terça-feira, 6 de maio de 2008

A arte de fazer livros

O design de livros não é um campo para aqueles que querem “inventar o estilo do dia” ou criar alguma coisa “nova”. No sentido estrito da palavra, não pode haver nada de “novo” na tipografia de livro. Embora amplamente esquecidos nos dias de hoje, têm sido desenvolvidos ao longo dos séculos métodos e regras que não são suscetíveis de qualquer melhora. Para produzir livros perfeitos, essas regras devem ser ressuscitadas e aplicadas.
Jan Tschichold


Todos gostamos dos antigos impressores. Eles faziam coisas tão bonitas antes de nós que não conseguimos deixar de voltar atrás e tentar introduzir um pouco de suas qualidades nas coisas que fazemos. Todos nós temos o nosso momento favorito na história da impressão e ninguém consegue fugir da tentação de fazer seus designs no estilo da época preferida. Mas, se temos de fazer o design de nossos livros – nossas edições comerciais de hoje – numa base funcional – se o texto é apresentado para ser lido agora, este ano, temos de pôr de lado esses amores antigos. Nosso design é contemporâneo. Não pode deixar de sê-lo. Não se pode copiar e repetir com sucesso nem mesmo a mais bela tipografia de outra época – porque não se viveu naquela época.
W. A. Dwiggins


Pode-se definir a tipografia como a arte de dispor corretamente materiais impressos de acordo com a finalidade específica de, ao dispor dessa maneira as letras, distribuir o espaço e controlar o tipo de forma a ajudar ao máximo o leitor a compreender o texto. A tipografia é um meio eficaz de chegar a um fim essencialmente utilitário e apenas acidentalmente estético, visto que o objetivo principal do leitor raramente é satisfazer-se com a norma. Por conseguinte, qualquer arranjo de material impresso que, qualquer que seja a intenção, produza o efeito de colocar-se entre o autor e o leitor está errada. Segue-se então que, na impressão de livros, que supostamente são para ser lidos, há pouco lugar para a tipografia “brilhante”. Mesmo a chatice e a monotonia são para o leitor defeitos muito menores na composição do que uma tipografia excêntrica e jocosa. Artifícios desse tipo são desejáveis, até mesmo essenciais, na tipografia de propaganda, seja comercial, política ou religiosa, porque em impressos como esses somente o mais moderno sobrevive à falta de atenção. No entanto, a tipografia de livros, além da categoria de edições muito limitadas, exige uma obediência à convenção que é quase absoluta – e com razão.
Stanley Morison

Está provado, um livro muito difícil de ler é inútil. Mas achar que a impressão deve servir apenas à função de legibilidade é o mesmo que dizer que a única função da roupa é cobrir a nudez, ou que o único uso da arquitetura é fornecer abrigo. Tais posturas são obviamente inaceitáveis, impossíveis de pôr em prática, e só podem causar a esterilidade e a morte... [Isso] nega nossa época particular e reconhece nossa pobreza de invenção e de espírito.
Marle Armitage


Estes e outros excertos preciosos para nossa reflexão sobre a arte de fazer livros foram reunidos por um brilhante editor, Plínio Martins Filho, no pequeno grande livro A arte invisível, publicado pela Ateliê Editorial, de S. Paulo, em 2003.
Saiba mais:
http://www.atelie.com.br/

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