quinta-feira, 3 de maio de 2007

A técnica do escritor em treze teses, segundo Walter Benjamin, 2a. parte

Complementando o texto das 13 teses, cuja primeira parte foi postada dias atrás:

VII. Jamais deixe de escrever porque nada mais lhe ocorre. É um mandamento da honra literária só interromper quando um prazo (uma refeição, um encontro marcado) deve ser observado ou a obra está terminada.

VIII. Preencha a suspensão da inspiração passando a limpo o realizado. Com isso a intuição despertará.

IX. Nulla dies sine linea – mas talvez semanas.

X. Nunca considere como perfeita uma obra sobre a qual não se sentou uma vez desde a noite até o dia claro.

XI. Não escreva a conclusão da obra no local de trabalho habitual. Nele você não encontraria a coragem para isso.

XII. Graus da composição: pensamento – estilo – escrita. O sentido de passar a limpo é que, em sua fixação, a atenção diz respeito somente à caligrafia. O pensamento mata a inspiração, o estilo acorrenta o pensamento, a escrita remunera o estilo.

XIII. A obra é a máscara mortuária da concepção.

In Rua de mão única. Obras escolhidas, v. 2. Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho e José Carlos Martins Barbosa. S. Paulo: Brasiliense, 1987, p. 31.
www.editorabrasiliense.com.br

Cynthia, para quem, em especial, vai esta postagem,
confesso que a tese X foi um estímulo e um desafio para este modesto escriba em alguns de seus trabalhos publicados. Mesmo que o objetivo não fosse a perfeição, mas sua busca. Em geral, vã. Mas a consciência ficava mais tranqüila. Também já segui as recomendações das teses VIII e III (escrevi artigos ao som - alto e bom - de Santana!).

Quem sabe a você possam também ser úteis? Procure já o seu bem-estar e permita-se.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Aníbal,
Obrigada! Por enquanto meu espaço de "permissão" (ou será de "remissão"?) ainda é quase que só aqui no blog, mas ao menos alimenta o gosto e a alma. É sempre um privilégio deixar-me guiar assim... Abraço carinhoso!