solar do Jambeiro, um exemplar excepcionalmente bem conservado da arquitetura do século XIX, hoje espaço cultural da Prefeitura de Niterói. Na viagem, guiada por Machado e/ou Arthur Azevedo, percorrem-se situações, em geral, engraçadas ou líricas, que nos levam à Belle Époque, com seus contrastes e conflitos vinculados às grandes transformações urbanas da época, com pausas para pequenos saraus e leituras à luz de vela. Destaque para a leitura do conto, de Machado, A Missa do Galo.

A peça, que antecipa as comemorações que marcarão os 100 anos de morte de Machado e Arthur Azevedo, ambos falecidos em 1908, faz com que saiamos do Solar do Jambeiro com a alma enriquecida pelos excelentes textos literários apresentados, pelas músicas muito bem executadas, e por uma encenação que nos faz esquecer que estão ainda em formação os atores. Mérito certamente do experiente diretor e de sua equipe. Os figurinos e a iluminação são de muito bom gosto. Parabéns.

Todas as sextas-feiras, às 19h, de 12 de outubro a 14 de dezembro de 2007.
No Solar do Jambeiro, Rua Presidente Domiciano, 195 - Ingá, em Niterói - RJ.
Reservas pelo telefone (21) 2109-2222.
Outras informações: encontromachadoearthur@gmail.com
Faça uma visita virtual ao Solar do Jambeiro http://www.solardojambeiro.com.br/

Agenda cultural e algumas dicas


Lançamentos de livros:



Bons Ventos – a trajetória vencedora da família Schmidt Grael, de Rogério Daflon, publicado pela Editora Senac-Rio.
18 de outubro, 19:00, Rio Yacht Club. Estrada Fróes, 418, São Francisco - Niterói-RJ

Ávida palavra, de Lena Jesus Ponte (veja convite, acima)
25 de outubro, de 18 às 22h, Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, Campo de S. Bento, Niterói
O canto da unidade. Em torno da poética de Rumi, de Marco Lucchesi e Faustino Teixeira
18 de outubro, 19:00, na Livraria Letras e Expressões
Av. Ataulfo de Paiva, 1292, loja C - Leblon - Rio de Janeiro


Evento internacional sobre a Língua Portuguesa:
XXVI Convenção Elos Internacional 2007
Tema “O futuro do Elismo e da Língua Portuguesa na ONU”.
18 de outubro, abertura: 17 h. Até 21 de outubro.
Teatro Popular Oscar Niemeyer, Caminho Niemayer, Niterói - RJ
Informações: elosclube.niteroi@gmail.com


Concursos literários:

Concurso Literário Professor Horácio Pacheco (poema, crônica ou conto)
Promovido pela Academia Niteroiense de Letras (ANL) em parceria com a Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro (IO); objetiva premiar textos inéditos, escritos obrigatoriamente em língua portuguesa.
Inscrição: 22 de outubro a 21 de dezembro de 2007. Grátis.
Mais informações:
http://www.academianiteroiense.org.br/

I Concurso Nacional de Literatura Arti-Manhas - “Prêmio Luís Antônio Pimentel de Literatura”
Comemoração do terceiro aniversário do sítio virtual Arti-Manhas, coordenado pelo artista plástico Porto Filho.
Mais informações: http://www.arti-manhas.com/


Espaços virtuais a visitar ou revisitar:

Blog do Galeno
http://www.blogdogaleno.com.br/
Coordenação de Galeno Amorim
Tudo ou quase tudo sobre o que acontece na área do livro e da leitura no Brasil, inclusive na área das políticas públicas.


A terceira gaveta, de Henrique Chaudon
Espaço de criação, reflexão e compartilhamento do
excelente poeta e marceneiro
http://aterceiragaveta.blogspot.com/

Leitores & Livros
Conheça o trabalho de Luiz Gadelha em prol do livro e da leitura.

Visite o sítio virtual: http://www.leitoreselivros.com.br/maisleit.htm


Portal de Cultura e Política de Niterói
O trabalho e a ação política do vereador André Diniz em favor da vida cultural niteroiense.
http://www.andrediniz.com.br/

A Quitanda do Chaves
Blog de Wilton Chaves, do Rio de Janeiro, sociólogo, vascaíno e caminhante. Ex-profissional do livro que tem excelentes histórias de livros, livreiros e editoras. Suas matérias são sempre ilustradas com reprodução de obras de arte. A última é do grande Quirino Campofiorito.
http://quitandadochaves.blogspot.com/

E ainda:


Estudar na França? Conheça a Segunda Caravana França-Brasil
O CampusFrance realiza salões e palestras sobre estudos na França no Rio de Janeiro,
em Belo Horizonte e Salvador, de 22 a 27 de outubro de 2007
No dia 23 de outubro, terça-feira, palestras e salão para estudantes, no Rio de Janeiro
Local: Maison de France, Av. Presidente Antônio Carlos, 58
14h00 – 14h40 Palestra sobre os estudos superiores na França (teatro)
14h40 – 15h30 Mesa-redonda sobre a importância da experiência internacional (teatro)
15h30 – 20h00 Salão para estudantes com a presença de instituições francesas de ensino (12.º e 13.º andares)
Mais informações:
http://www.edufrance.com.br/2/

Como cuidar e manter sua biblioteca:

Leia as notícias e conheça a programação da
Associação Brasileira de Encadernação e Restauro – ABER
http://aber.locaweb.com.br/
Encadernação, douração, higienização, pequenos reparos, álbuns de fotografias... Oferece vários cursos nos próximos meses, em São Paulo. As inscrições estão abertas e as vagas são limitadas.
Rara e raro leitor, são muitas as possibilidades de exercer sua vocação intelectual e seu amor pela escrita, pela leitura e pelos livros. Aproveite. Se tiver alguma dica ou sugestão, envie-nos. Poderemos aproveita-la na próxima agenda cultural.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Antônio Hohlfeldt, patrono da 53ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre

Considerada por muitos a mais tradicional feira de livros do Brasil, reúne milhares de leitores, autores, livreiros e editores, ao ar livre, em torno da Praça de Alfândega e seus arredores, na capital gaúcha. Com Antônio Hohlfeldt como patrono, será aberta dia 26 de outubro e se estenderá até 11 de novembro de 2007, com uma programação intensa que inclui sessões de autógrafos, palestras, oficinas e apresentações artísticas.

Mais informações sobre a Feira: http://www.camaradolivro.com.br/

Sobre o patrono da 53ª edição:

Antônio Carlos Hohlfeldt nasceu em Porto Alegre, em 22 de dezembro de 1948. Consegue conciliar, de forma brilhante, suas atividades de pesquisador das áreas de Comunicação e Letras com as de jornalista, escritor e político. Dentre outros cargos, foi eleito, em 2002, para exercer o mandato de Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul, ao lado do Governador Germano Rigotto.
Professor da PUCRS, onde leciona na graduação e no Programa de Pós-graduação em Comunicação, é ensaísta, romancista, autor de inúmeros artigos e livros, inclusive de literatura infantil. É coordenador do Núcleo de Pesquisa de Jornalismo, da Intercom. Escreve coluna semanal de crítica teatral no Jornal do Comércio, de Porto Alegre. Recentemente recebeu o Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação 2007, concedido pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) aos pesquisadores que mais se destacam na área.

A questão do preço único para o livro no Brasil voltou à discussão

Mileide Flores, da Livraria Feira do Livro, de Fortaleza, uma guerreira em defesa das livrarias e do livro, distribuiu informações e sugeriu leituras para a qualificação do debate, que consideramos muito pertinentes e passamos a nossas raras e raros leitores:

Sá-Earp, Fábio e Kornis, George (2005). A economia da cadeia produtiva do livro. Rio de Janeiro. BNDES. Disponível gratuitamente em: http://www.bndes.gov.br/conhecimento/publicacoes/catalogo/ebook.asp

O texto: “A questão do preço único: uma contribuição da Editora SENAC/SP”, disponível para acesso nos "Arquivos" do e-grupo Cultura Letrada:
http://groups.google.com/group/cultura-letrada

E o livro:
Gerlach, Markus (2006). Proteger o livro: desafios culturais, econômicos e políticos do preço fixo. Rio de Janeiro. LIBRE.

Sugerimos também a leitura da revista
Pensar el libro, publicada pelo CERLALC (Centro Regional para el Fomento del Libro en América Latina y el Caribe, com um número especial sobre o preço fixo (em espanhol). Acessível em: http://www.cerlalc.org/revista_precio/n_articulo09.htm

O tema foi retomado na 17ª Convenção Nacional de Livrarias que aconteceu entre os dias 10 e 12 de setembro último, no Rio de Janeiro.
Mais informações: sítio da Associação Nacional de Livrarias:
www.anl.org.br

A questão, como sabem nossas raras leitoras e leitores, é de grande interesse, pois visa proteger as pequenas e médias livrarias diante do poder avassalador das grandes redes de comercialização do livro, que tem levado à redução do número, já tão pequeno em nosso país, dessas livrarias, fundamentais para as editoras e para o leitor cujos interesses vão além dos best-sellers. A questão, como se pode imaginar, é complexa, por isso, está em discussão. Contribua com seu comentário.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Marcus de Moraes, in memorian

Foi sepultado hoje no Cemitério do Marui, em Niterói, Marcus Felicius Ayrosa Fernandino de Moraes, brilhante advogado e ser humano exemplar. Dele guardo, em especial, a convivência fraterna no período em que estivemos juntos servindo a um projeto político na Prefeitura Municipal de Niterói. Dessa convivência, saí com a certeza que há homens capazes de fazer política sem se deixar corromper. Marcus de Moraes foi um desses homens raros. Seu saber, dignidade e elegante discrição eram um exemplo para todos nós, seus amigos e admiradores. Niterói, a política fluminense e o saber jurídico sofrem uma grande perda. Perco eu uma das referências e um gentil amigo. Duras perdas, hoje.

Em 1963, Marcus de Moraes publicou este soneto:

A Ela

Dourado pomo de passada infância,
amor medroso de querer demais,
meu caminho perdido na distância
que o retorno do tempo não refaz.

Desejo de viver como a fragrância,
trespassado de sol, de luz, de paz.
Revérbero de rubra rutilância
que o retorno do tempo hoje me traz.

Beijos de luz de minha meninice,
aurora de esperanças que se abrisse
em claridade mística de cor,

no chão que piso há catassóis esparsos,
iluminuras dos teus olhos garsos,
desejos novos do teu velho amor!

In 37 poetas fluminenses, 1963, p. 150.


MARCUS DE MORAES (16/07/1929-8/10/2007), poeta, jornalista, advogado, nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de julho de 1929. Passou sua infância em Cachoeiras de Macacu. Em 1944, radicou-se em Niterói, onde estudou no Colégio Brasil, Colégio Plínio Leite e na Faculdade de Direito de Niterói, onde se formou em 1953. Foi orador de quase todas as turmas e agremiações a que pertenceu, inclusive, da antiga Associação Fluminense de Estudantes. Assinou, durante algum tempo, “A Coluna do Trabalhador”, no jornal Diário do Povo, de Niterói, colaborou no O Gládio, jornal da faculdade, e nos jornais Hoje e Diário Fluminense, neste como colunista diário, em 1961. Tem trabalhos poéticos publicados em revistas e jornais e no livro 37 Poetas Fluminenses, de 1963, Edições Letras Fluminenses (Niterói-RJ), com prefácio de Lyad de Almeida e capa de Luís Antônio Pimentel. Publicou Almenaras, uma seleção de poemas produzidos até 1963, e deixa inédito um outro livro de poemas, De sonhar, ao menos.

Membro da Academia Fluminense de Letras. Foi advogado do BNDES e procurador do então Estado da Guanabara. Amigo do governador Leonel de Moura Brizola, foi advogado do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Exerceu vários cargos públicos, dentre eles o de Procurador Geral do município de Niterói e também no município do Rio de Janeiro. Recentemente publicou uma obra jurídica.

Fonte principal: Enciclopédia de Niterói, de Luís Antônio Pimentel, Obras Reunidas 1, organização de Aníbal Bragança, Niterói Livros, 2004, p. 208-9.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Alcione Fernandes Baptista, adeus!

Conheci Alcione, estudante, freqüentadora da Livraria Encontro, depois, Diálogo, formando com Wagner Neves da Rocha e José Jeremias de Oliveira Filho, o trio de jovens intelectuais, formandos na área de Ciências Sociais, na UFF e na UFRJ, em 1966/1967. Eram os maiores compradores de livros da então recém-fundada livraria e certamente os maiores leitores dessa geração.

Alcione se destacava também por sua coragem cívica. Morando perto da livraria, percebeu logo quando esta reabriu após ter sido saqueada e fechada pós-AI-5. Foi a primeira a entrar e prestar solidariedade. Nem todos tiveram essa atitude, receando comprometer-se numa época de medos e ameaças.

Desde esse tempo Alcione esteve no bom combate. Escreveu a tese "O povo capturado na apreensão do Brasil. Uma releitura dos estudos brasileiros de folclore: 1945-1964", defendida na Universidade Federal Fluminense em 1986, que infelizmente não foi ainda publicada, embora suas qualidades sejam sempre louvadas.

Pequena mostra do perfil intelectual e do lugar social ocupado por Alcione se pode perceber no texto do discurso que fez em homenagem ao artista plástico Miguel Coelho, quando este foi homenageado na Câmara Municipal de Niterói, em 2002, do qual extraímos este excerto:

(...)
As reuniões da casa de Dr. Paulo eram realizadas nas noites de sexta-feira. Nos acontecimentos especiais ou quando recebiam visitas ilustres, transferiam-nas para as tardes de sábado. Houve o impacto da visita de Dona Célia Guevara, mãe de Che Guevara, no momento decisivo da Revolução Cubana.
Estiveram em casa de Dr. Paulo artista do porte de Frank Schaeffer e do casal de pintores franceses Roger e Júlia van Roger. Gente da expressão de Newton Rezende e Iberê Camargo.
O crítico literário Agripino Griecco deixava o Jardim do Méier e marcava presença na Quinze de Novembro. Achilles, Ruy, Magro e Miltinho, via CPC da UNE, criavam o MPB-4. E lá cantavam o “Subdesenvolvido”, onde diziam que os papagaios – que deslumbraram a frota de Cabral em 1500 – haviam se transformado em frangos das “Casas da Banha”, rede de supermercados da época.
Lou, poderosíssima jornalista da efervescente “Última Hora” – um espaço enorme em sua coluna diária – levava equipes da TV-Rio para a cobertura dos eventos. E Luís Antônio Pimentel, como sempre, fotografava tudo.
Participaram daquele movimento: Affonso Celso Nogueira Monteiro, Marta e Geraldo Reis, Alcinda e Geir Campos, as duas Marias Jacinthas – tia e sobrinha, Lou e Jacy Pacheco, Luís Antônio Pimentel, Renata e Dr. Aldo Rossi – com suas filhas Dália, Adriana e Lia Mônica, Maria Felisberta obviamente, Dayse Lemos, Irene Galindo e Dr. Alberto Hammerli – pais da bailarina Áurea e da profissional de saúde Ilara, o professor Tasso Moura, Lígia Lemme e Wilson Menezes, Jacy Pereira Lima – o Jacy Barbudo, Elza Sauerbronn, o médico Irun Santana, Irene e Rubem Guawer Wanderley, ela vereadora e ele engenheiro construtor. Com a diáspora da tragédia de 1964, foram residir na Bolívia.
Tive oportunidade de ir uma única vez à casa de Dr. Paulo. Eu era forasteira, adventícia, recém-chegada a Niterói. Fui na companhia do engenheiro Roberto Botelho Salles, filho do médico campista Dr. Walter Salles e de Dona Jacy, pessoas que Affonsinho conheceu muito. Enfim, expressões libertárias da cidade de Campos.
Pouco retive da reunião a que compareci: a primeira vez que vi o nosso pintor. Miguel era de uma visibilidade imensa, parecia personagem central do movimento da casa de Dr. Paulo.
Aproveito a oportunidade para fazer um agradecimento. Cheguei aqui em 1962 e posso dizer que entrei pela porta da esquerda. Tive sorte e olhos para ver. Na primeira hora, conheci Roberto e Affonsinho. Roberto me apresentou a Pimentel que, por sua vez, me apresentou à cidade e consolidou minha paixão por Niterói.
Conheci Lou, então destacada jornalista na imprensa do Rio, simpática, delicada, afável. E prima de Noel Rosa. Sem ter sido sua aluna, fui interlocutora privilegiada da teatróloga Maria Jacintha, o que me enchia de orgulho. Muito mais tarde, aproximei-me de Maria Felisberta. Nunca me filiei ao PCB. Ninguém acredita, porque assimilei suas formas de pensamento e militância.
Só que o “Mundo Livre” venceu o “Império do Mal”. Nos marcos da Guerra Fria, caiu a longa noite de 1964, a maior decepção de minha vida.
Miguel não perdeu a capacidade de instigar. O crítico Walmir Ayala promoveu uma exposição em Ipanema, com doze pintores. Cada um deveria expressar a sua concepção de Cristo. Miguel se inspirou no atleta Paulo César Lima que, aderindo à onda black-power de rebeldia dos negros norte-americanos fora apedrejado na Zona Sul, por estar com carro da moda e namorada loura.
Pintou uma tela agressiva, em que Paulo César ocupava o lugar de Cristo na cruz. A censura proibiu sua entrada na galeria. Viu o famoso Guima e outros artistas retirarem seus quadros e a exposição se realizou na calçada. A tela foi adquirida pela senhora Georgete Tauil Rodrigues que, com sua sensibilidade, captou o significado do episódio, naqueles anos de chumbo.

Foi na Livraria Diálogo, de Aníbal Bragança, Carlos Alberto Jorge e Renato – a primeira livraria de envergadura de Niterói – na rua Visconde de Moraes, que, em 1966, conversei com Miguel. Tempo da passeata dos Cem Mil. Miguel ilustrou o livro “O Menino de Belém”, do poeta César Araújo, movido pela morte do estudante paraense Edson Luís, no restaurante “Calabouço”, da Universidade do Brasil, hoje UFRJ. E expunha na “Diálogo” no exato momento do Ato Institucional n° 5, em dezembro de 1968. Como ocorreu com todos os espaços da inteligência, lacraram a livraria e prenderam Aníbal. Os quadros foram retidos, inclusive a “Bandinha de Música”, tela preferida de Ludmila, ainda muito pequena.
(...)

Para ler o texto completo, acesse os "Arquivos" do e-Grupo Cultura Letrada:
http://groups.google.com/group/cultura-letrada

Alcione acaba de nos deixar órfãos de sua presença e sua amizade. Seu corpo está sendo velado e será enterrado amanhã, dia 9 de outubro, no Cemitério Parque da Colina, em Niterói, às 12h. Deixa-nos uma presença indelével, na vida política e cultural da cidade, e na memória: uma guerreira doce e fraterna combatendo ao lado dos que sonharam (e sonham?) com um mundo melhor.

domingo, 7 de outubro de 2007

Um ensaio filosófico a partir dos haicais de Luís Antônio Pimentel





(...)
A introdução da cultura ocidental no Oriente foi responsável por alterações na perspectiva de seus povos. No Japão, a presença da cultura ocidental-européia é registrada desde os séculos XVI e XVII. Enquanto doutrina possuidora de uma perspectiva, o cristianismo se consolidava principalmente entre a população camponesa até sua violenta repressão e seguida proibição no auge da dinastia dos Tokugawa (1616-1868). Essa deu início a um período de isolacionismo cultural, por um lado fecundo ao campo do pensamento e das artes nativas, de modo a falar-se de um renascimento daquela cultura e da superação do modelo cultural chinês, vigente desde o século IV. d.C.

Nesse período, vemos o cultivo do haicai com autores como Busson, Kobayashi e Issa. Entre esses, o último tornou-se, em sua época, mais conhecido do que o próprio Bashô ao introduzir inovações ao haicai. Não se tem notícia de que Issa tenha tido contato com a cultura judaico-cristã, mas constatam-se algumas características de seus poemas que o aproximam dessa e o distanciam do modo canônico de se fazer haicai.

Perspectiva recrudescida sob a Era Meiji (1868-1912), na qual se abriu a cultura à influência dos ocidentais deixando que o mundo europeu (representado nas artes pelo romantismo, simbolismo e impressionismo) infiltrasse o pensar japonês.

O contato com o mundo ocidental apresentou necessidades que até então o japonês não tinha. Promoveu a urgência de desenvolver vocabulário e gramática para dizer o que era experiência completamente exótica àquele. Nesse período, vê-se nas universidades européias, sobretudo nas de Letras e de Filosofia, grande procura de acadêmicos japoneses ávidos de tomar conhecimento daquele modo de pensar que não se contenta com a imediatez da coisa e se lança ao perscrutar a realidade-verdade.

Doravante, a distinção entre Ocidente e Oriente passaria a não ser mais uma convenção geográfica das fronteiras entre os hemisférios do globo, Ocidente passa a ser a denominação de
uma visão de mundo que acomete outra e que faz com que encontremos também na segunda a preocupação em pensar o universal de todas as coisas. Essa preocupação parece refletir no
Oriente quando presenciamos questionamentos formulados no interior de haicais, como Pimentel evoca:

Que é um haicai?
É o cintilar das estrelas
num pingo de orvalho.
(...)

O livro Verdade-Metafísica-Poesia – Um ensaio de filosofia a partir dos haicais de Luís Antônio Pimentel, do qual retiramos o excerto acima, é de Roberto Kahlmeyer-Mertens, professor universitário, doutorando em Filosofia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Kahlmeyer-Mertens escreveu um ensaio filosófico, denso, profundo, mas claro e leve, que, a partir da análise da poesia haicai de Luís Antônio Pimentel, aponta para as hibridizações entre as culturas ocidental e oriental. Leitura muito agradável e enriquecedora que recomendamos aos nossos raros leitores.

A obra, editado pela NitPress http://nitpress.tripod.com/ , foi lançada na Bienal Internacional do Livro, do Rio de Janeiro, em 22/09/2007, com mesa-redonda composta por este neoblogueiro, o próprio autor e Luís Antônio Pimentel. O evento se deu na ilha Letras de Niterói, organizada por vários editores da antiga capital fluminense.

Para ver imagens do lançamento, acesse o álbum de fotos (endereço abaixo):
http://picasaweb.google.com/anibalbraganca/BienalInternacionalDoLivroRioDeJaneiroLanAmentoLivroDeRobertoKahlmeyer
O escritor fluminense Luís Antônio Pimentel viveu no Japão de 1937 a 1942, onde teve publicado, no idioma japonês, o livro Namida no Kito (Prece em lágrimas), em 1940, a primeira obra poética de autor brasileiro editada no país do sol nascente. Para saber mais dessa edição e conhecer sua obra literária, sugerimos consultar Contos do velho Nipon, 12 dias com Leviana, Tankas e Haicais, o volume 2 das Obras Reunidas de Luís Antônio Pimentel, organizadas por este neoblogueiro, e publicadas pela Niterói Livros [livros@culturaniteroi.com.br ], em 2004, onde se incluiu uma edição parcial, fac-similar, ilustrada, acompanhada de versão em português, hoje desaparecida, de alguns dos seus belos poemas de Namida no Kito, além do hoje clássico Tankas e Haicais, originalmente publicado em 1953. O volume inclui estudos da poética de Pimentel por Sonia Regina Longhi Ninomiya, Lúcia Teixeira, Cyana Leahy e Luiz Fernando Medeiros de Carvalho, além da apresentação deste neoblogueiro.

sábado, 6 de outubro de 2007

Arthur Arezio da Fonseca, baiano, tipógrafo notável, autor do primeiro dicionário de artes gráficas da língua portuguesa

No Dicionário de Tipógrafos e Litógrafos Famosos, de Rui Canaveira, o verbete sobre o grande tipógrafo baiano Arthur Arezio da Fonseca (1873-1940), oferece-nos informações básicas da sua trajetória:

FONSECA, ARTHUR AREZIO da – Tipógrafo brasileiro nascido na Bahia a 10 de junho de 1873, considerado um dos mais importantes do seu tempo no Brasil, e que foi também escritor e editor. Ingressou como aprendiz de tipógrafo nas oficinas do Jornal de Notícias em setembro de 1887, foi paginador da Gazeta de Notícias em 1896, paginador e administrador de A Bahia até junho de 1898, chapista nas oficinas da Tipografia Baiana e de Vicente de Oliveira Botas, onde aprendeu a arte da litografia, paginador do Correio de Notícias em 1889, do Diário da Bahia em 1902, do Diário de Notícias em 1903, donde saiu para em 1905 abrir a Gazeta do Povo. Em 1907 criou, de parceria com António Josué Carvalho, a Oficina Xilo-tipográfica Arezio & Carvalho que fecharia em 1912 para dirigir a instalação da Imprensa Oficial do Estado de que foi depois administrador técnico, a partir de novembro de 1915. Foi membro de várias instituições profissionais e culturais, tendo ingressado na Associação Typographica Bahiana em 1902. Criou e foi o primeiro editor do Boletim Graphico entre 1916 e 1917. Pertenceu à direção do Liceu de Artes e Ofícios nas décadas de 1920 e 1930.
Escreveu cinco livros sobre a arte tipográfica. O primeiro, Serões typographicos foi publicado em 1905 e é uma colectânea dos artigos que escreveu entre 1902 e 1903 para a Revista da Associação Typographica Bahiana. O segundo livro saíu em 1907 e tem o título de Esboço typográfico, possuindo ilustrações do próprio Arthur Arezio da Fonseca, impressas com xilogravuras abertas em casca de cajazeira. Trata da história da imprensa e de vários temas afins com as Artes Gráficas. O terceiro livro, de 1916, impresso pela Imprensa Oficial do Estado, tem o título Machinas de compor e nele se descreve a evolução da composição mecânica e se alertam os compositores manuais para aprenderem a usar o novo equipamento de composição. A quarta obra do tipógrafo brasileiro chama-se Revisão de provas typographicas e saíu em 1925, tendo sido muito usado por todos quantos queriam abraçar a profissão de revisor. O último livro de Arthur Arezio é o Diccionario de termos graphicos, publicado pela Imprensa Oficial do Estado em 1936, na Bahia. É considerado o primeiro dicionário para artes gráficas em língua portuguesa, e o autor foi premiado em 1938, com o Prémio Caminhoá, por causa deste seu dicionário. Escreveu mais quatro livros inéditos segundo dados biográficos organizados por seu filho, não se sabendo onde param os originais. Esses livros são, de que existem três folhas do rascunho, O Formato dos Livros, de que existem três capítulos, Branco + Negro e Cálculos typographicos. Arthur Arezio da Fonseca faleceu em 16 de Julho de 1940.

Rui Canaveira, pesquisador português, membro da American Printing History Association e da Historical Printing Society de Londres, é autor dos livros História das Artes Gráficas, I, II e III volumes, Como Criar uma Empresa Gráfica e Transformadora do Papel, e. dentre outros, do Dicionário de Tipógrafos e Litógrafos Famosos, do qual retiramos o verbete acima, que está disponível nos arquivos do e-Grupo Cultura Letrada http://groups.google.com/group/cultura-letrada .

Pequena biografia de Rui Canaveira encontra-se no sítio do IPTS - Instituto Português de Tecnologias e Serigrafia http://www.iptshome.org .

Para se obter mais informações sobre a obra de Arthur Arezio, rara ou raro leitor, será necessário conhecer os trabalhos do jornalista e professor Luís Guilherme Pontes Tavares editor@alba.ba.gov.br , também nascido na Bahia, que a ela dedicou muitos anos de pesquisa, tendo publicado vários artigos e também sua tese de doutorado em História, defendida em 2000, na Universidade de São Paulo (USP), editada com o título Nome para compor em caixa alta: ARTHUR AREZIO DA FONSECA, ISBN 85-99366-01-7, na Coleção Cipriano Barata, pela Empresa Gráfica da Bahia, com apoio do Governo da Bahia e do Núcleo de Estudos da História dos Impressos da Bahia.