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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Sandra Medeiros: Célula tipográfica e epitáfio para Tide Hellmeister


Sobre a Célula Tipográfica:

Há 5 anos, pesquisadores, tipógrafos e estudantes, reunidos na Célula Tipográfica, movimentam Vitória e o Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo.(...)

A denominação escolhida, Célula Tipográfica, levou em consideração a concepção do núcleo como uma pequena unidade estrutural e funcional reunindo pessoas com os mesmos ideais de prática e pesquisa, principalmente em torno da menor unidade da palavra, a letra, na sua forma caligráfica, sólida (os tipos móveis) e digital.

A partir da prática caligráfica e com vistas à futura construção de fontes, a Célula tem promovido workshops de caligrafia ocidental e oriental, a produção de cartões-postais e o desenvolvimento de projetos maiores como as coleções Tipografia de Bolso e Amostra Grátis. (...)

Leia o texto completo de Sandra Medeiros sobre a Célula Tipográfica nos arquivos do e-grupo Cultura Letrada:
http://groups.google.com/group/cultura-letrada/files?hl=pt-BR

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O velho Tide (o jornalismo perde um mestre)

Fiquei sabendo, tardiamente, que o artista gráfico Tide Hellmeister não resistiu a um enfisema e a uma cirurgia no coração e deixou a nossa convivência no último dia 31 [de dezembro]. Não é mais notícia, mas o fato tem alcance, afeta o jornalismo, as artes gráficas, o design, a arte: ficou um espaço que não se preenche. Perdemos um profissional dos mais sérios, criativos, realizadores. Não são poucos os projetos pioneiros de Tide e aqueles que conhecem a sua história sabem disso: de autor do importante Técnica Tipográfica à coluna Significado do significado (no Diário Popular) Tide fez de tudo e um pouco mais. Querido e admirado no meio editorial e gráfico, ele foi um dos criadores da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, a notória ECA-USP; da Cásper Líbero; da Escola Superior de Propaganda e Marketing. (...)

Leia o texto completo do belo epitáfio escrito por Sandra Medeiros nos arquivos do e-grupo Cultura Letrada:
http://groups.google.com/group/cultura-letrada/files?hl=pt-BR

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Raro leitor, em tempo de preparativos do II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial, que se realizará de 11 a 15 de maio próximo, recebi dois textos da professora e designer Sandra Medeiros, da Universidade Federal do Espírito Santos, querida amiga, que me permitiu oferecê-los também a você. Espero que os aproveite.

Conheça mais de Sandra Medeiros em LetraG http://es.letrag.com/blogosfera.php?id=82

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Pelos Jardins Boboli, de Rui de Oliveira


Nestes tempos, mais do que nunca o livro continua sendo um elemento de afirmação da individualidade. Ler de forma consciente e participativa a palavra e a imagem constitui, acima de tudo, um ato de resistência cultural e social.

A palavra é o espírito, e a imagem, seu corpo. Portanto, palavra (espírito) e imagem (corpo) são indissociáveis. Atualmente é impossível conceber um livro, sobretudo para crianças e jovens, sem considerar seus aspectos formais e até mesmo táteis.

O programador visual ou o ilustrador devem ter um apurado conhecimento de projeto gráfico para que possam transformar o livro também em um objeto físico e sensorial, de contemplação estética.

No século XX, grandes movimentos artísticos influenciaram diretamente as artes gráficas, como o cubismo, o dadaísmo, o construtivismo russo e o neoplasticismo. Eles ofereceram ao homem uma nova maneira de pensar visualmente e de solucionar os espaços de forma harmoniosa. Como dizia o grande designer e educador húngaro Moholy-Nagy, “o progresso da composição tipográfica provém não tanto da nova forma quanto de uma nova organização de novos caracteres, mas sim da eficácia óptica da nova página”.

A atenção aos aspectos plásticos de um livro não se justifica somente no auxílio à competição e à concorrência, como se o livro fosse um produto de prateleira. Tal esmero com o gráfico é para inserir a eternidade do livro na contemporaneidade – esta é a sua função maior. O legado artístico que movimentos nos deixaram é o salvo-conduto para essa inserção.
(p. 45-6)

Este é um trecho do belo livro Pelos Jardins Boboli, Reflexões sobre a arte de ilustrar livros para crianças e jovens, de Rui de Oliveira, artista e designer gráfico, baseado em sua tese de doutorado na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).

Excelente contribuição ao universo da produção editorial brasileira, editada pela Nova Fronteira, com design e diagramação de Ana Sofia Mariz e introdução de Ana Maria Machado.

Sobre os Jardins Boboli:

No século XVI, os jardins palacianos são elevados à categoria de grande arte. No caso dos Jardins Boboli, situados na parte posterior do Palácio Pitti, em Florença, vários arquitetos concorreram para sua beleza e encanto, destacando-se artistas como Giovanni Bologna e Bernardo Buontalenti. O caminhar pelo jardim se torna uma recreação para o espírito, e várias surpresas e esguichos de água acontecem ao longo das grutas, dos chafarizes e repuxos. É interessante notar que no jardim maneirista pouco atenção é dada às flores. O objetivo maior do visitante era direcionado para o espetáculo que o jardim oferecia, como se estivesse assistindo a uma série de intermezzi, isto é, peças destinadas unicamente ao exercício da arte e do maravilhamento.
Nota, p. 75.

Para saber mais:
www.ruideoliveira.com.br
www.anasofia.net
www.novafronteira.com.br

terça-feira, 6 de maio de 2008

A arte de fazer livros

O design de livros não é um campo para aqueles que querem “inventar o estilo do dia” ou criar alguma coisa “nova”. No sentido estrito da palavra, não pode haver nada de “novo” na tipografia de livro. Embora amplamente esquecidos nos dias de hoje, têm sido desenvolvidos ao longo dos séculos métodos e regras que não são suscetíveis de qualquer melhora. Para produzir livros perfeitos, essas regras devem ser ressuscitadas e aplicadas.
Jan Tschichold


Todos gostamos dos antigos impressores. Eles faziam coisas tão bonitas antes de nós que não conseguimos deixar de voltar atrás e tentar introduzir um pouco de suas qualidades nas coisas que fazemos. Todos nós temos o nosso momento favorito na história da impressão e ninguém consegue fugir da tentação de fazer seus designs no estilo da época preferida. Mas, se temos de fazer o design de nossos livros – nossas edições comerciais de hoje – numa base funcional – se o texto é apresentado para ser lido agora, este ano, temos de pôr de lado esses amores antigos. Nosso design é contemporâneo. Não pode deixar de sê-lo. Não se pode copiar e repetir com sucesso nem mesmo a mais bela tipografia de outra época – porque não se viveu naquela época.
W. A. Dwiggins


Pode-se definir a tipografia como a arte de dispor corretamente materiais impressos de acordo com a finalidade específica de, ao dispor dessa maneira as letras, distribuir o espaço e controlar o tipo de forma a ajudar ao máximo o leitor a compreender o texto. A tipografia é um meio eficaz de chegar a um fim essencialmente utilitário e apenas acidentalmente estético, visto que o objetivo principal do leitor raramente é satisfazer-se com a norma. Por conseguinte, qualquer arranjo de material impresso que, qualquer que seja a intenção, produza o efeito de colocar-se entre o autor e o leitor está errada. Segue-se então que, na impressão de livros, que supostamente são para ser lidos, há pouco lugar para a tipografia “brilhante”. Mesmo a chatice e a monotonia são para o leitor defeitos muito menores na composição do que uma tipografia excêntrica e jocosa. Artifícios desse tipo são desejáveis, até mesmo essenciais, na tipografia de propaganda, seja comercial, política ou religiosa, porque em impressos como esses somente o mais moderno sobrevive à falta de atenção. No entanto, a tipografia de livros, além da categoria de edições muito limitadas, exige uma obediência à convenção que é quase absoluta – e com razão.
Stanley Morison

Está provado, um livro muito difícil de ler é inútil. Mas achar que a impressão deve servir apenas à função de legibilidade é o mesmo que dizer que a única função da roupa é cobrir a nudez, ou que o único uso da arquitetura é fornecer abrigo. Tais posturas são obviamente inaceitáveis, impossíveis de pôr em prática, e só podem causar a esterilidade e a morte... [Isso] nega nossa época particular e reconhece nossa pobreza de invenção e de espírito.
Marle Armitage


Estes e outros excertos preciosos para nossa reflexão sobre a arte de fazer livros foram reunidos por um brilhante editor, Plínio Martins Filho, no pequeno grande livro A arte invisível, publicado pela Ateliê Editorial, de S. Paulo, em 2003.
Saiba mais:
http://www.atelie.com.br/