quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Luís Antônio Pimentel, o haicai e o filósofo na Bienal do Livro e outras notas

Roberto Kahlmeyer-Mertens, professor de filosofia, escreveu o livro Verdade-Metafísica-Poesia, um ensaio de filosofia sobre os haicais de Luís Antônio Pimentel, que, editado pela Nitpress, será lançado na Bienal do Livro, no dia 22 de setembro próximo (veja abaixo a programação parcial da Ilha "Letras de Niterói"). Nesse mesmo volume está incluída uma entrevista concedida por Pimentel ao autor, da qual podemos oferecer a você alguns excertos, como este:

K-M: O senhor é apontado como um dos responsáveis pela recepção do gênero haicai no Brasil, ao lado de Olga Savary, Helena Kolody e, mesmo, o Guilherme de Almeida, um pouco antes. Como foi seu primeiro contato com a poesia haicai?

LAP: Eu gostaria de registrar isso, pois há uma imprecisão aí. Alguns dizem que a primeira notícia que se tem do haicai no Brasil é dada no livro Miçangas de Afrânio Peixoto. Bom, tenho o livro e vou trazer para você ver... nem de longe se fala de haicai, tampouco de poesia japonesa. A primeira vez que tive contato com haicai eu tinha 14 ou 15 anos, foi na primeira edição em língua portuguesa de O tesouro da juventude. Se você tiver chance de consultar esta edição verá lá haicais traduzidos por Manuel Bandeira, mas todos com “pé quebrado”... Ali, Bandeira mostrava o haicai mas não explicava o que era, apenas apresentava e não havia um estudo sobre ele. Daí, quando fui para o Japão, com meus vinte e cinco anos (dez anos depois daquele primeiro contato) tive a sorte de conhecer um grande poeta japonês que tinha estado no Brasil com o pai, que era Chargé d’affaires. (Na época em que nosso país ainda não tinha representante diplomático, esse cargo seria o de um “encarregado de negócios”, como se fosse um Cônsul). Seu nome era Horiguchi Daigako (que significa “Grande escola”, “Universidade” em japonês) e, conversando, ele me mostrou, explicou o que era o haicai. Eu disse que não saberia fazer haicais, pois as palavras japonesas eram pequenas, quase monossilábicas como as do chinês. Daí, ele interessado em me ensinar, disse: “ ―Pimentel, como você tem coragem de me dizer isso?! Veja só na minha língua a palavra eu: watakushi (4 sílabas); a palavra. você: wanatá (3 sílabas). É uma língua em que existe sinônimo para pronomes, e pronomes de tratamento cada um para um caso específico. Então, não me venha falar em dificuldade”. Foi com ele que eu aprendi um pouco sobre a história do haicai, suas normas... foi com ele que eu soube que havia os mestres do haicai e com ele conheci a obra de Bashô. (Eu algum dia ainda vou escrever a biografia do Bashô, com os detalhes da vida dele que foi um sujeito extraordinário).

Para ler mais alguns excertos deste "Diálogo com Pimentel", acesse:
http://groups.google.com.br/group/luis-antonio-pimentel?hl=pt-BR

Convidamos você, rara ou raro leitor, a visitar a Ilha "Letras de Niterói", que pela primeira vez se formará na XIII Bienal do Livro, de 13 a 23 de setembro, no Riocentro, e a participar de suas atividades:

Programação parcial:
Sábado, 15 de setembro:
10/12h:
Lançamento do livro Fluminenses - Antologia contemporânea, volume 1, uma co-edição da Nitpress com a Academia Fluminense de Letras e com o Cenáculo Fluminense de História e
Letras.
Mesa-redonda: Literatura fluminense contemporânea, com Edmo Lutterbach, Márcia Pessanha e Carlos Mônaco.

Sábado, 22 de setembro:
10-12h:
Lançamento do livro Verdade-Metafísica-Poesia - Um ensaio de filosofia a partir dos haicais de Luís Antônio Pimentel, de Roberto Kahlmeyer-Mertens, edição da Nitpress;
Mesa-redonda: Haicais de Luís Antônio Pimentel, com Roberto Kahlmeyer-Mertens, Aníbal Bragança, Marco
Lucchesi e o próprio Luís Antônio Pimentel.
12:10 – Autógrafos de Minidicionário anticonvencional, de Sandro Pereira Rebel
13:00 – Autógrafos de A profissão do poeta & Carta aos livreiros do Brasil, organizado por Aníbal Bragança e Maria Lizete dos Santos, edição da Imprensa Oficial/RJ.

Mais informações:
http://nitpress.tripod.com/
http://www.culturaniteroi.com.br/
http://www.bienaldolivro.com.br/

3 comentários:

Anônimo disse...

Aníbal
Meu comentário sobre sua postagem do dia 6 de agosto não chegou aí ou não foi aprovada para publicar. Na dúvida, ouso insistir, com um novo comentário, para dizer que torço para que tenha muito sucesso na Bienal do Livro, nas participações do dia 22. Penso em visitar a ilha “Letras de Niterói”, mas dependerei de companhia.
Um abraço da Gracinda

Aníbal Bragança disse...

Cara Gracinda,
recebi o seu primeiro comentário, no registro sobre o lançamento da Antologia Alma de Poeta, que me trouxe muita alegria e está publicado.
Sobre a postagem do dia 6 terá sido outro? Se foi, bem que o gostaria de receber.
Espero que vá à Bienal visitar também a "Letras de Niterói", mas sugiro que envie seus livros através de Carlos Mônaco, da Ideal.
Creio que ele estará com livros da nova literatura fluminense.
Um abração,
Aníbal

Marisa Porto disse...

Eu sou fã incondicional do seu blog e de você! leio quietinha, mas hoje resolvi "declarar" publicamente!
Estarei lá na Bienal!
um beijo,
Marisa