sexta-feira, 13 de abril de 2007

Professores recebem vale para comprar livros. Enfim!

A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou hoje que a partir da próxima semana, 29.763 professores lotados na Secretaria Municipal de Educação receberão um vale especial, no valor unitário de R$ 50, para a compra de livros do seu interesse. Para facilitar, o vale-livro será entregue no local onde o beneficiário estiver lotado, podendo ser nas escolas, Coordenadorias Regionais de Educação ou na sede da Secretaria, no Centro Administrativo. A distribuição do vale será feita por CPF, de modo a não haver duplicidade na concessão do benefício.
Fonte: http://www.rio.rj.gov.br/

Sem dúvida, é uma ótima notícia. É ainda muito pouco diante do que se poderia fazer em favor da atualização dos professores e do desenvolvimento da indústria editorial e das práticas de leitura com ações como esta de financiamento direto ao (presumido) interessado. Não se pode exigir que um professor com o salário que percebe possa comprar livros... embora haja quem o faça, sim.

É pouco, inclusive, porque esse vale é para ser gasto em até 180 dias, quando se supõe que um professor tenha que comprar ao menos um livro por mês da sua área de atuação. Mas é um começo. Quem sabe as outras Prefeituras e, especialmente, o Ministério da Educação não percebe o quanto poderia fazer em favor do ensino, do livro, da leitura e do professor, de todos os níveis, fazendo o mesmo, só que com um vale mensal?

Os índices de leitura no Brasil são dos mais baixos do mundo e continuaremos com indicadores vergonhosos em quase tudo na área educacional (há as honrosas exceções sempre) quando comparados com outros países da América Latina - não falemos dos chamados países desenvolvidos - enquanto não houver políticas concretas em favor do livro, da leitura e das bibliotecas. E também do desenvolvimento da educação, em geral. Enquanto continuarmos com os mais baixos índices de alunos que completam um curso superior, daqueles que entram na escola, comparados com outros países vizinhos, não dá pra ter muita esperança.

Para isso a prioridade do governo teria que mudar, obviamente: ao invés do (chamado pelos banqueiros e especuladores, de dentro e de fora do governo) "superavit primário" (para que sobre muuuuuuito dinheiro para eles, sob diversos disfarces, e a salvo da chamada "responsabilidade fiscal") a prioridade deverá ser o desenvolvimento social, educacional e científico brasileiro. Aí teríamos também o desenvolvimento econômico que tanta falta faz ao país, inclusive, para atender aos milhares de jovens que chegam a cada ano ao mercado de trabalho e não encontram emprego.

Só assim poderemos sair de onde estamos - uma ilha cada vez menor de muito ricos, uma classe média que se empobrece, extremamente onerada pela política fiscal às avessas, que penaliza os salários, praticada pelo Estado brasileiro, e uma planície imensa de pobreza, fome, miséria e marginalidade. Sem futuro.

E viva o povo brasileiro que resiste das formas que pode e com a criatividade que tem a essa catástrofe social que vem sofrendo há décadas e continua a sofrer, hoje.

Parabéns, prefeito!

Para quem chegou até aqui na leitura, é necessário dizer que o dito acima é uma simplificação de algo muito complexo. Mas há coisas que se devem dizer no essencial, ou não se conseguem dizer.
E você, rara leitora ou leitor, o que acha? Faça o seu comentário.

Nenhum comentário: