Nestes tempos, mais do que nunca o livro continua sendo um elemento de afirmação da individualidade. Ler de forma consciente e participativa a palavra e a imagem constitui, acima de tudo, um ato de resistência cultural e social.
A palavra é o espírito, e a imagem, seu corpo. Portanto, palavra (espírito) e imagem (corpo) são indissociáveis. Atualmente é impossível conceber um livro, sobretudo para crianças e jovens, sem considerar seus aspectos formais e até mesmo táteis.
O programador visual ou o ilustrador devem ter um apurado conhecimento de projeto gráfico para que possam transformar o livro também em um objeto físico e sensorial, de contemplação estética.
No século XX, grandes movimentos artísticos influenciaram diretamente as artes gráficas, como o cubismo, o dadaísmo, o construtivismo russo e o neoplasticismo. Eles ofereceram ao homem uma nova maneira de pensar visualmente e de solucionar os espaços de forma harmoniosa. Como dizia o grande designer e educador húngaro Moholy-Nagy, “o progresso da composição tipográfica provém não tanto da nova forma quanto de uma nova organização de novos caracteres, mas sim da eficácia óptica da nova página”.
A atenção aos aspectos plásticos de um livro não se justifica somente no auxílio à competição e à concorrência, como se o livro fosse um produto de prateleira. Tal esmero com o gráfico é para inserir a eternidade do livro na contemporaneidade – esta é a sua função maior. O legado artístico que movimentos nos deixaram é o salvo-conduto para essa inserção.
(p. 45-6)
Este é um trecho do belo livro Pelos Jardins Boboli, Reflexões sobre a arte de ilustrar livros para crianças e jovens, de Rui de Oliveira, artista e designer gráfico, baseado em sua tese de doutorado na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).
A palavra é o espírito, e a imagem, seu corpo. Portanto, palavra (espírito) e imagem (corpo) são indissociáveis. Atualmente é impossível conceber um livro, sobretudo para crianças e jovens, sem considerar seus aspectos formais e até mesmo táteis.
O programador visual ou o ilustrador devem ter um apurado conhecimento de projeto gráfico para que possam transformar o livro também em um objeto físico e sensorial, de contemplação estética.
No século XX, grandes movimentos artísticos influenciaram diretamente as artes gráficas, como o cubismo, o dadaísmo, o construtivismo russo e o neoplasticismo. Eles ofereceram ao homem uma nova maneira de pensar visualmente e de solucionar os espaços de forma harmoniosa. Como dizia o grande designer e educador húngaro Moholy-Nagy, “o progresso da composição tipográfica provém não tanto da nova forma quanto de uma nova organização de novos caracteres, mas sim da eficácia óptica da nova página”.
A atenção aos aspectos plásticos de um livro não se justifica somente no auxílio à competição e à concorrência, como se o livro fosse um produto de prateleira. Tal esmero com o gráfico é para inserir a eternidade do livro na contemporaneidade – esta é a sua função maior. O legado artístico que movimentos nos deixaram é o salvo-conduto para essa inserção.
(p. 45-6)
Este é um trecho do belo livro Pelos Jardins Boboli, Reflexões sobre a arte de ilustrar livros para crianças e jovens, de Rui de Oliveira, artista e designer gráfico, baseado em sua tese de doutorado na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).
Excelente contribuição ao universo da produção editorial brasileira, editada pela Nova Fronteira, com design e diagramação de Ana Sofia Mariz e introdução de Ana Maria Machado.
Sobre os Jardins Boboli:
No século XVI, os jardins palacianos são elevados à categoria de grande arte. No caso dos Jardins Boboli, situados na parte posterior do Palácio Pitti, em Florença, vários arquitetos concorreram para sua beleza e encanto, destacando-se artistas como Giovanni Bologna e Bernardo Buontalenti. O caminhar pelo jardim se torna uma recreação para o espírito, e várias surpresas e esguichos de água acontecem ao longo das grutas, dos chafarizes e repuxos. É interessante notar que no jardim maneirista pouco atenção é dada às flores. O objetivo maior do visitante era direcionado para o espetáculo que o jardim oferecia, como se estivesse assistindo a uma série de intermezzi, isto é, peças destinadas unicamente ao exercício da arte e do maravilhamento.
Nota, p. 75.
Para saber mais:
www.ruideoliveira.com.br
www.anasofia.net
www.novafronteira.com.br
2 comentários:
Obrigada pela dica, Boboli é muito importante nas história dos jardins e o livro deve ser interessante!
Cara Lúcia,
os Jardins Boboli, que não conheço, inspiraram o trabalho maravilhoso do artista Rui de Oliveira no design e na ilustração de livros infantis.
Imagino que sejam lindos.
Gostei de revisitar seu Arboretto
http://arboretto.blogspot.com/, lindo, rico e cheio de coisas interessantes para ecologistas, botânicos, paisagistas e para todos que gostam da natureza.
Um abraço,
Aníbal
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