terça-feira, 9 de outubro de 2007

Marcus de Moraes, in memorian

Foi sepultado hoje no Cemitério do Marui, em Niterói, Marcus Felicius Ayrosa Fernandino de Moraes, brilhante advogado e ser humano exemplar. Dele guardo, em especial, a convivência fraterna no período em que estivemos juntos servindo a um projeto político na Prefeitura Municipal de Niterói. Dessa convivência, saí com a certeza que há homens capazes de fazer política sem se deixar corromper. Marcus de Moraes foi um desses homens raros. Seu saber, dignidade e elegante discrição eram um exemplo para todos nós, seus amigos e admiradores. Niterói, a política fluminense e o saber jurídico sofrem uma grande perda. Perco eu uma das referências e um gentil amigo. Duras perdas, hoje.

Em 1963, Marcus de Moraes publicou este soneto:

A Ela

Dourado pomo de passada infância,
amor medroso de querer demais,
meu caminho perdido na distância
que o retorno do tempo não refaz.

Desejo de viver como a fragrância,
trespassado de sol, de luz, de paz.
Revérbero de rubra rutilância
que o retorno do tempo hoje me traz.

Beijos de luz de minha meninice,
aurora de esperanças que se abrisse
em claridade mística de cor,

no chão que piso há catassóis esparsos,
iluminuras dos teus olhos garsos,
desejos novos do teu velho amor!

In 37 poetas fluminenses, 1963, p. 150.


MARCUS DE MORAES (16/07/1929-8/10/2007), poeta, jornalista, advogado, nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de julho de 1929. Passou sua infância em Cachoeiras de Macacu. Em 1944, radicou-se em Niterói, onde estudou no Colégio Brasil, Colégio Plínio Leite e na Faculdade de Direito de Niterói, onde se formou em 1953. Foi orador de quase todas as turmas e agremiações a que pertenceu, inclusive, da antiga Associação Fluminense de Estudantes. Assinou, durante algum tempo, “A Coluna do Trabalhador”, no jornal Diário do Povo, de Niterói, colaborou no O Gládio, jornal da faculdade, e nos jornais Hoje e Diário Fluminense, neste como colunista diário, em 1961. Tem trabalhos poéticos publicados em revistas e jornais e no livro 37 Poetas Fluminenses, de 1963, Edições Letras Fluminenses (Niterói-RJ), com prefácio de Lyad de Almeida e capa de Luís Antônio Pimentel. Publicou Almenaras, uma seleção de poemas produzidos até 1963, e deixa inédito um outro livro de poemas, De sonhar, ao menos.

Membro da Academia Fluminense de Letras. Foi advogado do BNDES e procurador do então Estado da Guanabara. Amigo do governador Leonel de Moura Brizola, foi advogado do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Exerceu vários cargos públicos, dentre eles o de Procurador Geral do município de Niterói e também no município do Rio de Janeiro. Recentemente publicou uma obra jurídica.

Fonte principal: Enciclopédia de Niterói, de Luís Antônio Pimentel, Obras Reunidas 1, organização de Aníbal Bragança, Niterói Livros, 2004, p. 208-9.

Um comentário:

Marisa Porto disse...

Só agora entrei vi este post e fiquei emocionada.
O Marcus era muito amigo do meu pai e eu desde pequena gostava muito dele e o chamava de "tio Marcus".
É uma grande perda em todos os sentidos, um querido que vai fazer muita falta.
Marisa Porto