segunda-feira, 30 de abril de 2007

Herbert Marshall McLuhan (1911-1980) e a expressão total do ser


A aspiração de nosso tempo pela totalidade, pela empatia e pela conscientização profunda é um corolário natural da tecnologia elétrica. A idade da indústria mecânica que nos precedeu encontrou seu modo natural de expressão na afirmação veemente da perspectiva particular. Todas as culturas possuem seus modelos favoritos de percepção e conhecimento, que elas buscam aplicar a tudo e a todos. Uma das características de nosso tempo é a rebelião contra os padrões impostos. Como que subitamente, passamos a ansiar por que as pessoas e as coisas explicitem seus seres totalmente. Nesta nova atitude há uma profunda fé a ser procurada – uma fé que se refere à harmonia última de todo ser. E é com esta fé que este livro foi escrito.

Trecho de Marshahll McLuhan, no Prefácio a sua obra Os meios de comunicação como extensões do homem, publicado originalmente – Understanding media: the extensions of man – em 1964 e no Brasil, com tradução de Décio Pignatari, em 1969, pela Cultrix, de S. Paulo, p. 20.

Contrariamente à situação presente na época, de refração a seu nome na academia, no final dos anos 1980 começamos a trabalhar e a colocar em discussão com nossos alunos os textos e o pensamento do comunicólogo canadense, com resultados então não muito animadores.

Hoje, McLuhan retomou seu lugar como um dos principais pensadores do século XX e dos que melhor compreenderam a importância do desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação para formação da cultura contemporânea. O trecho acima que propomos à discussão com você, rara ou raro leitor, aponta para a relação entre o desenvolvimento dessas tecnologias e as formas de percepção e de conhecimento vigentes, assim como de comportamentos hoje hegemônicos. Quando o canadense escreveu a obra antecipou muita coisa. Podemos pensar aqui, no maio de 1968 na França e nas rebeldias que ocorreram no mundo todo, inclusive no Brasil. E será que ele poderá ter previsto a explosão dos blogs como forma de contribuir para a expressão pessoal total do modo de ser?

Pretendemos voltar aos textos de McLuhan para dialogar com você. Seu comentário será bem-vindo.

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