Não sei precisar quando,
mas garanto que fui eu – engano teu! –
que tais versos escrevi.
Queres a prova, dou-te uma página
em branco (foi-me arrancado do regaço
cada filho que pari)
Felicita-me que alguém,
em outras terras, tenha,
destes versos,
se feito autor.
Que, em algum ponto,
duas almas se assemelhem tanto!,
gêmeas na alegria e na dor
Perdôo-te, Pessoa, portanto,
por teres tomado os meus versos para ti
(não é de hoje que te venho perdoando)
por assinares o que nunca escrevi.
Poema inédito em livro.
Muitas vezes lemos como se nossos fossem, de tão afins, textos que outros escreveram. Textos que muitas vezes gostaríamos de ter escrito. Isso ocorre freqüentemente quando lemos autores geniais, que captam a alma do mundo, como Fernando Pessoa, na nossa língua (e em qualquer) um dos maiores. Mas expressar isso com a beleza e complexidade que tem este Mensagem a Pessoa é privilégio de poetas! E você, rara ou raro leitor, tem algum poema inédito que aborde temas de autoria, intertextualidade e leitura para compartilhar conosco?
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Um comentário:
Como são verdadeiras as suas palavras Aníbal! Ando saudosa do meu lado apaixonado por palavras e escritos e do encantamento tão especial que encontro no seu blog... Um raro prazer e um luxo passear por aqui.
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