Tirei prazer de muitas coisas – de nadar, de escrever, de contemplar um nascer do sol ou um crepúsculo, de estar apaixonado e assim por diante. Mas, de algum modo, o fato central de minha vida foi a existência das palavras e a possibilidade de tecê-las em poesia. A princípio, certamente, eu era apenas um leitor. Porém acho que a felicidade de um leitor está além da de um escritor, pois o leitor não precisa experimentar aflição nem ansiedade: seu negócio é simplesmente a felicidade. E a felicidade, quando se é leitor, é freqüente. Assim, antes de passar a discorrer sobre minha produção literária, gostaria de dizer umas palavras a respeito dos livros que foram importantes para mim. Sei que essa lista abundará em omissões, tal como todas as listas. Aliás, o perigo de compor uma lista é que as omissões sobressaem e as pessoas nos tomam por insensível.
Falei alguns momentos atrás das Mil e um noites de Burton. Na verdade, quando penso nas Mil e uma noites não penso naqueles vários volumes, pesados e pedantes (ou antes empolados), mas nas que posso chamar as verdadeiras Mil e uma noites – as Mil e uma noites de Galland e, talvez, de Edward Willliam Lane.
In “O credo de um poeta”, Esse ofício do verso, tradução de José Marcos Macedo. S. Paulo: Cia. das Letras, 2000, p. 106.
O pequeno e belo livro Esse Ofício do Verso, organizado por Calin-Andrei Mihailescu, traz os textos de palestras de Jorge Luís Borges feitas em inglês na Universidade de Harvard, em 1967-1968. Ler todo o livro é conhecer a “leveza e elegância” com que um dos maiores escritores contemporâneos trata de temas ligadas à escritura e à leitura, aos “enigmas da língua e da literatura”. No capítulo O credo de um poeta, através das referências que faz aos livros mais importantes em sua formação, cara leitora, teremos um roteiro excepcional para leituras que trazem felicidade. Sobre as traduções de As mil e uma noites, devemos lembrar que já saíram, pela Globo, os primeiros volumes da primeira tradução brasileira feita diretamente do árabe, do professor da USP, Mamede Jarouche, que inclui manuscritos nem sempre incluídos nas traduções anteriores.
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sábado, 31 de maio de 2008
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