sábado, 10 de maio de 2008

Ler, escrever e contar, de Manoel de Andrade Figueiredo (1670-1735)


A imagem acima foi copiada do excelente livro de Rubens Borba de Moraes, Bibliografia Brasileira do Período Colonial, publicado pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP, com 437 páginas - apesar de tudo os autores nascidos no Brasil, mesmo com as conhecidas dificuldades, publicaram mais do que se pensa antes da implantação da Impressão Régia no Rio de Janeiro, em 1808 - no verbete que registra a obra de Manoel de Andrade Figueiredo, nascido no Espírito Santo, quando seu pai era governador da Capitania, que se tornou mestre-escola em Lisboa, onde viria a falecer.
O livro de Figueiredo, oferecido ao rei D. João V, tinha o título Nova Escola para aprender a Ler, Escrever e Contar, e foi impresso na Oficina de Bernardo da Costa Carvalho, na capital, presumivelmente no ano de 1722, com 156 p. de texto, mais 44 gravuras, sendo considerado o "o primeiro livro no gênero" que se publicou em Portugal.


Segundo Rubens Borba de Moraes, "a Nova Escola é, como indica o título, uma cartilha para aprender a ler, escrever e contar. O que torna o livro famoso e procurado até hoje é o estilo de caligrafia criado por Figueiredo representado nas numerosas pranchas gravadas que enfeitam e ilustram a obra". A frase no cimo da imagem diz "O exercício, e Louvor das Letras, que o mundo acclama tem na nobreza o melhor berço, a que ilustra a fama, por mais sagrado esplendor".

PS.: A edição do IEB-USP foi publicada em 1969, quando o historiador Sérgio Buarque de Holanda era o Chefe do Setor de Pesquisas do Instituto, e só foi possível como se afirma no intróito, graças à "doação de NCr$ 20.000,00 feita por Francisco (Chico) Buarque de Holanda". E não havia ainda Lei Rouanet! Viva Chico!

4 comentários:

Gracinda Rosa disse...

Aníbal
Nesta manhã solitária de Dia das Mães (só verei meu filho à tarde), faço minha usual visita ao seu Blog, onde sempre colho alimentos para a minha faminta alma. Para falar nos mais recentes, ali está a notícia de um livro de Manoel de Andrade Figueiredo, publicado antes da nossa Imprensa Régia, com ilustrações e caligrafia bem elaboradas, confirmando que o amor ao livro é coisa bem antiga. Uma bonita página, em homenagem ao nosso Artur da Távola, que se vai mas deixa em livros as marcas de sua fecunda atuação nas letras, é igualmente significativa e oportuna. Lembrar Geir Campos, que já se foi... Alegria pelos 70 anos do jornalista Jourdan Amóra... Tudo isso enriquece a vida de quem ama as letras. Sou grata pelos bons momentos que seu Blog nos proporciona. Um abraço da Gracinda.

Aníbal Bragança disse...

Cara Gracinda,
que este dia esteja sendo pra você um dia muito feliz.
Seu comentário é um grande estímulo neste intercâmbio de idéias e sentimentos em torno do ler, escrever e contar.
Um carinhoso abraço,
Aníbal

Roberto Marques disse...

Prezado Aníbal,

Fazendo uma busca na internet sobre a nacionalidade do calígrafo Manoel de Andrade de Figueiredo, encontrei seu blog que veio confirmar a informação que tinha da página "Gramatologia" de Amir Cadôr. Foi uma confirmação que esperava encontrar, pois nos arquivos disponíveis na Biblioca Nacional de Portugal, não vi (ou não achei) a nacionalidade deste personagem que poderia ser elevado a uma categoria superior dentro da nossa arte gráfica, caligráfica e por que não, tipográfica.

Um grande abraço e continue a nos oferecer
preciosas informações sobre a cultura em nosso país.

Roberto Marques

Anônimo disse...

Manuel de Andrade Figueiredo era filho de Governador do Espírito Santo[ então Capitania] , aonde nascera. Ainda jovem fora estudar em Portugal, paías em que tivera larga atuação jesuítica.(Marcos Tavares)