sábado, 22 de março de 2008
Fidelino de Figueiredo (1888-1967): “Philosophias dum editor” [sobre um livro de Bernard Grasset]
Nos últimos meses, caro leitor, um grupo privilegiado de amigos do livreiro Carlos Mônaco, no qual nos incluímos, tem tido a oportunidade de garimpar o acervo extraordinário da biblioteca do saudoso médico e poeta Miguel Freitas Pereira, em Niterói, e assim descobrir preciosidades bibliográficas.
Algumas vezes são apenas modestos volumes que guardam textos pouco conhecidos, à espera de quem os resgate de seu sono. Tal é o caso do artigo em referência, de Fidelino de Figueiredo, notável crítico e historiador da literatura, que deu importante contribuição ao desenvolvimento dessas disciplinas em Portugal e no Brasil, onde foi professor da Universidade de São Paulo.
Na dedicatória do livro que faz a sua mulher, o Autor afirma: "(...) O pae de Jupiter concedeu-me a graça de se interessar por alguns dos meus problemas e das minhas duvidas sobre o nosso tempo e até sobre a ethica da servidão litteraria. Os seus juizos, um pouco ambiguos como linguagem de oraculo e com uma travação logica pouco de accordo com as nossas paixões vãs e os nossos enganosos interesses, traduzidos nos lugares communs de hoje, formaram este pobre caderno de notas. (...)"
O artigo, talvez uma resenha crítica do livro La chose littérarie, do editor francês, Bernard Grasset (1881-1955), o que publicou a primeira edição, por conta do autor, Du côté de chez Swan, de Marcel Proust, em 1913, aponta as mudanças que então se operavam no mundo do livro, com o surgimento do editor-empresário e o lugar central que passa a ocupar na vida literária, o que, para Figueiredo, apontaria para o que chama "servidão literária" dos autores, aos quais conclama a fazer uma "rebelião da pena".
O texto de Fidelino, por sua aguda observação da cultura letrada de seu tempo, aqui mantido em sua ortografia original, merece ser lido e discutido como um documento da história editorial. É o convite-desafio que lhe fazemos, raro e querido leitor.
Sobre as intimidades da vida litteraria, as suas grandezas e as suas servidões, a sua ethica e a sua funcção e até a sua bohemia de romanticas sobrevivencias, muitos auctores teem feito o seu depoimento, mesmo aqui em Hespanha, onde escrevo. Em forma de ficção ou em ensaios criticos, possuimos as reflexões agudas sobre esse duro mistér, de Palacio Valdés, Valle-Inclan, Salaverria, Araujo Costa, Carretero, Carrere e Gomez de la Serna. Mas o aspecto editorial desse mistér, o seu conteúdo industrial, que se relaciona menos com a inspiração interior dos artistas do que com as sollicitações e curiosidades actuaes do publico, não será tambem parte integrante do phenomeno litterario, que, sendo individualissimo no ponto de partida, visa á communicação, a uma grande emoção commum? Sem duvida, principalmente nos tempos modernos, em que vamos caminhando para um derramamento cada vez maior da cultura, mais ainda depois da guerra, porque desta guerra ficou uma curiosidade sempre desperta e insaciavel, que nasceu da avidez diaria do communicado militar, mas que, sobrevivendo á guerra, ampliou consideravelmente a massa de leitores.
Foi então que intervieram os editores, com seu sentido de opportunidade e com a transformação da sua technica – affirma Bernard Grasset, conhecido livreiro francês.
Para explicar o novo conceito do seu officio e a sua ampla influencia cultural, Grasset publicou em Le Journal uma serie de artigos, que reunidos no volume recente La chose littéraire continuam a impressionar, a escandalisar quase pela audacia dos seus pontos de vista. É esse depoimento uma contribuição para o processo de interpretação do phenomeno litterario.
Essa obra só poderia sahir em França. Supponho que só um editor francês disporia da flexibilidade de espirito, do gosto, da afoiteza um pouco cynica, para nos cozinhar, guizar e servir um tal punhado de opiniões pittorescas, que formam toda uma concepção nova da profissão editorial.
Para ler o texto na íntegra acesse os Arquivos do E-Grupo Cultura Letrada, em
http://groups.google.com/group/cultura-letrada/files
Leia mais:
Sobre a trajetória e a contribuição de Fidelino de Figueiredo na origem dos estudos de Literatura Portuguesa no Brasil:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141994000300055&script=sci_arttext
Outros dados biográficos de Fidelino de Figueiredo:
http://www.iel.unicamp.br/cedae/Exposicoes/Expo_JSena/figueiredo.html
Algumas vezes são apenas modestos volumes que guardam textos pouco conhecidos, à espera de quem os resgate de seu sono. Tal é o caso do artigo em referência, de Fidelino de Figueiredo, notável crítico e historiador da literatura, que deu importante contribuição ao desenvolvimento dessas disciplinas em Portugal e no Brasil, onde foi professor da Universidade de São Paulo.
Na dedicatória do livro que faz a sua mulher, o Autor afirma: "(...) O pae de Jupiter concedeu-me a graça de se interessar por alguns dos meus problemas e das minhas duvidas sobre o nosso tempo e até sobre a ethica da servidão litteraria. Os seus juizos, um pouco ambiguos como linguagem de oraculo e com uma travação logica pouco de accordo com as nossas paixões vãs e os nossos enganosos interesses, traduzidos nos lugares communs de hoje, formaram este pobre caderno de notas. (...)"
O artigo, talvez uma resenha crítica do livro La chose littérarie, do editor francês, Bernard Grasset (1881-1955), o que publicou a primeira edição, por conta do autor, Du côté de chez Swan, de Marcel Proust, em 1913, aponta as mudanças que então se operavam no mundo do livro, com o surgimento do editor-empresário e o lugar central que passa a ocupar na vida literária, o que, para Figueiredo, apontaria para o que chama "servidão literária" dos autores, aos quais conclama a fazer uma "rebelião da pena".
O texto de Fidelino, por sua aguda observação da cultura letrada de seu tempo, aqui mantido em sua ortografia original, merece ser lido e discutido como um documento da história editorial. É o convite-desafio que lhe fazemos, raro e querido leitor.
Sobre as intimidades da vida litteraria, as suas grandezas e as suas servidões, a sua ethica e a sua funcção e até a sua bohemia de romanticas sobrevivencias, muitos auctores teem feito o seu depoimento, mesmo aqui em Hespanha, onde escrevo. Em forma de ficção ou em ensaios criticos, possuimos as reflexões agudas sobre esse duro mistér, de Palacio Valdés, Valle-Inclan, Salaverria, Araujo Costa, Carretero, Carrere e Gomez de la Serna. Mas o aspecto editorial desse mistér, o seu conteúdo industrial, que se relaciona menos com a inspiração interior dos artistas do que com as sollicitações e curiosidades actuaes do publico, não será tambem parte integrante do phenomeno litterario, que, sendo individualissimo no ponto de partida, visa á communicação, a uma grande emoção commum? Sem duvida, principalmente nos tempos modernos, em que vamos caminhando para um derramamento cada vez maior da cultura, mais ainda depois da guerra, porque desta guerra ficou uma curiosidade sempre desperta e insaciavel, que nasceu da avidez diaria do communicado militar, mas que, sobrevivendo á guerra, ampliou consideravelmente a massa de leitores.
Foi então que intervieram os editores, com seu sentido de opportunidade e com a transformação da sua technica – affirma Bernard Grasset, conhecido livreiro francês.
Para explicar o novo conceito do seu officio e a sua ampla influencia cultural, Grasset publicou em Le Journal uma serie de artigos, que reunidos no volume recente La chose littéraire continuam a impressionar, a escandalisar quase pela audacia dos seus pontos de vista. É esse depoimento uma contribuição para o processo de interpretação do phenomeno litterario.
Essa obra só poderia sahir em França. Supponho que só um editor francês disporia da flexibilidade de espirito, do gosto, da afoiteza um pouco cynica, para nos cozinhar, guizar e servir um tal punhado de opiniões pittorescas, que formam toda uma concepção nova da profissão editorial.
Para ler o texto na íntegra acesse os Arquivos do E-Grupo Cultura Letrada, em
http://groups.google.com/group/cultura-letrada/files
Leia mais:
Sobre a trajetória e a contribuição de Fidelino de Figueiredo na origem dos estudos de Literatura Portuguesa no Brasil:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141994000300055&script=sci_arttext
Outros dados biográficos de Fidelino de Figueiredo:
http://www.iel.unicamp.br/cedae/Exposicoes/Expo_JSena/figueiredo.html
sexta-feira, 21 de março de 2008
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)
Hoje, raro leitor, no silêncio da sexta-feira santa, dia consagrado pelos católicos à Paixão de Cristo, revisitemos a poesia de uma das maiores escritoras da literatura contemporânea de língua portuguesa. Sophia recebeu, em 1999, o Prêmio Camões.
A veste dos fariseus
Era um Cristo sem poder
Sem espada e sem riqueza
Seus amigos o negavam
Antes do galo cantar
A polícia o perseguia
Guiada por Fariseus
O poder lavou as mãos
Daquele sangue inocente
Crucificai-o depressa
Lhe pedia toda a gente
Guiada por Fariseus
Foi cuspido e foi julgado
No centro duma cidade
Insultos o perseguiram
E morreu desfigurado
O templo rasgou seus véus
E Pilatos seus vestidos
Rasgaram seu coração
Maria Mãe de João
João Filho de Maria
A treva caiu dos céus
Sobre a terra em pleno dia
Nem uma nódoa se via
Na veste dos Fariseus
As pessoas sensíveis
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
“Ganharás o pão com o suor do teu rosto”
Assim nos foi imposto
E não:
“Com o suor dos outros ganharás o pão”
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem
A pura face
Como encontrar-te depois de ter perdido
Uma por uma as tardes que encontrei
Ó ser de todo o ser de quem nem sei
Se podes ser ao menos pressentido?
Não te busquei no reino prometido
Da terra nem na paixão com que eu a amei
E porque não és tempo não te dei
Meu desejo pelas horas consumido
Apenas imagino que me espera
No infinito silêncio a pura face
Pra’ além da vida morte ou Primavera
E que a verei de frente e sem disfarce
O poema
O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Com o rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo
Do posfácio:
“(...) Sempre a poesia foi para mim uma perseguição do real. Um poema foi sempre um círculo traçado à roda duma coisa, um círculo onde o pássaro do real fica preso. E se a minha poesia, tendo partido do ar, do mar e da luz, evoluiu, evoluiu sempre dentro dessa busca atenta. Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é necessariamente levado, pelo espírito de verdade que o anima, a procurar uma relação justa com o homem. Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo. Aquele que vê o fenômeno quer ver todo o fenômeno. É apenas uma questão de atenção, de seqüência e de rigor. (...)”
In Livro Sexto, 3a. ed. Lisboa: Morais, 1966.
Leia mais:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sophia_de_Mello_Breyner
http://www.iplb.pt/pls/diplb/!get_page?pageid=401&tpcontent=FA&idaut=1695967&idobra=
A veste dos fariseus
Era um Cristo sem poder
Sem espada e sem riqueza
Seus amigos o negavam
Antes do galo cantar
A polícia o perseguia
Guiada por Fariseus
O poder lavou as mãos
Daquele sangue inocente
Crucificai-o depressa
Lhe pedia toda a gente
Guiada por Fariseus
Foi cuspido e foi julgado
No centro duma cidade
Insultos o perseguiram
E morreu desfigurado
O templo rasgou seus véus
E Pilatos seus vestidos
Rasgaram seu coração
Maria Mãe de João
João Filho de Maria
A treva caiu dos céus
Sobre a terra em pleno dia
Nem uma nódoa se via
Na veste dos Fariseus
As pessoas sensíveis
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
“Ganharás o pão com o suor do teu rosto”
Assim nos foi imposto
E não:
“Com o suor dos outros ganharás o pão”
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem
A pura face
Como encontrar-te depois de ter perdido
Uma por uma as tardes que encontrei
Ó ser de todo o ser de quem nem sei
Se podes ser ao menos pressentido?
Não te busquei no reino prometido
Da terra nem na paixão com que eu a amei
E porque não és tempo não te dei
Meu desejo pelas horas consumido
Apenas imagino que me espera
No infinito silêncio a pura face
Pra’ além da vida morte ou Primavera
E que a verei de frente e sem disfarce
O poema
O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Com o rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo
Do posfácio:
“(...) Sempre a poesia foi para mim uma perseguição do real. Um poema foi sempre um círculo traçado à roda duma coisa, um círculo onde o pássaro do real fica preso. E se a minha poesia, tendo partido do ar, do mar e da luz, evoluiu, evoluiu sempre dentro dessa busca atenta. Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é necessariamente levado, pelo espírito de verdade que o anima, a procurar uma relação justa com o homem. Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo. Aquele que vê o fenômeno quer ver todo o fenômeno. É apenas uma questão de atenção, de seqüência e de rigor. (...)”
In Livro Sexto, 3a. ed. Lisboa: Morais, 1966.
Leia mais:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sophia_de_Mello_Breyner
http://www.iplb.pt/pls/diplb/!get_page?pageid=401&tpcontent=FA&idaut=1695967&idobra=
quinta-feira, 20 de março de 2008
Machado de Assis, Centenário de morte (1908-2008)
Rara leitora, o livro organizado por Cláudio Murilo Leal, com "toda a poesia" de Machado de Assis, nosso maior romancista, fez com que visitássemos também sua poesia.
Queremos compartilhar com você estas leituras prazerosas, com a sensação de estarmos vivenciando a imortalidade de sua obra.
Livros e flores
Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?
Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?
Cognac!..
Vem, meu Cognac, meu licor d’amores!...
É longo o sono teu dentro do frasco;
Do teu ardor a inspiração brotando
O cérebro incendeia!...
Da vida a insipidez gostoso adoças;
Mais val um trago teu que mil grandezas;
Suave distração – da vida esmalte,
Quem há que te não ame?
Tomado com o café em fresca tarde
Derramas tanto ardor pelas entranhas,
Que o já provecto renascer-lhe sente
Da mocidade o fogo!
Cognac! – inspirador de ledos sonhos,
Excitante licor – de amor ardente!
Uma tua garrafa e o Dom Quixote,
É passatempo amável!
Que poeta que sou com teu auxílio!
Somente um trago teu m’inspira um verso;
O copo cheio o mais sonoro canto;
Todo o frasco um poema!
Alencar
Hão de os anos volver, – não com as neves
De alheios climas, de geladas cores;
Hão de os anos volver, mas como as flores,
Sobre o teu nome, vívidos e leves...
Tu, cearense musa, que os amores
Meigos e tristes, rústicos e breves,
Da indiana escreveste, – ora os escreves
Nos volumes dos pátrios esplendores.
E ao tornar este sol, que te há levado,
Já não acha a tristeza. Extinto é o dia
Da nossa dor, do nosso amargo espanto.
Porque o tempo implacável e pausado,
Que o homem consumiu na terra fria,
Não consumiu o engenho, a flor, o encanto.
Espinosa
Gosto de ver-te, grave e solitário,
Sob o fumo de esquálida candeia,
Nas mãos a ferramenta de operário,
E na cabeça a coruscante idéia.
E enquanto o pensamento delineia
Uma filosofia, o pão diário
A tua mão a labutar granjeia
E achas na independência o teu salário.
Soem cá fora agitações e lutas,
Sibile o bafo aspérrimo do inverno,
Tu trabalhas, tu pensas, e executas.
Sóbrio, tranqüilo, desvelado e terno,
A lei comum, e morres, e transmutas
O suado labor no prêmio eterno.
1802-1885
Um dia, celebrando o gênio e a eterna vida,
Vítor Hugo escreveu numa página forte
Estes nomes que vão galgando a eterna morte,
Isaías, a voz de bronze, alma saída
Da coxa de Davi; Ésquilo que a Orestes
E a Prometeu, que sofre as vinganças celestes
Deu a nota imortal que abala e persuade,
E transmite o terrror, como excita a piedade.
Homero, que cantou a cólera potente
De Aquiles, e colheu as lágrimas troianas
Para glória maior da sua amada gente,
E com ele Virgílio e as graças virgilianas;
Juvenal que marcou com ferro em brasa o ombro
Dos tiranos, e o velho e grave florentino,
Que mergulha no abismo, e caminha no assombro,
Baixa humano ao inferno e regressa divino;
Logo após Calderón, e logo após Cervantes;
Voltaire, que mofava, e Rebelais que ria;
E, para coroar esses nomes vibrantes,
Shakespeare, que resume a universal poesia.
E agora que ele aí vai, galgando a eterna morte,
Pega a História da pena e na página forte,
Para continuar a série interrompida,
Escreve o nome dele, e dá-lhe a eterna vida.
In Toda a poesia de Machado de Assis, org. por CláudioMurilo Leal. Rio de Janeiro: Record, 2008.
Queremos compartilhar com você estas leituras prazerosas, com a sensação de estarmos vivenciando a imortalidade de sua obra.
Livros e flores
Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?
Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?
Cognac!..
Vem, meu Cognac, meu licor d’amores!...
É longo o sono teu dentro do frasco;
Do teu ardor a inspiração brotando
O cérebro incendeia!...
Da vida a insipidez gostoso adoças;
Mais val um trago teu que mil grandezas;
Suave distração – da vida esmalte,
Quem há que te não ame?
Tomado com o café em fresca tarde
Derramas tanto ardor pelas entranhas,
Que o já provecto renascer-lhe sente
Da mocidade o fogo!
Cognac! – inspirador de ledos sonhos,
Excitante licor – de amor ardente!
Uma tua garrafa e o Dom Quixote,
É passatempo amável!
Que poeta que sou com teu auxílio!
Somente um trago teu m’inspira um verso;
O copo cheio o mais sonoro canto;
Todo o frasco um poema!
Alencar
Hão de os anos volver, – não com as neves
De alheios climas, de geladas cores;
Hão de os anos volver, mas como as flores,
Sobre o teu nome, vívidos e leves...
Tu, cearense musa, que os amores
Meigos e tristes, rústicos e breves,
Da indiana escreveste, – ora os escreves
Nos volumes dos pátrios esplendores.
E ao tornar este sol, que te há levado,
Já não acha a tristeza. Extinto é o dia
Da nossa dor, do nosso amargo espanto.
Porque o tempo implacável e pausado,
Que o homem consumiu na terra fria,
Não consumiu o engenho, a flor, o encanto.
Espinosa
Gosto de ver-te, grave e solitário,
Sob o fumo de esquálida candeia,
Nas mãos a ferramenta de operário,
E na cabeça a coruscante idéia.
E enquanto o pensamento delineia
Uma filosofia, o pão diário
A tua mão a labutar granjeia
E achas na independência o teu salário.
Soem cá fora agitações e lutas,
Sibile o bafo aspérrimo do inverno,
Tu trabalhas, tu pensas, e executas.
Sóbrio, tranqüilo, desvelado e terno,
A lei comum, e morres, e transmutas
O suado labor no prêmio eterno.
1802-1885
Um dia, celebrando o gênio e a eterna vida,
Vítor Hugo escreveu numa página forte
Estes nomes que vão galgando a eterna morte,
Isaías, a voz de bronze, alma saída
Da coxa de Davi; Ésquilo que a Orestes
E a Prometeu, que sofre as vinganças celestes
Deu a nota imortal que abala e persuade,
E transmite o terrror, como excita a piedade.
Homero, que cantou a cólera potente
De Aquiles, e colheu as lágrimas troianas
Para glória maior da sua amada gente,
E com ele Virgílio e as graças virgilianas;
Juvenal que marcou com ferro em brasa o ombro
Dos tiranos, e o velho e grave florentino,
Que mergulha no abismo, e caminha no assombro,
Baixa humano ao inferno e regressa divino;
Logo após Calderón, e logo após Cervantes;
Voltaire, que mofava, e Rebelais que ria;
E, para coroar esses nomes vibrantes,
Shakespeare, que resume a universal poesia.
E agora que ele aí vai, galgando a eterna morte,
Pega a História da pena e na página forte,
Para continuar a série interrompida,
Escreve o nome dele, e dá-lhe a eterna vida.
In Toda a poesia de Machado de Assis, org. por CláudioMurilo Leal. Rio de Janeiro: Record, 2008.
domingo, 16 de março de 2008
Três livros autografados: a poesia de Machado, os contos de Wanderlino e os animais de Sávio
Não acontece com freqüência, mas na última quinta-feira, 13, se deu. Atendi, com Lizete, ao amabilíssimo convite de Cláudio Murilo Leal e fui ao lançamento do alentado e belo volume Toda a poesia de Machado de Assis, por ele organizado, prefaciado e lançado pela Record. Cláudio Murilo poeta, professor da UFRJ, diplomata, bibliófilo, é hoje presidente do Pen Club do Brasil. Neste ano. em que se comemora o bicentenário da implantação definitiva da tipografia no Brasil, e é consagrado ao nosso maior prosador, nos 100 anos de sua morte, o lançamento de toda a poesia machadiana num só volume é muito oportuna. Ainda mais com o evidente cuidado que organizador e editora a ele dedicaram e que nos aproxima de parte menos conhecida da obra do Mestre.
A seguir, fui para a Livraria da Eduff, nos jardins da Reitoria da nossa Universidade Federal Fluminense, para rever Sávio Freire Bruno, jovem pesquisador e velho amigo, hoje um notável biólogo dedicado à fauna silvestre, professor da Faculdade de Veterinária da UFF, que autografava lindo livro, 100 animais ameaçados de extinção no Brasil e o que você pode fazer para evitar, editado pela Ediouro. Além de feliz pelo carinho com que Sávio relembrou tempos da Pasárgada e do aiki do, saí de lá com dois exemplares dedicados a João Pedro, um, e outro a Tomás, meus netos cheios de consciência ecológica. A responsabilidade pela salvação e equilíbrio do planeta certamente será uma dura tarefa para as novas gerações.
Não pude ficar mais. A algumas centenas de metros, no Club Central, na Praia de Icaraí, autografava o escritor niteroiense Wanderlino Teixeira Leite Netto seu volume de contos Beijo de língua, lançado pela Editoração. Sua trajetória vi nascer, quando lançou seus primeiros livros na Pasárgada. Revelou-se um profícuo cultor das letras, em diferentes gêneros, e é hoje diretor da Academia Niteroiense de Letras, rejuvenescida e atuante.
Livros e amigos criam espaços para o cultivo de sociabilidades finas e de afetos seletos. Dia rico. Pena ter assim perdido algumas palestras desse dia e a conferência de Maria Beatriz Nizza da Silva no Congresso Internacional 1808 – A Corte no Brasil, organizado pelo Departamento de História e o Programa de Pós-graduação em História da UFF, e que enriqueceu a todos nós durante esta semana em que se relembra e reavalia a chegada da Corte ao Rio de Janeiro.
E que, naturalmente, nos trouxe também livros novos: Uma colônia entre dois impérios – A abertura dos portos brasileiros, 1800-1808, de José Jobson de Andrade Arruda, da EDUSC, Iluminismo e Império no Brasil, O Patriota (1813-1814), organizado por Lorelai Kury, da Editora Fiocruz e Biblioteca Nacional, e Literatura, história e política em Portugal (1820-1856), de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e A. P. Lopes de Mendonça, organizado por Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves, Paulo Motta Oliveira, Sérgio Nazar David e Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira, da EdUERJ. Este com dedicatórias fraternas. Temas para outro registro.
A seguir, fui para a Livraria da Eduff, nos jardins da Reitoria da nossa Universidade Federal Fluminense, para rever Sávio Freire Bruno, jovem pesquisador e velho amigo, hoje um notável biólogo dedicado à fauna silvestre, professor da Faculdade de Veterinária da UFF, que autografava lindo livro, 100 animais ameaçados de extinção no Brasil e o que você pode fazer para evitar, editado pela Ediouro. Além de feliz pelo carinho com que Sávio relembrou tempos da Pasárgada e do aiki do, saí de lá com dois exemplares dedicados a João Pedro, um, e outro a Tomás, meus netos cheios de consciência ecológica. A responsabilidade pela salvação e equilíbrio do planeta certamente será uma dura tarefa para as novas gerações.
Não pude ficar mais. A algumas centenas de metros, no Club Central, na Praia de Icaraí, autografava o escritor niteroiense Wanderlino Teixeira Leite Netto seu volume de contos Beijo de língua, lançado pela Editoração. Sua trajetória vi nascer, quando lançou seus primeiros livros na Pasárgada. Revelou-se um profícuo cultor das letras, em diferentes gêneros, e é hoje diretor da Academia Niteroiense de Letras, rejuvenescida e atuante.
Livros e amigos criam espaços para o cultivo de sociabilidades finas e de afetos seletos. Dia rico. Pena ter assim perdido algumas palestras desse dia e a conferência de Maria Beatriz Nizza da Silva no Congresso Internacional 1808 – A Corte no Brasil, organizado pelo Departamento de História e o Programa de Pós-graduação em História da UFF, e que enriqueceu a todos nós durante esta semana em que se relembra e reavalia a chegada da Corte ao Rio de Janeiro.
E que, naturalmente, nos trouxe também livros novos: Uma colônia entre dois impérios – A abertura dos portos brasileiros, 1800-1808, de José Jobson de Andrade Arruda, da EDUSC, Iluminismo e Império no Brasil, O Patriota (1813-1814), organizado por Lorelai Kury, da Editora Fiocruz e Biblioteca Nacional, e Literatura, história e política em Portugal (1820-1856), de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e A. P. Lopes de Mendonça, organizado por Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves, Paulo Motta Oliveira, Sérgio Nazar David e Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira, da EdUERJ. Este com dedicatórias fraternas. Temas para outro registro.
Um livreiro singular, por Salim Miguel
Costuma-se repetir que a paixão do livro se sustenta em dois pólos: o autor e o leitor. É um equívoco. Junto a eles estão o editor, o gráfico, o distribuidor, o divulgador, o bibliotecário, o bibliófilo, o livreiro – nesta ou na ordem que desejarem.
Se me pedissem para apontar um livreiro singular, eu não titubearia um segundo: Odilon Lunardelli.
Tenho vaga lembrança dele trabalhando nos Correios, onde também trabalhava D. Rita, minha sogra. Em 65, devido ao golpe militar, mudei-me para o Rio de Janeiro. Nas esporádicas vindas a Florianópolis, tomei conhecimento das novas atividades do Odilon, que saía, com seu carro atulhado de livros, tentando vendê-los pelo interior do Estado. Daí para a livaria, um pulo. Mas foi a partir de 1979, com meu retorno para Florianópolis, que nosso relacionamento se estreitou. Passei a encontrá-lo regularmente. Um ponto nos aproximava mais: eu também havia sido livreiro, na década de 50. Antecipo dois fatos estranhos: jamais entrei na outra livraria dele e depois que morreu não voltei à livraria da Victor Meirelles, nem creio ter cruzado a rua.
Como todo livreiro que se apaixona pela profissão, Odilon Lunardelli devia ter muito o que contar. Recusava fazê-lo, mesmo em papos informais. Provocado, soltava-se, para logo se fechar. A fim de incentivá-lo, narrava-lhe episódios de minha frustrada experiência. Várias vezes eu vira conhecidos e/ou amigos furtando livros; envergonhado, deixava-os levá-los; ou a história de um apaixonado por viagens, comprava tudo que aparecia, encomendava outros, até em idiomas que desconhecia. Um dia se animou, integrou-se a uma excursão que ia a Salvador. Abandonou-a pelo meio, voltou correndo para me dizer que nada o interessara naquela velharia que tantos elogiavam – e encomendou-me livros sobre Salvador.
Tudo em vão. Odilon não se rendia. Ria-se, fumava, tomava outro cafezinho, folheava um livro, atendia o telefone.
Faz pouco, animado pela leitura de Memorias de um librero [Madrid: Anaya & Mario Muchnik, 1994], do argentino Hector Yánover, reli o livro de Herbert Caro, Balcão de livraria [Rio de Janeiro: MEC-Serviço de Documentação, 1960] . Em ambos, passagens pitorescas. Herbert Caro, que se tornaria importante tradutor, conta que certo dia duas meninas-em-flor buscavam um livro para presentear o namorado de uma delas. Não se decidiam, até que a outra disse: “Ele já tem UM livro, por que não lhe dás outra gravata?” Já Yánover conta de um senhor que entrou na livraria e foi logo dizendo que vinha em busca do livro El rosal de las ruinas. Eis o trecho em espanhol: “Quando se lo alcancé, lo hojeó con cierta desconfianza y me dijo: – No. Este no. Quiero un libro. – Es el que usted me pidió. – No! Usted no me entiende. Yo quiero un libro y éstos son versos! Um libro para leer. No versos.”
........................
Rara leitora, leia o texto integral de Salim Miguel nos Arquivos do Grupo do Google Cultura Letrada, coordenado por este blogueiro. Clique aqui:
http://groups.google.com/group/cultura-letrada
*
Este texto está no volume Nosso homem do livro: Odilon Lunardelli, depoimentos. Org. de Francisco José Pereira. Florianópolis: União Brasileira de Escritores de Santa Catarina, 1999, p. 67-70.
Salim Miguel é um escritor, premiadíssimo, e editor catarinense. Um dos criadores da revista Ficção. Conheça mais: Memória de editor, com Salim Miguel & Eglê Malheiros. Dorothée de Bruchard, org. Florianópolis: Escritório do Livro ; Imprensa Oficial do Estado de Santa Catarina, 2002. 93 p.
Se me pedissem para apontar um livreiro singular, eu não titubearia um segundo: Odilon Lunardelli.
Tenho vaga lembrança dele trabalhando nos Correios, onde também trabalhava D. Rita, minha sogra. Em 65, devido ao golpe militar, mudei-me para o Rio de Janeiro. Nas esporádicas vindas a Florianópolis, tomei conhecimento das novas atividades do Odilon, que saía, com seu carro atulhado de livros, tentando vendê-los pelo interior do Estado. Daí para a livaria, um pulo. Mas foi a partir de 1979, com meu retorno para Florianópolis, que nosso relacionamento se estreitou. Passei a encontrá-lo regularmente. Um ponto nos aproximava mais: eu também havia sido livreiro, na década de 50. Antecipo dois fatos estranhos: jamais entrei na outra livraria dele e depois que morreu não voltei à livraria da Victor Meirelles, nem creio ter cruzado a rua.
Como todo livreiro que se apaixona pela profissão, Odilon Lunardelli devia ter muito o que contar. Recusava fazê-lo, mesmo em papos informais. Provocado, soltava-se, para logo se fechar. A fim de incentivá-lo, narrava-lhe episódios de minha frustrada experiência. Várias vezes eu vira conhecidos e/ou amigos furtando livros; envergonhado, deixava-os levá-los; ou a história de um apaixonado por viagens, comprava tudo que aparecia, encomendava outros, até em idiomas que desconhecia. Um dia se animou, integrou-se a uma excursão que ia a Salvador. Abandonou-a pelo meio, voltou correndo para me dizer que nada o interessara naquela velharia que tantos elogiavam – e encomendou-me livros sobre Salvador.
Tudo em vão. Odilon não se rendia. Ria-se, fumava, tomava outro cafezinho, folheava um livro, atendia o telefone.
Faz pouco, animado pela leitura de Memorias de um librero [Madrid: Anaya & Mario Muchnik, 1994], do argentino Hector Yánover, reli o livro de Herbert Caro, Balcão de livraria [Rio de Janeiro: MEC-Serviço de Documentação, 1960] . Em ambos, passagens pitorescas. Herbert Caro, que se tornaria importante tradutor, conta que certo dia duas meninas-em-flor buscavam um livro para presentear o namorado de uma delas. Não se decidiam, até que a outra disse: “Ele já tem UM livro, por que não lhe dás outra gravata?” Já Yánover conta de um senhor que entrou na livraria e foi logo dizendo que vinha em busca do livro El rosal de las ruinas. Eis o trecho em espanhol: “Quando se lo alcancé, lo hojeó con cierta desconfianza y me dijo: – No. Este no. Quiero un libro. – Es el que usted me pidió. – No! Usted no me entiende. Yo quiero un libro y éstos son versos! Um libro para leer. No versos.”
........................
Rara leitora, leia o texto integral de Salim Miguel nos Arquivos do Grupo do Google Cultura Letrada, coordenado por este blogueiro. Clique aqui:
http://groups.google.com/group/cultura-letrada
*
Este texto está no volume Nosso homem do livro: Odilon Lunardelli, depoimentos. Org. de Francisco José Pereira. Florianópolis: União Brasileira de Escritores de Santa Catarina, 1999, p. 67-70.
Salim Miguel é um escritor, premiadíssimo, e editor catarinense. Um dos criadores da revista Ficção. Conheça mais: Memória de editor, com Salim Miguel & Eglê Malheiros. Dorothée de Bruchard, org. Florianópolis: Escritório do Livro ; Imprensa Oficial do Estado de Santa Catarina, 2002. 93 p.
sábado, 15 de março de 2008
Manuel Segalá, poeta, artista gráfico, editor-impressor



Gravura, capa e edição de Manuel Segalá do livro Da profissão do poeta, de Geir Campos, Editora Civilização Brasileira, 1956; Capa e edição de Manuel Segalá do livro Poemas, de Vladímir Maiacovski, coleção Maldoror, edição Philobiblion/Editora Civilização Brasileira, 1956; ilustração de Manuel Segalá no livro Cadernos de João, de Aníbal Machado, Editora José Olympio, 1957.
Manuel, dito Manolo, Segalá, poeta e gráfico espanhol (Barcelona, 1917-Rio de Janeiro, 1958). Bacharel em filosofia e letras, cursos superiores de Belas-Artes em Barcelona, Paris e Roma, publicou os volumes de poesia Le voz en el aire, Romance a la maja desnuda, Elegias, Oración a Cristo en la Cruz e Corcel de sombra. Teve forte atuação na imprensa escrita e falada em Barcelona e, depois do término da guerra civil espanhola, no exterior (França, Itália, Uruguai, Argentina). No Brasil, viveu seus quatro últimos anos, havendo-se notabilizado por seus exemplares de bibliofilia, inclusive por sua editorial Philobiblion, pela qual publicou textos, com xilogravura suas, de Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis, Manuel Bandeira, Geir Campos, García Lorca, Kafka, Raul de Leoni, Aníbal Machado, Cecília Meireles, Gabriela Mistral etc., ademais de A sereia (revista de poesia nos. 1, 2, 3 e 4). Foi também notável capista, ademais de haver-se dedicado à pintura e à escultura.
Conforme verbete na Grande Enciclopédia Delta-Larousse, Rio de Janeiro: Delta, v. 13, 1971, p. 6229.
"Morreu Segalá"
"Morreu Segalá"
Aníbal M. Machado
A Manuel Segalá teria faltado (inadvertência? abusiva confiança?) a percepção do limite além do qual o nosso sol deixa de tansfundir energia vitalizante e começa a despedir raios mortíferos. Pois o verão dos trópicos armou-lhe uma cilada. E na leva de fevereiro último, dentre os muitos que sacrificou na rua, retirou da sua modesta oficina gráfica, e para sempre, da vida este poeta e artista catalão – homem universal pela experiência de muitas terrras, de muitas ruas e bares do mundo, brasileiro por amor de uma companheira a quem se unira, e fino mestre de artes gráficas pela devoção com que fez de “A Verônica” – a prensa manual com que desembarcou no Brasil – menos um instrumento de lucro material do que uma fonte de prazer. Artista-gravador, Segalá esmerava-se na construção estética do livro, e só concebia o livro como imagem exterior do seu contexto, em consonância com a sua natureza e espírito. Este o sentido com que valorizou a coleção Maldoror, da Editora Civilização Brasileira, e algumas edições avulsas, de sua livre preferência.
Morreu sem se anunciar, sem dar sinais de que lhe estava próximo o fim. Passada a surpresa de seu desaparecimento, sentimos o quanto essa figura se singularizou por traços com que, via de regra, ninguém se impõe à primeira vista no meio novo que elege para viver. Era despido de maneiras espalhafatosas e de expansões retóricas. De uma irreverência temperada de humour. Mas nos olhos ressaltados e tristes, no seu talhe de toureiro e na máscara de contemplativo – algo se exprimia que era um misto de revolta, docura e gosto de viver. Com as próprias mãos ilustrou, imprimiu e distribuiu de graça A Sereia, um caderninho que (leia-se agora no imperfeito do indicativo) “não pretende, não espera nem pede nada. Quer apenas falar um pouco de poesia”.
Não chegaram a dez os números prometidos, porque o poeta morreu antes da hora, como antes da hora morrem sempre aqueles que amam a vida e de quem se pode esperar mais em benefício da vida.
Em Segalá o espírito libertário sustentado pela amizade dos poetas livres de seu e de outros países não se revestia de asperezas sarcásticas, senão de segura confiança na vitória final dos homens contra a estupidez e a opressão. A atração do humano diluiu-lhe em poesia a vocação racial “a favor do contra”, traço heróico de seu povo. E em vez de bombas, a sua “Verônica” produziu sereias. Mais interessado em enquadrar com bom gosto e beleza a poesia dos outros, esqueceu a própria. E num dia de desesperadora canícula, triste dia para os seus amigos, para a poesia e para as artes gráficas – esqueceu-se também de viver.
Originalmente publicado em Para Todos, Rio de Janeiro, março de 1958, p. 9, in A arte de viver e outras artes. Rio de Janeiro: Graphia, 1994, p. 270-271.
A Manuel Segalá teria faltado (inadvertência? abusiva confiança?) a percepção do limite além do qual o nosso sol deixa de tansfundir energia vitalizante e começa a despedir raios mortíferos. Pois o verão dos trópicos armou-lhe uma cilada. E na leva de fevereiro último, dentre os muitos que sacrificou na rua, retirou da sua modesta oficina gráfica, e para sempre, da vida este poeta e artista catalão – homem universal pela experiência de muitas terrras, de muitas ruas e bares do mundo, brasileiro por amor de uma companheira a quem se unira, e fino mestre de artes gráficas pela devoção com que fez de “A Verônica” – a prensa manual com que desembarcou no Brasil – menos um instrumento de lucro material do que uma fonte de prazer. Artista-gravador, Segalá esmerava-se na construção estética do livro, e só concebia o livro como imagem exterior do seu contexto, em consonância com a sua natureza e espírito. Este o sentido com que valorizou a coleção Maldoror, da Editora Civilização Brasileira, e algumas edições avulsas, de sua livre preferência.
Morreu sem se anunciar, sem dar sinais de que lhe estava próximo o fim. Passada a surpresa de seu desaparecimento, sentimos o quanto essa figura se singularizou por traços com que, via de regra, ninguém se impõe à primeira vista no meio novo que elege para viver. Era despido de maneiras espalhafatosas e de expansões retóricas. De uma irreverência temperada de humour. Mas nos olhos ressaltados e tristes, no seu talhe de toureiro e na máscara de contemplativo – algo se exprimia que era um misto de revolta, docura e gosto de viver. Com as próprias mãos ilustrou, imprimiu e distribuiu de graça A Sereia, um caderninho que (leia-se agora no imperfeito do indicativo) “não pretende, não espera nem pede nada. Quer apenas falar um pouco de poesia”.
Não chegaram a dez os números prometidos, porque o poeta morreu antes da hora, como antes da hora morrem sempre aqueles que amam a vida e de quem se pode esperar mais em benefício da vida.
Em Segalá o espírito libertário sustentado pela amizade dos poetas livres de seu e de outros países não se revestia de asperezas sarcásticas, senão de segura confiança na vitória final dos homens contra a estupidez e a opressão. A atração do humano diluiu-lhe em poesia a vocação racial “a favor do contra”, traço heróico de seu povo. E em vez de bombas, a sua “Verônica” produziu sereias. Mais interessado em enquadrar com bom gosto e beleza a poesia dos outros, esqueceu a própria. E num dia de desesperadora canícula, triste dia para os seus amigos, para a poesia e para as artes gráficas – esqueceu-se também de viver.
Originalmente publicado em Para Todos, Rio de Janeiro, março de 1958, p. 9, in A arte de viver e outras artes. Rio de Janeiro: Graphia, 1994, p. 270-271.
sexta-feira, 14 de março de 2008
Encontros de pesquisadores da área multidisciplinar de estudos do livro e da leitura
Convite aos colegas para participação
1. Evento específico para pesquisadores da área multidisciplinar de estudos do livro e da leitura
Colóquio Internacional:
Arquivos, Memória Editorial e História da Vida Literária
(Patrocínio: Programa Petrobrás Cultural)
II SEMINÁRIO BRASILEIRO SOBRE LIVRO E HISTÓRIA EDITORIAL
Estes eventos, previstos inicialmente para 3 a 7 de novembro de 2008, foram adiados.
Sua nova data (ainda a confirmar) será de 11 a 15 de maio de 2009.
Local: Rio de Janeiro
Realização: Universidade Federal Fluminense / Instituto de Arte e Comunicação Social / Programa de Pós-graduação em Comunicação / LIHED
Mais informações em breve
Contato: anibalbraganca@gmail.com
2. Eventos acadêmicos que incluem a área multidisciplinar de estudos do livro e da leitura
IV Colóquio do PPRLB: Relações Luso-Brasileiras: D. João VI e o Oitocentismo
Data limite para envio de trabalhos: 31 de março de 2008
Data da realização: 17, 18 e 19 de setembro de 2008
Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro
Centro de Estudos
Pólo de Pesquisa sobre Relações Luso-Brasileiras (PPRLB)
Rio de Janeiro
Inscrições e outras informações: http://www.realgabinete.com.br/
E-mail: gabinete@realgabinete.com.br
Tels: (21) 2221.3138 e 2221.2960
VIII Encontro dos Núcleos de Pesquisa Intercom
Reunião do Núcleo Produção Editorial
IV Intercom Júnior (iniciação científica)
Data limite para envio de trabalhos: 18 de abril de 2008
Data da realização: 5 e 6 de setembro de 2008
INTERCOM 2008
XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
Natal (Rio Grande do Norte)
Consulte no Portal da Intercom a Chamada de trabalhos e a Programação preliminar:
http://www.intercom.org.br/congresso/2008/programacao.shtml
http://www.intercom.org.br/congresso/2008/chamada.shtml
1. Evento específico para pesquisadores da área multidisciplinar de estudos do livro e da leitura
Colóquio Internacional:
Arquivos, Memória Editorial e História da Vida Literária
(Patrocínio: Programa Petrobrás Cultural)
II SEMINÁRIO BRASILEIRO SOBRE LIVRO E HISTÓRIA EDITORIAL
Estes eventos, previstos inicialmente para 3 a 7 de novembro de 2008, foram adiados.
Sua nova data (ainda a confirmar) será de 11 a 15 de maio de 2009.
Local: Rio de Janeiro
Realização: Universidade Federal Fluminense / Instituto de Arte e Comunicação Social / Programa de Pós-graduação em Comunicação / LIHED
Mais informações em breve
Contato: anibalbraganca@gmail.com
2. Eventos acadêmicos que incluem a área multidisciplinar de estudos do livro e da leitura
IV Colóquio do PPRLB: Relações Luso-Brasileiras: D. João VI e o Oitocentismo
Data limite para envio de trabalhos: 31 de março de 2008
Data da realização: 17, 18 e 19 de setembro de 2008
Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro
Centro de Estudos
Pólo de Pesquisa sobre Relações Luso-Brasileiras (PPRLB)
Rio de Janeiro
Inscrições e outras informações: http://www.realgabinete.com.br/
E-mail: gabinete@realgabinete.com.br
Tels: (21) 2221.3138 e 2221.2960
VIII Encontro dos Núcleos de Pesquisa Intercom
Reunião do Núcleo Produção Editorial
IV Intercom Júnior (iniciação científica)
Data limite para envio de trabalhos: 18 de abril de 2008
Data da realização: 5 e 6 de setembro de 2008
INTERCOM 2008
XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
Natal (Rio Grande do Norte)
Consulte no Portal da Intercom a Chamada de trabalhos e a Programação preliminar:
http://www.intercom.org.br/congresso/2008/programacao.shtml
http://www.intercom.org.br/congresso/2008/chamada.shtml
sábado, 8 de março de 2008
No Dia Internacional da Mulher, Florbela Espanca
Neste Dia Internacional da Mulher, hoje, serenamente, rara leitora, emergem em mim nomes, corpos e almas de mulheres que me deram a vida que sou e vivo. Da mãe às netas, passando por companheiras de vida e de trabalhos, esposas, amantes, namoradas, filhas, tias, irmãs, amigas, paixões: ardentes e platônicas, imaginárias, juvenis e maduras, calmas e procelosas, tristes e felizes - ai de mim, tantas!, todas me compõem: sois em mim, mulheres de minha vida.
E acaso serei em vós?
Ave, mulher!, com os belos versos de Florbela Espanca.
O nosso livro
A A.G.
Livro do meu amor, do teu amor,
Livro do nosso amor, do nosso peito...
Abre-lhe as folhas devagar, com jeito,
Como se fossem pétalas de flor.
Olha que eu outro já não sei compor
Mais santamente triste, mais perfeito
Não esfolhes os lírios com que é feito
Que outros não tenho em meu jardim de dor!
Livro de mais ninguém! Só meu! Só teu!
Num sorriso tu dizes e digo eu:
Versos só nossos mas que lindos sois!
Ah! meu Amor! Mas quanta, quanta gente
Dirá, fechando o livro docemente:
"Versos só nossos, só de nós os dois"!..."
Fanatismo
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim..."
Os versos que te fiz
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!
Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!
In Sonetos, de Florbela Espanca, S. Paulo: Difel, 1983.
E acaso serei em vós?
Ave, mulher!, com os belos versos de Florbela Espanca.
O nosso livro
A A.G.
Livro do meu amor, do teu amor,
Livro do nosso amor, do nosso peito...
Abre-lhe as folhas devagar, com jeito,
Como se fossem pétalas de flor.
Olha que eu outro já não sei compor
Mais santamente triste, mais perfeito
Não esfolhes os lírios com que é feito
Que outros não tenho em meu jardim de dor!
Livro de mais ninguém! Só meu! Só teu!
Num sorriso tu dizes e digo eu:
Versos só nossos mas que lindos sois!
Ah! meu Amor! Mas quanta, quanta gente
Dirá, fechando o livro docemente:
"Versos só nossos, só de nós os dois"!..."
Fanatismo
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim..."
Os versos que te fiz
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!
Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!
In Sonetos, de Florbela Espanca, S. Paulo: Difel, 1983.
sexta-feira, 7 de março de 2008
Bicentenário da chegada ao Brasil da Família Real

Aspecto da platéia do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo no centro do Balcão Nobre a presença do presidente de Portugal, Aníbal Cavaco e Silva, e do governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (1); parte do pano de boca do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, obra de Eliseu Visconti, recentemente restaurada, tendo ao centro a imagem de D. Pedro II (2); Imagem do palco com os artistas do espetáculo, tendo ao centro, Isabel Salgueiro (3). Fotos de Aníbal Bragança. Podem ser reproduzidas desde que sem fins comerciais e que seja citada a fonte.
Teresa Salgueiro & Septeto João Cristal apresentaram hoje, 6 de março, o concerto "Você e eu" no palco do belo Teatro Municipal do Rio de Janeiro, promovido pelo governo português no âmbito das comemorações do bicentenário da chegada da Família Real ao Brasil, certamente o marco inicial da fase que amadureceu o nascimento da nação brasileira.
Foi um excelente começo artístico de uma série de comemorações que se estenderão até ao fim deste ano. A vocalista do lamentavelmente desfeito conjunto Madredeus, certamente o maior acontecimento da música portuguesa nas últimas décadas, mostrou que sua voz doce e vigorosa é de múltiplas potencialidades. O concerto, quase todo uma homenagem à música popular brasileira, foi de alto nível em qualidade e emoção. Algumas interpretações, como as das clássicas Inútil paisagem, Valsinha e Se todos fossem iguais a você, além da música que dá título ao concerto, Eu e você, de Vinícius e Carlos Lyra, poderão incluir-se entre as melhores das tantas que já se registraram, de outros grandes artistas brasileiros.
Houve apenas duas músicas do cancioneiro ibérico no espetáculo. Foi pena. A voz admirável de Teresa Salgueiro expressa ainda melhor a alma portuguesa.
Os músicos do Septeto e os arranjos de João Cristal enriquecem o concerto. Este teve na assistência o presidente de Portugal, Aníbal Cavaco e Silva, muito aplaudido pelos presentes no Teatro quase inteiramente lotado, e também o governador Sérgio Cabral.
Foi um privilégio estar nesta noite neste lugar!
quinta-feira, 6 de março de 2008
Camilo Pessanha (Coimbra, 07/09/1867 – Macau, 01/03/1926)

San Gabriel
(no quarto centenário do descobrimento da Índia)
I
Inútil! Calmaria. Já colheram
As velas. As bandeiras sossegaram
Que tão altas nos topes tremularam...
Gaivotas que a voar desfaleceram.
Para quê remar mais? Emudeceram!
Velhos ritmos que as ondas embalaram.
Que cilada que os ventos nos armaram!
A que foi que tão longe nos trouxeram?
San Gabriel, arcanjo tutelar,
Vem outra vez abençoar o mar,
Asas de cisne e o vasto saio azul...
À prova vem! À conquista final!
Freme de luz! Em álgido cristal, irreal,
Fulgente, argenteo Cruzeiro do Sul...
II
Vem conduzir as naus, as caravelas,
Outra vez, pela noite, na ardentia,
Avivada das quilhas. Dir-se-ia
Irmos arando em um torrão de estrelas.
Outra vez vamos! Côncavas as velas,
Cuja brancura, rútila de dia,
O luar dulcifica, e anestesia
O nosso olhar, que nos doía ao vê-las.
Proas ao Sul! Ao Além! À nebulosa
Que do horizonte vapora, luminosa
E a noite lactescendo, onde, quietas,
As velhas almas lugem namoradas...
– Almas tristes, severas, resignadas,
De guerreiros, de santos, de poetas.
Viola chinesa
(a Wenceslau de Moraes)
Ao longo da viola morosa
Vai adormecendo a parlenda
Sem que o meu coração se prenda
Na lengalenda fastidiosa...
Sem que o meu coração atenda,
Enquanto, nasal, minuciosa,
Ao longo da vida morosa,
Vai adormecendo a parlenda.
Dormita... porém não repousa
O canto, sem que ele o compreenda,
Faz que as asitas distenda
Numa vibração dolorosa,
Ao longo da viola morosa...
[sem título]
A João Vasco
(Na ceia da noite de despedida para uma longa separação)
A boémia não morreu.
Eis-nos com os cabelos brancos;
E, todavia, os barrancos
Do seu destino, e do meu,
Se nos quebraram as pernas,
As asas não as partiram,
Em que altos sonhos deliram
As nossas almas eternas.
Depois de tantos baldões,
Devera ter-se ido a fé:
Temos tido pontapé
Das mais caras ilusões...
E não morre a mocidade!
Após enganos, enganos...
Pois só daqui a cem anos
Choraremos de saudade?
In A poesia de Camilo Pessanha. Edição crítica de Carlos Morais José e Rui Cascais. Macau ; Coimbra: Instituto Internacional de Macau ; Câmara Municipal de Coimbra, 2004.
(no quarto centenário do descobrimento da Índia)
I
Inútil! Calmaria. Já colheram
As velas. As bandeiras sossegaram
Que tão altas nos topes tremularam...
Gaivotas que a voar desfaleceram.
Para quê remar mais? Emudeceram!
Velhos ritmos que as ondas embalaram.
Que cilada que os ventos nos armaram!
A que foi que tão longe nos trouxeram?
San Gabriel, arcanjo tutelar,
Vem outra vez abençoar o mar,
Asas de cisne e o vasto saio azul...
À prova vem! À conquista final!
Freme de luz! Em álgido cristal, irreal,
Fulgente, argenteo Cruzeiro do Sul...
II
Vem conduzir as naus, as caravelas,
Outra vez, pela noite, na ardentia,
Avivada das quilhas. Dir-se-ia
Irmos arando em um torrão de estrelas.
Outra vez vamos! Côncavas as velas,
Cuja brancura, rútila de dia,
O luar dulcifica, e anestesia
O nosso olhar, que nos doía ao vê-las.
Proas ao Sul! Ao Além! À nebulosa
Que do horizonte vapora, luminosa
E a noite lactescendo, onde, quietas,
As velhas almas lugem namoradas...
– Almas tristes, severas, resignadas,
De guerreiros, de santos, de poetas.
Viola chinesa
(a Wenceslau de Moraes)
Ao longo da viola morosa
Vai adormecendo a parlenda
Sem que o meu coração se prenda
Na lengalenda fastidiosa...
Sem que o meu coração atenda,
Enquanto, nasal, minuciosa,
Ao longo da vida morosa,
Vai adormecendo a parlenda.
Dormita... porém não repousa
O canto, sem que ele o compreenda,
Faz que as asitas distenda
Numa vibração dolorosa,
Ao longo da viola morosa...
[sem título]
A João Vasco
(Na ceia da noite de despedida para uma longa separação)
A boémia não morreu.
Eis-nos com os cabelos brancos;
E, todavia, os barrancos
Do seu destino, e do meu,
Se nos quebraram as pernas,
As asas não as partiram,
Em que altos sonhos deliram
As nossas almas eternas.
Depois de tantos baldões,
Devera ter-se ido a fé:
Temos tido pontapé
Das mais caras ilusões...
E não morre a mocidade!
Após enganos, enganos...
Pois só daqui a cem anos
Choraremos de saudade?
In A poesia de Camilo Pessanha. Edição crítica de Carlos Morais José e Rui Cascais. Macau ; Coimbra: Instituto Internacional de Macau ; Câmara Municipal de Coimbra, 2004.
Meus agradecimentos ao amigo Wagner Neves da Rocha e às sras. Maria José Miranda, chefe da Divisão de Biblioteca e Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Coimbra e Lídia Cunha, coordenadora da secretaria geral do Instituto Internacional de Macau pela oportunidade que, cada qual a seu jeito, criaram para que conhecesse um pouquito mais da poesia de Camilo Pessanha.
Visite:
Instituto Internacional de Macau http://www.iimacau.org.mo/
Biblioteca da Câmara Municipal de Coimbra http://www.cm-coimbra.pt/biblioteca/ http://literaturasemfronteiras.blogspot.com/2007/04/desmistificaes-de-camilo.html
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Geir Campos
Em 28 de fevereiro de 1924 nascia o poeta de Rosa dos rumos, Metanáutica, Canto de peixe, Tarefa e tantos outros sucessos. Faleceu em 8 de maio de 1999.
Seu canto permanece.
Entendimento
Talvez um dia – não há pressa – ao fim
de ter ouvido em idiomas tantos
tantas palavras, se revele a mim
a voz das coisas: falarão estátuas
justificando as suas poses fátuas.
Que recalcadas queixas tem a porta?
Resmungarão armários pelos cantos
das salas, onde candelabros velhos
falsificam a luz. Pouco os espelhos
terão mais a contar: não têm segredo,
a vaidade os consulta mas com medo.
Que sonha a rosa ao pé da noiva morta?
Ouvir, murmúrio em torno das estantes,
a outra lição dos livros. Escutar
de cada objeto a confissão... e, após,
vê-los perderem a frieza de antes:
quando eram como estranhos a passar,
na rua, indiferentes, junto a nós.
De Rosa dos rumos, 1950, in Antologia poética de Geir Campos, org. de Israel Pedrosa. Rio de Janeiro: Leo Christiano, 2003, p. 26.
Para saber mais:
Assista ao vídeo da palestra de Maria Lizete dos Santos, “Geir Campos: Da profissão do poeta”, in Instituto Embratel - TV PontoCom
http://200.244.52.177/embratel/main/mediaview/freetextsearch/new_search;jsessionid=32FC7736A8272B9B1A0EF1F5BE8BF030
Leia o livro:
A profissão do poeta & Carta aos livreiros do Brasil, org. de Aníbal Bragança e Maria Lizete dos Santos. Niterói: RJ: Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 2001.
http://www.estantevirtual.com.br/
Seu canto permanece.
Entendimento
Talvez um dia – não há pressa – ao fim
de ter ouvido em idiomas tantos
tantas palavras, se revele a mim
a voz das coisas: falarão estátuas
justificando as suas poses fátuas.
Que recalcadas queixas tem a porta?
Resmungarão armários pelos cantos
das salas, onde candelabros velhos
falsificam a luz. Pouco os espelhos
terão mais a contar: não têm segredo,
a vaidade os consulta mas com medo.
Que sonha a rosa ao pé da noiva morta?
Ouvir, murmúrio em torno das estantes,
a outra lição dos livros. Escutar
de cada objeto a confissão... e, após,
vê-los perderem a frieza de antes:
quando eram como estranhos a passar,
na rua, indiferentes, junto a nós.
De Rosa dos rumos, 1950, in Antologia poética de Geir Campos, org. de Israel Pedrosa. Rio de Janeiro: Leo Christiano, 2003, p. 26.
Para saber mais:
Assista ao vídeo da palestra de Maria Lizete dos Santos, “Geir Campos: Da profissão do poeta”, in Instituto Embratel - TV PontoCom
http://200.244.52.177/embratel/main/mediaview/freetextsearch/new_search;jsessionid=32FC7736A8272B9B1A0EF1F5BE8BF030
Leia o livro:
A profissão do poeta & Carta aos livreiros do Brasil, org. de Aníbal Bragança e Maria Lizete dos Santos. Niterói: RJ: Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 2001.
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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Festa das Fogaceiras em Santa Maria da Feira

Rara leitora, se ainda visitas este espaço poderás saber que as férias deste blogueiro descuidado foram dedicadas a um retorno às origens familiares e à terra da infância. Mas não só. Além da visita a Santa Maria da Feira, onde foi possível assistir à Festa das Fogaceiras, tradicional comemoração cívico-religiosa de sua cidade natal, também lhe foi posto viajar a Paris, especialmente, para estar com a filha Hermínia no dia do seu aniversário, 29 de janeiro.
A Festa das Fogaceiras tem uma história – ou será lenda? – que remonta ao ano de 1505, quando foi feito um voto ao mártir S. Sebastião para que livrasse, então, a população das Terras de Santa Maria da peste que a assolava. Em troca da proteção do santo o povo prometeu oferecer um pão doce especial, a fogaça, a todos os pobres, no dia devotado a S. Sebastião.
Desde então, numa tradição que se tornou uma referência histórica e cultural para a região é cumprida a promessa no dia do padroeiro de Santa Maria da Feira, 20 de janeiro.
Embora haja muito a registrar, de experiências prazerosas no encontro de pessoas e de lugares, de espaços de trabalho no campo do livro e da leitura – e isso tudo poderá ainda ser aqui registrado – hoje a rara leitora é convidada a conhecer um pouco de uma linda “festa do interior”, onde toda a comunidade se envolve, de uma forma ou de outra.
Clique abaixo e visite o álbum de fotografias onde registramos parte da Festa, a procissão das Fogaceiras, que este ano teve um percurso diferente.
http://picasaweb.google.com/anibalbraganca/FestaDasFogaceirasEmSantaMariaDaFeiraPortugal2008
Para saber mais de Santa Maria da Feira e da Festa das Fogaceiras, sugerimos algumas viagens virtuais:
http://www.flickr.com/photos/vitor107/sets/1419586/
http://www.cm-feira.pt/turismo/fogaceiras/inicio.html
http://www.castelodafeira.com/
http://www.viagemmedieval.com/
http://www.biblioteca.cm-feira.pt:8080/#focus
http://www.imaginarius.pt/
A Festa das Fogaceiras tem uma história – ou será lenda? – que remonta ao ano de 1505, quando foi feito um voto ao mártir S. Sebastião para que livrasse, então, a população das Terras de Santa Maria da peste que a assolava. Em troca da proteção do santo o povo prometeu oferecer um pão doce especial, a fogaça, a todos os pobres, no dia devotado a S. Sebastião.
Desde então, numa tradição que se tornou uma referência histórica e cultural para a região é cumprida a promessa no dia do padroeiro de Santa Maria da Feira, 20 de janeiro.
Embora haja muito a registrar, de experiências prazerosas no encontro de pessoas e de lugares, de espaços de trabalho no campo do livro e da leitura – e isso tudo poderá ainda ser aqui registrado – hoje a rara leitora é convidada a conhecer um pouco de uma linda “festa do interior”, onde toda a comunidade se envolve, de uma forma ou de outra.
Clique abaixo e visite o álbum de fotografias onde registramos parte da Festa, a procissão das Fogaceiras, que este ano teve um percurso diferente.
http://picasaweb.google.com/anibalbraganca/FestaDasFogaceirasEmSantaMariaDaFeiraPortugal2008
Para saber mais de Santa Maria da Feira e da Festa das Fogaceiras, sugerimos algumas viagens virtuais:
http://www.flickr.com/photos/vitor107/sets/1419586/
http://www.cm-feira.pt/turismo/fogaceiras/inicio.html
http://www.castelodafeira.com/
http://www.viagemmedieval.com/
http://www.biblioteca.cm-feira.pt:8080/#focus
http://www.imaginarius.pt/
http://projectoteclar.blogspot.com/2008/01/festa-das-fogaceiras.html
http://retratosdeviagens.blogspot.com/2007/01/festa-das-fogaceiras-santa-maria-da.html
http://lucernademecenas.blogspot.com/2008/01/festa-das-fogaceiras.html
As comunidades de emigrantes das Terras de Santa Maria espalhadas por vários países também comemoram o dia de São Sebastião com a Festa das Fogaceiras:
Veja na Venezuela:
http://www.correiodevenezuela.com/Venezuela.php?IdVenezuela=1671&Leyenda=242
E no Brasil: Leia o artigo deste blogueiro, escrito em 2004:
“Um sucesso a Festa das Fogaceiras no Rio de Janeiro”.
http://cultura-letrada.googlegroups.com/web/AB%20Um%20sucesso%20a%20Festa%20das%20Fogaceiras%20no%20Rio%20de%20Janeiro.rtf?gda=r2c66WsAAACpCe5Kckrw0GKQiPsG0a29vUu2TdxNCGTiJ8_mTwWjqWG1qiJ7UbTIup-M2XPURDTPivmw0G_4_kHtN9sT28Lfyu0Ak4DPZ-7gTzd29cUOE3dOh-q__8KM-PK7sOYHf-vzv92murRRjN8aGyti3ZzK
http://retratosdeviagens.blogspot.com/2007/01/festa-das-fogaceiras-santa-maria-da.html
http://lucernademecenas.blogspot.com/2008/01/festa-das-fogaceiras.html
As comunidades de emigrantes das Terras de Santa Maria espalhadas por vários países também comemoram o dia de São Sebastião com a Festa das Fogaceiras:
Veja na Venezuela:
http://www.correiodevenezuela.com/Venezuela.php?IdVenezuela=1671&Leyenda=242
E no Brasil: Leia o artigo deste blogueiro, escrito em 2004:
“Um sucesso a Festa das Fogaceiras no Rio de Janeiro”.
http://cultura-letrada.googlegroups.com/web/AB%20Um%20sucesso%20a%20Festa%20das%20Fogaceiras%20no%20Rio%20de%20Janeiro.rtf?gda=r2c66WsAAACpCe5Kckrw0GKQiPsG0a29vUu2TdxNCGTiJ8_mTwWjqWG1qiJ7UbTIup-M2XPURDTPivmw0G_4_kHtN9sT28Lfyu0Ak4DPZ-7gTzd29cUOE3dOh-q__8KM-PK7sOYHf-vzv92murRRjN8aGyti3ZzK
As fotos acima foram reproduzidas de material de divulgação da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Natal, caridade e solidariedade, vistos por Marcelo Salles
Fazendo media, é um jornal que nasceu na faculdade em que trabalho, o IACS/UFF, com um grupo de alunos, no qual se destacava Marcelo Salles. Sempre com um olhar crítico sobre a mídia, o jornal logo cresceu, formou boa equipe e se tornou respeitável sem deixar de ser crítico.
O trecho abaixo é do último artigo de Marcelo Salles, lúcido como sempre, publicado no Fazendo Media:
(...)
O Natal marca o nascimento de Jesus Cristo, alguém que lutou contra a desigualdade, expulsou os capitalistas do templo e foi preso por isso. Foi torturado por isso. Foi crucificado por isso. Jesus foi um preso político, é sempre bom lembrar - sobretudo nessa época em que filmes e propagandas de presentes caros despolitizam o significado do Natal.
Jesus Cristo também nos ensinou a solidariedade, que depois a Igreja capitalista tentou transformar em caridade. São coisas diferentes. A caridade é vertical, ela humilha quem recebe. Por outro lado, solidariedade é estar ao lado de quem precisa. É pegar chuva, sentir fome, frio, medo, apenas para confortar alguém com sua presença. E se a caridade pode ser cotada pelo mercado, além de aliviar consciências em troca de moedas, a solidariedade desconhece tais valores.
Enquanto tentam reduzir o significado do Natal a uma corrida maluca por presentes, quero deixar registrado o seguinte: pro inferno esse sistema e sua mídia que incentivam o consumo desenfreado enquanto milhões passam fome.
E tem outra coisa: por mais que sua máquina trabalhe a todo vapor para impor um comportamento alienado, haverá sempre aqueles que em vez de presentes caros trocam abraços sinceros. Aqueles que não cedem aos apelos consumistas e compreendem que o mais importante é sentir o coração do companheiro batendo, bem pertinho do seu peito. Onde há a vida que respeita a vida. E é essa vida, esse carinho, essa ternura que transformarão o planeta num lugar mais justo para se viver.
(...)
Fique sabendo um pouco mais sobre o mundo contemporâneo, rara e raro leitor, lendo a íntegra do (excelente) artigo de Marcelo Salles, “Pro inferno a mídia e seu Natal!”, clicando aqui:
http://www.fazendomedia.com/diaadia/nota261206.htm
O trecho abaixo é do último artigo de Marcelo Salles, lúcido como sempre, publicado no Fazendo Media:
(...)
O Natal marca o nascimento de Jesus Cristo, alguém que lutou contra a desigualdade, expulsou os capitalistas do templo e foi preso por isso. Foi torturado por isso. Foi crucificado por isso. Jesus foi um preso político, é sempre bom lembrar - sobretudo nessa época em que filmes e propagandas de presentes caros despolitizam o significado do Natal.
Jesus Cristo também nos ensinou a solidariedade, que depois a Igreja capitalista tentou transformar em caridade. São coisas diferentes. A caridade é vertical, ela humilha quem recebe. Por outro lado, solidariedade é estar ao lado de quem precisa. É pegar chuva, sentir fome, frio, medo, apenas para confortar alguém com sua presença. E se a caridade pode ser cotada pelo mercado, além de aliviar consciências em troca de moedas, a solidariedade desconhece tais valores.
Enquanto tentam reduzir o significado do Natal a uma corrida maluca por presentes, quero deixar registrado o seguinte: pro inferno esse sistema e sua mídia que incentivam o consumo desenfreado enquanto milhões passam fome.
E tem outra coisa: por mais que sua máquina trabalhe a todo vapor para impor um comportamento alienado, haverá sempre aqueles que em vez de presentes caros trocam abraços sinceros. Aqueles que não cedem aos apelos consumistas e compreendem que o mais importante é sentir o coração do companheiro batendo, bem pertinho do seu peito. Onde há a vida que respeita a vida. E é essa vida, esse carinho, essa ternura que transformarão o planeta num lugar mais justo para se viver.
(...)
Fique sabendo um pouco mais sobre o mundo contemporâneo, rara e raro leitor, lendo a íntegra do (excelente) artigo de Marcelo Salles, “Pro inferno a mídia e seu Natal!”, clicando aqui:
http://www.fazendomedia.com/diaadia/nota261206.htm
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quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
“O ano do Porco é um ano de plenitude.”
A afirmação acima foi pinçada do livro Manual do Horóscopo Chinês, de Theodora Lau, publicado pela editora Pensamento (7a. edição, p. 210). Mesmo tendo sido num ano do Porco (ou Javali) em que recebi um dos maiores presentes na vida, o nascimento de minha filha Joana, nem sempre ele foi um ano favorável a este neoblogueiro nascido em um ano do Macaco. Entretanto, como acertadamente assinalou o amigo Cláudio Giordano, 2007 foi, para mim, um ano generoso e pródigo em alegrias.
Além de ter recebido a Medalha Professor Felisberto de Carvalho, concedida pela Câmara Municipal de Niterói em reconhecimento a serviços prestados na área da Educação, por iniciativa do vereador André Diniz, atual Secretário de Cultura, e o título Intelectual do Ano, concedido pelo Grupo Mônaco de Cultura, presidido por Luís Antônio Pimentel, honrarias que devemos, especialmente, às amizades construídas através de e com os livros (leia algumas referências do que disseram sobre livros e amizade o nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade, e o filósofo alemão Peter Sloterdijk, em nossa postagem de abril de 2007, dia 6 - no arquivo, ao lado), tivemos também, no âmbito dos trabalhos acadêmicos, excelentes notícias.
O LIHED (Núcleo de Pesquisa sobre Livro e História Editorial no Brasil), que coordenamos no IACS/UFF, teve dois projetos aprovados para o recebimento de apoios: "Memória Editorial: preservando fontes primárias para a história da vida literária brasileira (1854-1954)", aprovado no Programa Petrobrás Cultural e na Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), do MinC, irá receber investimentos com base na Lei Rouanet.
E, ainda, o projeto para a criação do Centro de Memória Editorial na Universidade Federal Fluminense (UFF), submetido à Faperj (Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), também foi aprovado e já teve recursos liberados para sua implementação.
Assim, após um ano de colheitas, podemos esperar que 2008 seja um ano de muitos trabalhos e, assim, uma grande oportunidade de crescimento.
Obrigado a Deus e aos homens e mulheres participantes desta comunidade de amor aos livros, à vida, à ética, à amizade desinteressada, pelo ano de plenitude que nos foi dado vivenciar em 2007.
Boas Festas e um Ano Novo de realizações e sucessos, de paz e felicidade, é o que lhes desejamos, rara e raro leitores, responsáveis pelo tempo que dedicamos a este espaço, criado a 3 de março de 2007, com uma postagem em homenagem à relação da criança com o livro, através das experiências de minha neta Ana, filha de Joana, meu presente maior em 1971, um Ano do Porco.
Além de ter recebido a Medalha Professor Felisberto de Carvalho, concedida pela Câmara Municipal de Niterói em reconhecimento a serviços prestados na área da Educação, por iniciativa do vereador André Diniz, atual Secretário de Cultura, e o título Intelectual do Ano, concedido pelo Grupo Mônaco de Cultura, presidido por Luís Antônio Pimentel, honrarias que devemos, especialmente, às amizades construídas através de e com os livros (leia algumas referências do que disseram sobre livros e amizade o nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade, e o filósofo alemão Peter Sloterdijk, em nossa postagem de abril de 2007, dia 6 - no arquivo, ao lado), tivemos também, no âmbito dos trabalhos acadêmicos, excelentes notícias.
O LIHED (Núcleo de Pesquisa sobre Livro e História Editorial no Brasil), que coordenamos no IACS/UFF, teve dois projetos aprovados para o recebimento de apoios: "Memória Editorial: preservando fontes primárias para a história da vida literária brasileira (1854-1954)", aprovado no Programa Petrobrás Cultural e na Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), do MinC, irá receber investimentos com base na Lei Rouanet.
E, ainda, o projeto para a criação do Centro de Memória Editorial na Universidade Federal Fluminense (UFF), submetido à Faperj (Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), também foi aprovado e já teve recursos liberados para sua implementação.
Assim, após um ano de colheitas, podemos esperar que 2008 seja um ano de muitos trabalhos e, assim, uma grande oportunidade de crescimento.
Obrigado a Deus e aos homens e mulheres participantes desta comunidade de amor aos livros, à vida, à ética, à amizade desinteressada, pelo ano de plenitude que nos foi dado vivenciar em 2007.
Boas Festas e um Ano Novo de realizações e sucessos, de paz e felicidade, é o que lhes desejamos, rara e raro leitores, responsáveis pelo tempo que dedicamos a este espaço, criado a 3 de março de 2007, com uma postagem em homenagem à relação da criança com o livro, através das experiências de minha neta Ana, filha de Joana, meu presente maior em 1971, um Ano do Porco.
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sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
Francisco Frias, recital no Teatro da UFF

O recital de Francisco Frias foi um dos pontos altos na solenidade em homenagem a este neoblogueiro, quando do recebimento do título de Intelectual do Ano 2007-2008, concedido pelo Grupo Mônaco de Cultura, de Niterói (RJ), em 1º de dezembro último.
Assista ao vídeo, rara ou raro leitor, de duas das peças ali apresentadas, clicando nos endereços abaixo:
Um arioso de Bach
http://br.youtube.com/watch?v=zvhgHYdQkk0
Estudo, de Villa-Lobos
http://br.youtube.com/watch?v=ft67LlV6HoA
Veja também:
Música de Invenção, no MAC – Niterói
http://br.youtube.com/watch?v=jelApiEt--M&NR=1
A foto é de Servus Dei.
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quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Fernando Pessoa: "Vi Jesus Cristo descer à terra"

“O guardador de rebanhos” (1911-1912)
VIII
Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como um fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas –
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes do o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
VIII
Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como um fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas –
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes do o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Leia (ou releia) o texto integral deste poema clicando abaixo:
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Era uma vez... Natal com as dicas da Ophicina Recreare
Rara ou raro leitor, especialmente se tem crianças em casa, leia o que indica Celina Bragança (desculpem a corujice de pai...), responsável pela Ophicina Recreare, de São Paulo, para fazê-las entrar na festa de um modo mais participativo, com atividades em que se criam brinquedos no clima de Natal.
A matéria, publicada no sítio virtual da Abril.com, é de Michelle Veronese:
Pais e bebês – todos podem entrar no mundo mágico do Papai Noel. Mas, antes de pôr a mão na massa e produzir os brinquedos e enfeites natalinos inventados pela educadora Celina Bragança, coordenadora da Ophicina Recreare, em São Paulo, crie o clima de faz-de-conta com algumas histórias.
Era uma vez... Bem, para começar, por que não contar ao pequeno a própria lenda do Bom Velhinho? Depois explique que as guirlandas servem para anunciar a chegada do Natal e que, antigamente, as pessoas costumavam decorar o pinheiro com frutas e doces para deixar a festa ainda mais saborosa.
Uma outra dica – válida principalmente para os bebês – é fingir que você é o Papai ou a Mamãe Noel. “Diga a seu filho que ele acaba de ser eleito o novo duende que vai ajudá-lo na fábrica de brinquedos”, ensina Celina, que coordena oficinas de arte para crianças há mais de dez anos. Para simbolizar o papel de cada um nessa brincadeira, vocês não precisam se fantasiar. “Um simples detalhe na vestimenta, como um chapéu feito de jornal ou um lenço verde no pescoço, é suficiente para a criança ver a situação com outros olhos”, diz a educadora.
Leia mais: http://www.bebe.com.br/familia/natal/fabrica.php
Ophicina Recreare Assessoria Pedagógica e Desenvolvimento Humano
11 5096 1474 11 9332 8666
celina@ophicinarecreare.com.br
A matéria, publicada no sítio virtual da Abril.com, é de Michelle Veronese:
Pais e bebês – todos podem entrar no mundo mágico do Papai Noel. Mas, antes de pôr a mão na massa e produzir os brinquedos e enfeites natalinos inventados pela educadora Celina Bragança, coordenadora da Ophicina Recreare, em São Paulo, crie o clima de faz-de-conta com algumas histórias.
Era uma vez... Bem, para começar, por que não contar ao pequeno a própria lenda do Bom Velhinho? Depois explique que as guirlandas servem para anunciar a chegada do Natal e que, antigamente, as pessoas costumavam decorar o pinheiro com frutas e doces para deixar a festa ainda mais saborosa.
Uma outra dica – válida principalmente para os bebês – é fingir que você é o Papai ou a Mamãe Noel. “Diga a seu filho que ele acaba de ser eleito o novo duende que vai ajudá-lo na fábrica de brinquedos”, ensina Celina, que coordena oficinas de arte para crianças há mais de dez anos. Para simbolizar o papel de cada um nessa brincadeira, vocês não precisam se fantasiar. “Um simples detalhe na vestimenta, como um chapéu feito de jornal ou um lenço verde no pescoço, é suficiente para a criança ver a situação com outros olhos”, diz a educadora.
Leia mais: http://www.bebe.com.br/familia/natal/fabrica.php
Ophicina Recreare Assessoria Pedagógica e Desenvolvimento Humano
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S. Paulo.
Melancolia revisitada, Henrique Chaudon

Suspenso, o trabalho; pelo chão, esparsas, as ferramentas. O artífice sonda distantes mundos factíveis. Na destra, o compasso imóvel. A sinistra sustém o peso de milênios. Sentado ele está (há quanto?) e o cão ressona a seus pés.
Alado e imóvel, absorto. A matéria o rodeia, prenhe de possibilidades, clamando, convocando. O artífice sonha, todavia. O tempo escorre, o sol nasce ou se põe? Quem saberá?
Na cidade, ao longe, faz-se o comércio; há uma algaravia sem fim, os homens chegam e se vão mares a fora. E o artífice sonha. Seu pupilo estuda e aguarda o momento. Tudo está por fazer, por terminar. Mas não há pressa alguma, embora o sino possa sonar a qualquer momento, incontornável.
O lume, ao fundo, não se apaga. A tenaz pode esperar, o lenho pode esperar – não temos já aquela perfeição que repousa redondamente aos pés do artífice? Não temos já as faces lavradas e incorruptíveis de um poliedro pesando o peso do planeta?
E o artífice sonha. Enquanto durar o mundo ele estará sonhando.
O arco no horizonte longínquo (que o artífice não vê) parece selar essa certeza.
Novembro de 2007
Hoje, rara leitora, temos a alegria de oferecer a você este texto do poeta e marceneiro Henrique Chaudon, inspirado na célebre gravura (em cobre) Melancolia, de Albrecht Dürer (1471-1528).
Melancolia, de 1514, já inspirou pensadores como Walter Benjamin.
O poeta Chaudon, que celebra os 30 anos de lançamento de seu primeiro livro Confissões a Baco, criou um texto original e belo, que divulgou inicialmente em seu blog A Terceira Gaveta http://aterceiragaveta.blogspot.com . Vamos revisitá-lo.
sábado, 15 de dezembro de 2007
Vida literária fluminense


O livro contém apresentação do editor, Luiz Augusto Erthal, prefácio deste neoblogueiro, “Luís Antônio Pimentel, um jovem de 95 anos”, posfácio de Roberto Kahlmeyer-Mertens, “Escritos poéticos de maturidade”, índice onomástico organizado por Paulo Roberto Cecchetti, reprodução de desenho de Miguel Coelho com imagem do autor, e breves dados biobiliográficos, além de 172 haicais, em que, mais uma vez, se manifesta a arte poética de Luís Antônio Pimentel, uma das grandes expressões da literatura de inspiração japonesa no Brasil, desde o lançamento, em 1940, de Contos do Velho Nipon, pela Editora Pongetti, do Rio de Janeiro (reeditado em 2004 no volume 2 de suas Obras Reunidas), escritos a partir do que ouviu do povo nipônico, quando se encontrava no Império do Sol Nascente (1937-1942).
Mostra com 10 dos haicais onomásticos de Luís Antônio Pimentel:
Alda Menescal
encasulou-se em silêncio,
cigarra de outono.
A poesia e o canto
fazem de Bia Bedran
uma artista múltipla.
Mais que um bibliófilo
o livreiro Carlos Mônaco
é um bibliólogo.
A Branca Eloysa
fez “Tortura nunca mais”,
flor da contra-mão.
Iderval Garcia
é o cronista da cidade,
há mais de trinta anos.
Lizete, entre livros
Na Biblioteca, relembra
Alice entre espelhos.
Mareda Bogado.
Cromo guardado num livro,
marcando um poema.
Poeta erudito,
Sávio Soares de Sousa
honra Niterói.
Teófilo Abreu,
Ícaro de asas metálicas,
é escritor brilhante.
Xavier Placer,
prazer de quem se deleita
lendo suas obras.
No último parágrafo do breve prefácio que fizemos para o livro, rara leitora, escrevemos:
Luís Antônio Pimentel é jornalista admirável, enciclopédia viva, o nosso homem de letras maior. Mais ainda, sua trajetória profissional e pessoal fez dele uma referência como homem de caráter que, corajosa e desinteressadamente, dedicou sua vida ao bom combate, em prol da justiça social, da ética, pela preservação cultural e natural de nossa cidade e ao desenvolvimento da sua vida literária e artística. Para muitos, como o autor destas linhas, acima de tudo, um ser humano exemplar.
Para ler o texto completo, acesse:
http://luis-antonio-pimentel.googlegroups.com/web/AB%20Pref%C3%A1cio%20de%20Haicais%20onom%C3%A1sticos.%20de%20Lu%C3%ADs%20Ant%C3%B4nio%20Pimentel.doc?gda=8tAfdYUAAADAIT4LJkmJPBoCzxI4N34WpAz2esWwv1iPXTtZ-FmnRmG1qiJ7UbTIup-M2XPURDTfuA5gXE31mWDRwZQtGpOR6HGeoFaXcchSwXYrXqJGencvSBczhlv53d2sTn0RV3Kz29_BScpSxylOv0rBEfbjhTTldnVP-dYYkGLdNA0XYaHYw_ffs4YRXEc98gG44HY
Leia também o texto do Posfácio de Roberto Kahlmeyer-Mertens, "Escritos poéticos de maturidade", clicando abaixo:
http://luis-antonio-pimentel.googlegroups.com/web/LAP%20Haicais%20Onom%C3%A1sticos%20Posf%C3%A1cio%20Roberto%20Kahlmeyer.doc?gda=-2bKo3EAAADp5uaX4uIxH_B0dOaPQzh7OQkJ2hSV0-NMSb6jc7GTWmG1qiJ7UbTIup-M2XPURDQjh3Gnz5Djkl-Od0RsUjrRNH0cmahAb_adlEIs3Y84Lc4Ei0xgn2dgCKQzNFFLL7ePiLvlxD9MyPF1E6svJYdo5KylSQ9gG5gUBwiOovY3VA
Acesse o álbum com as fotos do evento, clicando aqui:
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
CONVITE(s) –Espetáculo musical, sessão solene e festas de confraternização
Estamos entrando no período natalino, onde as oportunidades de encontrarmos e confraternizarmos com amigos e amigas, rara leitora, é muito maior. Vamos aproveitar?
Estes são alguns dos convites que recebi e que, infelizmente, não poderei todos aceitar, mas que bem gostaria. Quem sabe você, leitor, poderá aproveitar. Ficam as sugestões.
Dia 17, segunda-feira:
18h:
Espetáculo musical “Quem canta faz a hora”, em homenagem a Roquette Pinto e à Era do Rádio. Grupo Cantores do Chuveiro. Roteiro de Ricardo Cravo Albin.
Teatro Raimundo Magalhães Júnior – Academia Brasileira de Letras
Av. Presidente Wilson, 203 – 2º andar
Entrada livre (teatro limitado a 400 lugares). Informações: tel. 3974-2500
19h:
Sessão Solene de entrega da Medalha Professor Felisberto de Carvalho a
Ildika Marcela Tholt de Vasconcellos e Ana Lúcia Pereira Zullo (da Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa). Proposta do Vereador Felipe Peixoto.
Auditório Brígido Tinoco – Câmara Municipal de Niterói
Av. Amaral Peixoto, 625 – Centro – Tel. 2722-1212
A partir das 21h: Confraternização de troca de folhinha (ou calendário)!
Dino Rangel, grande guitarrista, estará tocando e recebendo seus amigos e parceiros musicais para fechar o ano com muitas - e boas - notas musicais.
Bar São Dom Dom, na Pça. de São Domingos, Niterói.
Leve um calendário legal para trocar com alguém.
Dia 19 de dezembro, quarta-feira, às 20:00 horas.
Lançamento do CD Poesia de Boca.
Com show dos poetas de boca e confraternização de fim de ano.
Varandas Cultural, Rua do Lavradio, 74, Lapa – Rio de Janeiro.
Produção: Site Alma de Poeta e Editora Contemporânea.
Para saber mais, veja o vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=05oLL6_02_4
Dia 27 de dezembro, última quinta-feira do ano, 21:00h.
“Na Casa dos 40..." – Terceira festa, com músicas que marcaram décadas.
Espaço Itaipava, Estrada Francisco da Cruz Nunes, 4515 (na descida da Estrada Velha, em frente à Citroën). Niterói - RJ
Informações: nacasados40@gmail.com
Estes são alguns dos convites que recebi e que, infelizmente, não poderei todos aceitar, mas que bem gostaria. Quem sabe você, leitor, poderá aproveitar. Ficam as sugestões.
Dia 17, segunda-feira:
18h:
Espetáculo musical “Quem canta faz a hora”, em homenagem a Roquette Pinto e à Era do Rádio. Grupo Cantores do Chuveiro. Roteiro de Ricardo Cravo Albin.
Teatro Raimundo Magalhães Júnior – Academia Brasileira de Letras
Av. Presidente Wilson, 203 – 2º andar
Entrada livre (teatro limitado a 400 lugares). Informações: tel. 3974-2500
19h:
Sessão Solene de entrega da Medalha Professor Felisberto de Carvalho a
Ildika Marcela Tholt de Vasconcellos e Ana Lúcia Pereira Zullo (da Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa). Proposta do Vereador Felipe Peixoto.
Auditório Brígido Tinoco – Câmara Municipal de Niterói
Av. Amaral Peixoto, 625 – Centro – Tel. 2722-1212
A partir das 21h: Confraternização de troca de folhinha (ou calendário)!
Dino Rangel, grande guitarrista, estará tocando e recebendo seus amigos e parceiros musicais para fechar o ano com muitas - e boas - notas musicais.
Bar São Dom Dom, na Pça. de São Domingos, Niterói.
Leve um calendário legal para trocar com alguém.
Dia 19 de dezembro, quarta-feira, às 20:00 horas.
Lançamento do CD Poesia de Boca.
Com show dos poetas de boca e confraternização de fim de ano.
Varandas Cultural, Rua do Lavradio, 74, Lapa – Rio de Janeiro.
Produção: Site Alma de Poeta e Editora Contemporânea.
Para saber mais, veja o vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=05oLL6_02_4
Dia 27 de dezembro, última quinta-feira do ano, 21:00h.
“Na Casa dos 40..." – Terceira festa, com músicas que marcaram décadas.
Espaço Itaipava, Estrada Francisco da Cruz Nunes, 4515 (na descida da Estrada Velha, em frente à Citroën). Niterói - RJ
Informações: nacasados40@gmail.com
Um novo livro de Luís Antônio Pimentel
É com muita alegria que a convidamos, rara leitora, e todos os admiradores de Luís Antônio Pimentel a conhecerem o seu livro mais recente, Haicais onomásticos, que será lançado pela editora NitPress, em manhã de autógrafos na Livraria Ideal, em Niterói, amanhã, sábado, dia 15, a partir de 10h.
Sobre essa obra, o jornalista Luis Erthal, seu editor, escreveu:
Haicais onomásticos, de Luís Antônio Pimentel
Presença marcante ao longo de várias décadas no cenário cultural fluminense, Luís Antônio Pimentel inverte os papéis e abdica, aos 95 anos, da posição de homenageado, transformando-se em galardoador de seus amigos e admiradores. Introdutor do cânone do haicai no Brasil, que trouxe em 1942 do Japão, onde travou contato com os discípulos de Bashô Matsuo durante cinco anos, tendo sido o primeiro poeta brasileiro traduzido para o japonês, ele lança, pela editora Nitpress, um livro de haicais onomásticos em que homenageia 172 nomes significativos da vida cultural e literária do Estado do Rio, particularmente de Niterói, cidade que adotou para viver ainda menino.
Sobre essa obra, o jornalista Luis Erthal, seu editor, escreveu:
Haicais onomásticos, de Luís Antônio Pimentel
Presença marcante ao longo de várias décadas no cenário cultural fluminense, Luís Antônio Pimentel inverte os papéis e abdica, aos 95 anos, da posição de homenageado, transformando-se em galardoador de seus amigos e admiradores. Introdutor do cânone do haicai no Brasil, que trouxe em 1942 do Japão, onde travou contato com os discípulos de Bashô Matsuo durante cinco anos, tendo sido o primeiro poeta brasileiro traduzido para o japonês, ele lança, pela editora Nitpress, um livro de haicais onomásticos em que homenageia 172 nomes significativos da vida cultural e literária do Estado do Rio, particularmente de Niterói, cidade que adotou para viver ainda menino.
As pobres práticas de leitura no Brasil
Apesar de se basear em pesquisa feita em 2005, reproduzimos aqui texto de nosso interesse, meu e seu, rara leitora, divulgado no sítio virtual Blue Bus http://www.blubus.com.br/ - vale visitar.
Torcemos que seja efetivamente realizado o Programa Mais Cultura, do governo federal (ver abaixo), juntamente com uma grande mobilização da sociedade brasileira em favor da redução da ignominiosa desigualdade social no país, que favoreceriam sem dúvida uma reversão do quadro de referência ao artigo de Luís Alberto Marinho:
Só 26% dos brasileiros entre 15 e 64 entendem um texto longo
Eu adoro livros, livrarias e bibliotecas. No colégio, era um dos poucos frequentadores assíduos daquela sala ampla, cheia de livros e perfumada pelos odores do papel e das capas, onde eu encontrava refúgio em histórias fantásticas. Talvez por isso eu desconfie tanto das pessoas que não lêem livros, jornais, revistas ou o Blue Bus;
Porém, infelizmente, em nosso país os livros são caros, há poucas livrarias e muitos municípios nem bibliotecas têm. Para piorar ainda mais a situaçao, só 26% dos brasileiros entre 15 e 64 anos encontram-se no nível pleno de alfabetização, ou seja, tem hoje condição de ler e compreender integralmente um texto longo. Esse dado é de uma pesquisa feita em 2005 pelo Instituto Paulo Montenegro, mantido pelo Ibope, que revela ainda que 7% da nossa população é analfabeta, 30% dos brasileiros estão no nível de alfabetização rudimentar, conseguindo apenas ler títulos ou frases e localizar uma informaçao bem explícita e 38% alcançaram o nível básico, traduzido pela capacidade de ler textos curtos que exijam pequena inferência.
Uma das descobertas mais interessantes desse trabalho diz respeito à relação estabelecida entre a leitura de livros e a queda no índice de analfabetismo funcional - a capacidade de compreensão do conteúdo lido. Levantamento feito em São Paulo com 800 presidiários mostrou que a qualidade da leitura entre eles é melhor do que a média nacional, consequência do maior consumo de livros, revistas e jornais. Uma das possíveis conclusões dessa pesquisa é que o aumento da leitura de livros no país conduziria a uma elevação no percentual de pessoas com plena compreensão dos textos. Entretanto, dados de 2001 da Câmara Brasileira do Livro davam conta de que o brasileiro lê apenas 1,8 livros por ano, enquanto o francês devora em média 7 volumes no mesmo período.
Como todos sabem, há carência no país de trabalhadores qualificados. Ao mesmo tempo, estudos comprovam que o salário médio dos trabalhadores mais capacitados é significativamente maior do que a média. A conclusão é óbvia - um país com mais leitores seria um país mais desenvolvido, mais rico, composto por famílias com maior renda e, por conseguinte, com maior potencial de consumo. Por isso, eu sugiro - no próximo fim de semana faça uma limpa na sua casa, pegue todos os livros que você guarda e não vai reler nunca mais e entregue a uma biblioteca pública ou a uma entidade que coordene programas de popularizaçao da leitura. O país vai ficar melhor - e a sua consciência também.
Fonte: http://www.blubus.com.br/show.php?p=1&id=80925&st=busca
Visite também o excelente Verdes Trigos, que primeiro chamou minha atenção para esse texto:
http://www.verdestrigos.org/agora/2007_12_09_archive.asp#2354708288937673135
Torcemos que seja efetivamente realizado o Programa Mais Cultura, do governo federal (ver abaixo), juntamente com uma grande mobilização da sociedade brasileira em favor da redução da ignominiosa desigualdade social no país, que favoreceriam sem dúvida uma reversão do quadro de referência ao artigo de Luís Alberto Marinho:
Só 26% dos brasileiros entre 15 e 64 entendem um texto longo
Eu adoro livros, livrarias e bibliotecas. No colégio, era um dos poucos frequentadores assíduos daquela sala ampla, cheia de livros e perfumada pelos odores do papel e das capas, onde eu encontrava refúgio em histórias fantásticas. Talvez por isso eu desconfie tanto das pessoas que não lêem livros, jornais, revistas ou o Blue Bus;
Porém, infelizmente, em nosso país os livros são caros, há poucas livrarias e muitos municípios nem bibliotecas têm. Para piorar ainda mais a situaçao, só 26% dos brasileiros entre 15 e 64 anos encontram-se no nível pleno de alfabetização, ou seja, tem hoje condição de ler e compreender integralmente um texto longo. Esse dado é de uma pesquisa feita em 2005 pelo Instituto Paulo Montenegro, mantido pelo Ibope, que revela ainda que 7% da nossa população é analfabeta, 30% dos brasileiros estão no nível de alfabetização rudimentar, conseguindo apenas ler títulos ou frases e localizar uma informaçao bem explícita e 38% alcançaram o nível básico, traduzido pela capacidade de ler textos curtos que exijam pequena inferência.
Uma das descobertas mais interessantes desse trabalho diz respeito à relação estabelecida entre a leitura de livros e a queda no índice de analfabetismo funcional - a capacidade de compreensão do conteúdo lido. Levantamento feito em São Paulo com 800 presidiários mostrou que a qualidade da leitura entre eles é melhor do que a média nacional, consequência do maior consumo de livros, revistas e jornais. Uma das possíveis conclusões dessa pesquisa é que o aumento da leitura de livros no país conduziria a uma elevação no percentual de pessoas com plena compreensão dos textos. Entretanto, dados de 2001 da Câmara Brasileira do Livro davam conta de que o brasileiro lê apenas 1,8 livros por ano, enquanto o francês devora em média 7 volumes no mesmo período.
Como todos sabem, há carência no país de trabalhadores qualificados. Ao mesmo tempo, estudos comprovam que o salário médio dos trabalhadores mais capacitados é significativamente maior do que a média. A conclusão é óbvia - um país com mais leitores seria um país mais desenvolvido, mais rico, composto por famílias com maior renda e, por conseguinte, com maior potencial de consumo. Por isso, eu sugiro - no próximo fim de semana faça uma limpa na sua casa, pegue todos os livros que você guarda e não vai reler nunca mais e entregue a uma biblioteca pública ou a uma entidade que coordene programas de popularizaçao da leitura. O país vai ficar melhor - e a sua consciência também.
Fonte: http://www.blubus.com.br/show.php?p=1&id=80925&st=busca
Visite também o excelente Verdes Trigos, que primeiro chamou minha atenção para esse texto:
http://www.verdestrigos.org/agora/2007_12_09_archive.asp#2354708288937673135
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
No Seminário Nacional PNLL - Bibliotecas no +Cultura

deste neoblogueiro, editado pela Eduff/Pasárgada.
Atendendo a convite do professor José Castilho Marques Neto, secretário-executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), este neoblogueiro participou do Seminário Nacional PNLL – Bibliotecas no +Cultura, realizado no Hotel Mercure (Paraíso), em São Paulo, nos dias 11 e 12 do corrente mês de dezembro.
Segundo a proposta dos organizadores, a finalidade do Seminário, ao reunir o Comitê Diretivo e Coordenação Executiva do PNLL, a Coordenadoria do Livro e da Leitura do MinC, representada por Jéferson Assunção, e Carlos Alberto Xavier, do MEC, especialistas em leitura e bibliotecas e líderes de experiências exitosas na área, foi a de obter sugestões para uma estratégia de implantação dos primeiros programas em todos os níveis do programa +Cultura, formatando metodologias, planejamento, procedimentos práticos e critérios de escolha das sedes dos primeiros projetos pilotos.
Tais sugestões irão oferecer subsídios para o Estado nas ações do programa de bibliotecas, de forma a reunir e otimizar forças, recursos humanos e financeiros, buscando resultados com maior grau de eficiência.
O evento foi aberto com brilhante exposição de Gonzalo Oyarzún S., diretor da Biblioteca de Santiago, http://www.bibliotecadesantiago.cl/ , que pode ser definida como uma “biblioteca pública do século XXI”.
Seguiram-se três mesas-redondas com os seguintes temas: “Bibliotecas referenciais e bibliotecas-parques”, “Bibliotecas médias e pequenas” e “Pontos e pontões de leitura – Bibliotecas Comunitárias”.
Após dois dias de debates, os resultados foram sintetizados no relatório final, onde as diferentes contribuições poderão significar o alcance pleno dos objetivos propostos.
Segundo a proposta dos organizadores, a finalidade do Seminário, ao reunir o Comitê Diretivo e Coordenação Executiva do PNLL, a Coordenadoria do Livro e da Leitura do MinC, representada por Jéferson Assunção, e Carlos Alberto Xavier, do MEC, especialistas em leitura e bibliotecas e líderes de experiências exitosas na área, foi a de obter sugestões para uma estratégia de implantação dos primeiros programas em todos os níveis do programa +Cultura, formatando metodologias, planejamento, procedimentos práticos e critérios de escolha das sedes dos primeiros projetos pilotos.
Tais sugestões irão oferecer subsídios para o Estado nas ações do programa de bibliotecas, de forma a reunir e otimizar forças, recursos humanos e financeiros, buscando resultados com maior grau de eficiência.
O evento foi aberto com brilhante exposição de Gonzalo Oyarzún S., diretor da Biblioteca de Santiago, http://www.bibliotecadesantiago.cl/ , que pode ser definida como uma “biblioteca pública do século XXI”.
Seguiram-se três mesas-redondas com os seguintes temas: “Bibliotecas referenciais e bibliotecas-parques”, “Bibliotecas médias e pequenas” e “Pontos e pontões de leitura – Bibliotecas Comunitárias”.
Após dois dias de debates, os resultados foram sintetizados no relatório final, onde as diferentes contribuições poderão significar o alcance pleno dos objetivos propostos.
Para outras informações sobre o Programa Mais+Cultura do governo federal, acesse:
http://www.cultura.gov.br/site/?p=8237
Veja pequeno álbum de fotografias do Seminário: http://picasaweb.google.com/anibalbraganca/SeminRioNacionalPNLLBibliotecasNoCultura
A Biblioteca Estadual de Niterói foi lembrada durante as discussões, dentre outras, como uma das possíveis bibliotecas referenciais a serem beneficiadas pelo programa +Cultura. Criada em 1935, esta foi a biblioteca central do antigo Estado do Rio de Janeiro, e é hoje a segunda biblioteca pública em importância no Estado. Com 75 mil volumes, guarda preciosidades da memória fluminense, incluindo livros e documentos raros.
Veja pequeno álbum de fotografias do Seminário: http://picasaweb.google.com/anibalbraganca/SeminRioNacionalPNLLBibliotecasNoCultura
A Biblioteca Estadual de Niterói foi lembrada durante as discussões, dentre outras, como uma das possíveis bibliotecas referenciais a serem beneficiadas pelo programa +Cultura. Criada em 1935, esta foi a biblioteca central do antigo Estado do Rio de Janeiro, e é hoje a segunda biblioteca pública em importância no Estado. Com 75 mil volumes, guarda preciosidades da memória fluminense, incluindo livros e documentos raros.
Segundo Ana Lígia Medeiros, diretora do Departamento Geral de Bibliotecas do Estado do Rio: “Pela sua história e também pela sua arquitetura, a Biblioteca Estadual de Niterói deve oferecer ao cidadão acomodações mais modernas”. Hoje, afirma, “recebemos cerca de 400 pessoas por dia, mas temos possibilidade de ampliar esse público”.
A BEN está instalada num prédio em estilo neoclássico, tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual, ocupando uma área de 1500m2, em dois pavimentos, na bela Praça da República, no centro de Niterói. Ali funcionam as salas de pesquisa e empréstimo domiciliar, sala de cursos e salão para exposições, além da Academia Fluminense de Letras.
Em recente visita à BEN, o Deputado Rodrigo Neves prometeu empenhar-se na busca de recursos para as obras do prédio que há 25 anos não passa por uma reforma abrangente.
Para mais informações, acessar: http://www.bperj.rj.gov.br/eventos.asp?mes=10&ano=2007
A BEN está instalada num prédio em estilo neoclássico, tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual, ocupando uma área de 1500m2, em dois pavimentos, na bela Praça da República, no centro de Niterói. Ali funcionam as salas de pesquisa e empréstimo domiciliar, sala de cursos e salão para exposições, além da Academia Fluminense de Letras.
Em recente visita à BEN, o Deputado Rodrigo Neves prometeu empenhar-se na busca de recursos para as obras do prédio que há 25 anos não passa por uma reforma abrangente.
Para mais informações, acessar: http://www.bperj.rj.gov.br/eventos.asp?mes=10&ano=2007
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Roberto dos Santos Almeida: saudação a Aníbal Bragança
Um dos pontos altos - ao lado do recital de Francisco Frias - da solenidade de entrega do título de Intelectual do Ano a este neoblogueiro foi a bela e generosa saudação feita pelo professor, escritor e crítico Roberto Santos Almeida.
Atendendo a solicitações, colocamos à disposição de nossos raros leitores o seu texto, que começa assim:
Machado de Assis registrou em “Esaú e Jacó” que o “o homem é um alfabeto de sensações”. Hoje, com inegável justiça, a LIVRARIA IDEAL e o GRUPO MÔNACO DE CULTURA homenageiam um homem que soube e sabe dar sensações extraordinárias ao alfabeto, apaixonado que é, desde a infância, pelo mundo das letras.
Brasileiríssimo, nascido em Portugal – precisamente na Vila da Feira (atual Santa Maria da Feira), no distrito de Aveiro – no dia 16 de julho de 1944. Aluno do Colégio Nilo Peçanha e do Liceu Nilo Peçanha, em Niterói, num certo tempo, lá pela década de 60, chegou a gerente de banco, local onde conheceu Victor Alegria, que o iniciou na paixão de sua vida – a arte de ser livreiro. Logo adiante, ao lado dos amigos Renato Silva Berba e Carlos Alberto Jorge, criou a Diálogo Livraria e Editora, certamente um marco cultural na vida de Niterói, mas que, um dia, em plena quartelada militar, foi invadida pela truculência da polícia política, com o nosso homenageado de agora sendo preso. A vida fluiu desde aí, felizmente, e o golpe da ignorância militar morreu, pois, como disse nosso José de Alencar, “só a ignorância aceita e a indiferença tolera o reino das mediocridades”, e o nosso intelectual de 2007/2008 foi ampliando suas atividades como livreiro.
Leia o texto completo, clicando abaixo:
A foto acima é de Ricardo Hallais Walsh.
sábado, 8 de dezembro de 2007
Intelectual do Ano – Relato aos ausentes e presentes
Fotografias de Ricardo Hallais Walsh gentilmente cedidas.
Conforme previsto, aconteceu no Teatro da UFF, a solenidade de entrega do título de Intelectual do Ano, 2007/2008, a este neoblogueiro, no último dia 1º, sábado. Com os amigos sendo recebidos pelo homenageado na entrada, foi com algum atraso que se deu o início dos trabalhos, marcado para as 10h.
O presidente Carlos Mônaco formou a mesa diretora com representantes de entidades da vida cultural niteroiense (leia o pos-scriptum).
Na platéia, que enchia o teatro, representantes da vida literária, universitária e artística da cidade, além de amigos, familiares e colegas.
Após o hino nacional, foi chamado ao palco o concertista e professor da UFF, Francisco Frias. Seu recital encantou e emocionou a todos, que o aplaudiram demoradamente.
A seguir, falou Carlos Mônaco, fazendo um histórico da homenagem Intelectual do Ano que o Grupo Mônaco de Cultura criou em 1987, relembrando as personalidades que a receberam até a edição anterior, a vigésima.
Seguiu-se a fala concisa do presidente do Grupo, jornalista e escritor Luís Antônio Pimentel.
Representando a Universidade expressou-se o Vice-Reitor, prof. Emmanuel Paiva de Andrade, manifestando regozijo pela homenagem e pela sua realização no espaço da UFF, dando as boas-vindas a todos.
Chamado a fazer a apresentação do homenageado, Roberto Santos Almeida, discursou generosa e brilhantemente sobre a trajetória deste neoblogueiro, desde sua chegada ao Brasil e à cidade de Niterói, em 1956, destacando aspectos de sua formação e atuação profissional.
A seguir foi feita a entrega ao homenageado da placa de prata, alusiva à distinção, por Carlos Mônaco, Luís Antônio Pimentel e Roberto Santos Almeida.
Assim, chegou a vez deste neoblogueiro apresentar seu discurso de agradecimentos àqueles que, desde que aportou no Brasil, o acolheram e ajudaram, incentivando o desenvolvimento de uma trajetória onde as dificuldades temperaram a determinação em busca dos objetivos superiores em que empenhou o melhor de seus esforços.
O presidente Carlos Mônaco formou a mesa diretora com representantes de entidades da vida cultural niteroiense (leia o pos-scriptum).
Na platéia, que enchia o teatro, representantes da vida literária, universitária e artística da cidade, além de amigos, familiares e colegas.
Após o hino nacional, foi chamado ao palco o concertista e professor da UFF, Francisco Frias. Seu recital encantou e emocionou a todos, que o aplaudiram demoradamente.
A seguir, falou Carlos Mônaco, fazendo um histórico da homenagem Intelectual do Ano que o Grupo Mônaco de Cultura criou em 1987, relembrando as personalidades que a receberam até a edição anterior, a vigésima.
Seguiu-se a fala concisa do presidente do Grupo, jornalista e escritor Luís Antônio Pimentel.
Representando a Universidade expressou-se o Vice-Reitor, prof. Emmanuel Paiva de Andrade, manifestando regozijo pela homenagem e pela sua realização no espaço da UFF, dando as boas-vindas a todos.
Chamado a fazer a apresentação do homenageado, Roberto Santos Almeida, discursou generosa e brilhantemente sobre a trajetória deste neoblogueiro, desde sua chegada ao Brasil e à cidade de Niterói, em 1956, destacando aspectos de sua formação e atuação profissional.
A seguir foi feita a entrega ao homenageado da placa de prata, alusiva à distinção, por Carlos Mônaco, Luís Antônio Pimentel e Roberto Santos Almeida.
Assim, chegou a vez deste neoblogueiro apresentar seu discurso de agradecimentos àqueles que, desde que aportou no Brasil, o acolheram e ajudaram, incentivando o desenvolvimento de uma trajetória onde as dificuldades temperaram a determinação em busca dos objetivos superiores em que empenhou o melhor de seus esforços.
Leia a íntegra do discurso "Ser ou não intelectual", clicando aqui:
A seguir, deu-se o encerramento da solenidade e o início de uma grande confraternização entre os presentes, que se estendeu, para alguns, ao almoço no restaurante A Mineira, em S. Francisco.
Iglair Paes Lannes escreveu: “Escolha impecável do homenageado, bela cerimônia, belo recital do Francisco Frias, muitos amigos presentes”.
Veja os álbuns de fotografias disponíveis em:
http://picasaweb.google.com.br/anibalbraganca/AnBalBraganAIntelectualDoAnoFotosDocumentosMDia
e
http://picasaweb.google.com.br/anibalbraganca/AnBalBraganAIntelectualDoAnoFotosDeRicardoHallaisWalsh
Na ocasião, o vereador Fernando de Oliveira Rodrigues entregou ao homenageado Moção de Congratulações aprovada em sessão plenária de 27/11/2007 da Câmara Municipal de Niterói. O texto da moção, em documento assinado pelo proponente e pelo presidente do legislativo,
http://picasaweb.google.com.br/anibalbraganca/AnBalBraganAIntelectualDoAnoFotosDeRicardoHallaisWalsh
Na ocasião, o vereador Fernando de Oliveira Rodrigues entregou ao homenageado Moção de Congratulações aprovada em sessão plenária de 27/11/2007 da Câmara Municipal de Niterói. O texto da moção, em documento assinado pelo proponente e pelo presidente do legislativo,
vereador José Vicente Filho, afirma em seu último parágrafo:
“O agraciado, por sua história memorável e trajetória de sucesso, com um currículo ímpar e uma vida repleta de realizações, conquistas e vitórias, e por ser um profissional reconhecido e pessoa digna, de mais lídima e honrosa conduta, reputação ilibada, homem e cidadão sério e íntegro, que sempre conduziu suas relações pessoais e profissionais com sinceridade, transparência e honestidade, legitima-se, definitivamente, a ser merecedor de mais esta justa e singela homenagem ora prestada.”
Leia a íntegra do documento em:
http://picasaweb.google.com.br/anibalbraganca/AnBalBraganAIntelectualDoAnoFotosDocumentosMDia/photo#5141316097440225522
“O agraciado, por sua história memorável e trajetória de sucesso, com um currículo ímpar e uma vida repleta de realizações, conquistas e vitórias, e por ser um profissional reconhecido e pessoa digna, de mais lídima e honrosa conduta, reputação ilibada, homem e cidadão sério e íntegro, que sempre conduziu suas relações pessoais e profissionais com sinceridade, transparência e honestidade, legitima-se, definitivamente, a ser merecedor de mais esta justa e singela homenagem ora prestada.”
Leia a íntegra do documento em:
http://picasaweb.google.com.br/anibalbraganca/AnBalBraganAIntelectualDoAnoFotosDocumentosMDia/photo#5141316097440225522
Os ritos marcam de forma indelével a vida das pessoas. Obrigado a todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para que fosse tão feliz esse momento, aos que estiveram presentes e todos os que, ausentes fisicamente, se manifestaram de diferentes formas, como telefonemas, telegramas, cartas e cumprimentos. Este, rara e raro leitor, será um dos mais ricos em significados na memória deste neoblogueiro.
PS: A mesa diretora dos trabalhos, composta pelo seu presidente, Carlos Mônaco, foi integrada por Jorge Loretti, desembargador e ex-professor da UFF, presidente da Academia Niteroiense de Letras; Edmo Rodrigues Lutterbach, promotor e procurador de Justiça, presidente da Academia Fluminense de Letras, Luís Antônio Pimentel, presidente do Grupo Mônaco de Cultura, Márcia Pessanha, presidente do Cenáculo Fluminense de História e Letras, professora e diretora da Faculdade de Educação da UFF, José Alfredo de Carvalho, presidente da Academia Brasileira de Literatura, Mila Barbosa, presidente da Associação Niteroiense de Escritores, Salvador Mata da Silva, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, Tomaz Lima, presidente do Centro da Comunidade Luso-Brasileira do Estado do Rio de Janeiro, Orlando Cerveira, presidente do Clube Português de Niterói, e Neide Barros Rego, diretora do Centro Cultural Maria Sabina. Integraram também a mesa: Emmanuel Paiva de Andrade, professor e vice-reitor da UFF, Humberto Machado, professor e pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UFF, Maria Felisberta Trindade, professora da UFF e presidente do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia da Prefeitura de Niterói, além de Roberto Santos Almeida, escritor e professor da UFF, que iria fazer a apresentação do homenageado, e este.
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