O livro e a América
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Por uma fatalidade
Dessas que descem de além,
O séc’lo, que viu Colombo,
Viu Gutenberg também.
Quando no tosco estaleiro
Da Alemanha o velho obreiro
A ave da imprensa gerou...
O Genovês salta os mares...
Busca um ninho entre os palmares
E a pátria da imprensa achou...
Por isso na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto –
As almas buscam beber...
Oh! bendito o que semeia
Livros... livros à mão-cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n’alma
É gérmen – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar.
Vós, que o templo das idéias
Largo – abris às multidões,
Pra o batismo luminoso
Das grandes revoluções.
Agora que o trem de ferro
Acorda o tigre no cerro
E espanta os caboclos nus,
Fazei desse “rei dos ventos”
– Ginete dos pensamentos.
– Arauto da grande luz!...
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Fragmento de Espumas flutuantes [1870]
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Indagações:
Entre as esperanças de uma época, do canto de Castro Alves, e o momento atual de Henrique Chaudon, de retorno à sabedoria da natureza e a um amor silencioso e terno pelos livros, que se passou?
Por que o trem de ferro – “que espanta os caboclos nus” – não foi acompanhado pelo “ginete dos pensamentos”, "arauto da grande luz"? Ou foi?
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