quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Auto-epitáfio de um editor, Benjamin Franklin


Aqui jaz, alimento para vermes,
O corpo de
B. Franklin,
Editor,
Tal como capa de alfarrábio
De páginas devastadas,
Despojada de letras e adornos.
Mas a obra não foi totalmente perdida:
Como ele acreditava, mais uma vez ressurgirá,
Em nova e aperfeiçoada edição,
Corrigida e ampliada,
Pelo autor.

Nascido em 6 de janeiro de 1706.
Morto em 17____
.

[Em 1728]

Segundo o apresentador do belo volume, Como escolher amantes, em pequeno formato e capa dura, os textos de Benjamin Franklin selecionados para o livro “são uma pequena amostra desse encanto e humor, o vulgar e o refinado” que caracterizam a obra do autor, produzida “desde quando era um jovem de dezesseis anos até chegar à casa dos oitenta”, e são uma oportunidade para o leitor dar uma rápida piscadela diante do retrato de Franklin (na nota de cem dólares), que o poderá surpreender com um “sorriso zombeteiro”.

Em 1748, aos 42 anos de idade, Benjamin decidiu que era rico o bastante para se aposentar como editor, mas [antes], quando tinha 22 anos e tentava iniciar a vida na Filadélfia, ele redigiu um ‘Auto-epitáfio de um editor’ (p. 107). Segundo Wilson, “era apenas uma contribuição para uma competição em que os membros do clube que ele fundara redigiram epitáfios sério-cômicos para si próprios”. Mas Franklin o incluiu em sua autobiografia, publicada 50 anos depois.


In Como escolher amantes e outros escritos. Apresentação biográfica de R. Jackson Wilson. S. Paulo: EdUnesp, 2006.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Anibal!

Assisti a um filme fantástico do François Truffaut, que me remeteu a sua aula de Práticas Sociais de Leitura. Chama-se "Fahrenheit 451". Baseado em um romance homônimo, é uma ficção futurista, onde as pessoas são controladas por um regime totalitário que as proíbe de ter contato com a leitura e a escrita. Para o Governo, os livros tornam as pessoas infelizes.

Caso não tenha assistido, eu recomendo!

Um abraço.

Aníbal Bragança disse...

Cara Daniele,
que bom ter lembrado de nosso curso ao ver o belo filme de Truffaut! Muitas vezes eu o recomendo, embora não concorde com as premissas apocalípticas, baseadas no romance de Ray Bradbury. Mas é um hino ao livro e ao poder da leitura como fontes para o questionamento do status quo e por isso reprimidos numa sociedade totalitária, que usa a TV como meio de manipular os cidadãos.
Fico muito contente com seu testemunho.
Truffaut é um dos meus cineastas preferidos.
Vale a recomendação para nossos raros leitores verem ou reveram o filme. O livro também foi editado em português, no Brasil, pela Melhoramentos.
Um abração,
Aníbal