Segundo nos lembra o sítio do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas:
O "Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor" é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, em 23 de abril, dia de São Jorge. Esta data foi escolhida para honrar a velha tradição catalã segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas uma rosa vermelha de São Jorge (Saint Jordi) e recebem em troca, um livro. Simultaneamente, é prestada homenagem à obra de grandes escritores, como Shakespeare e Cervantes, falecidos em 1616, exatamente a 23 de abril.
Partilhar livros e flores é prolongar uma longa cadeia de alegria e cultura, de saber e paixão.
Fonte: http://www.iplb.pt/pls/diplb/!get_page?id=636&xcode=2476693&type=D
Nós queremos neste dia compartilhar com você, rara ou raro leitor, uma bela poesia de Mário Benedetti. Não iremos referir por que em nosso país não se marcam datas como esta em favor de maior difusão da leitura e do livro, não.
Vamos apenas tentar prolongar nossa cadeia de cumplicidades, 'de saber e paixão', com um sabor hispânico, vindo de nosso vizinho Uruguai, em homenagem à tradição catalã.
El autor no lo hizo para mí
Mario Benedetti
El autor no lo hizo para mí / yo tampoco
lo leo para él / yo y el libro
nos precisamos mutuamente / somos
una pareja despareja /
el libro tiene ojos tacto olfato
hace preguntas y hace señas
puede ser una esponja que me absorbe
o un interlocutor vacío de prejuicios
el libro y yo tenemos un pasado
en común / con frutales seducciones
yo a veces le confisco a madame bovary
u él me despoja de ana karenina /
si nos empalagamos de esos amores yertos
ya somos otros y nos reconciliamos
el libro me provoca / me arranca confesiones
y yo le escribo notas en los márgenes
es una relación casi incestuosa
nos conocemos tanto que no nos aburrimos
él me describe cielos incendiados
y yo se los extingo con lágrimas marinas
no lo hizo para mí / ¿será por eso
que el rostro no me importa? / es un enigma /
yo sólo quiero descifrar el libro
y quedarme en su vida hasta mañana
Fonte: Mario Benedetti, El olvido está lleno de memoria. Buenos Aires: Sudamericana, 2000, p. 78.
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Um comentário:
Obrigada por não esquecer de publicar este poema!
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