Foto de Bruno Dorigatti/Lihed, 2004.
A notícia entristece seus familiares, amigos e também todos os que amam os livros. José Mindlin faleceu hoje. Deixa aberta uma vaga na Academia Brasileira de Letras e uma carreira exemplar, na qual sua relação amorosa com os livros foi um traço marcante, superando certamente os do advogado e empresário, bem sucedidos.
Cleber Teixeira, na apresentação que faz do autor de Memórias Esparsas de uma Biblioteca, publicado em 2004 pelo Escritório do Livro (Florianópolis-SC) em co-edição com a Imprensa Oficial (SP), lançado no Rio de Janeiro durante o I Seminário Brasileiro Livro e História Editorial (I Lihed), na Casa de Rui Barbosa (foto acima), afirma: ‘José Mindlin é, e será para sempre, uma referência, um ponto luminoso, um exemplo estimulante de interesse pelos livros, pelas artes gráficas, pelo documento histórico e literário; por tudo, enfim, que faz do leitor comum um bibliófilo’.
Amigo de Mindlin, editor da Noa-Noa, poeta, tradutor e também bibliófilo, Cleber Teixeira, inclui no seu texto algumas histórias de Mindlin e de outros bibliófilos e de suas relações afetivas com os livros, além de apresentar o livro em que seu amigo fala ‘da formação de sua biblioteca, fruto de uma paixão correspondida pelos livros, de um esforço bem sucedido de formação de uma acervo fabuloso, hoje privado mas que por iniciativa da família Mindlin deverá ocupar um prédio próprio no campus da USP’. Sobre esta iniciativa saiba mais em http://www.brasiliana.usp.br/bbm_historia
Além da obra citada, Mindlin publicou, dentre outros, José conta suas histórias/Grupo Verde, Edusc/Imprensa Oficial, 2000, No mundo dos livros, Agir, 2009, além de artigos e prefácios, sendo sua obra fundamental: Uma vida entre livros, Reencontros com o tempo, uma belíssima edição, publicada em 1997, em co-edição Edusp com Companhia das Letras. A Edusp publicou também José Mindlin, Editor, organizado por Tereza Kikuchi, também lançado no I Lihed em 2004, acompanhado de um DVD contendo uma entrevista concedida à mesma Tereza, ambos fontes importantes para se conhecer algumas das atividades de Mindlin em favor da cultura letrada brasileira.
4 comentários:
O livro José conta suas histórias, não foi escrito por Mindlin. Foi escrito pelos alunos do Grupo Verde da Escola Viva. A história é sobre a vida dele, contada por ele, mas escrito e ilustrado pelas crianças da Escola.
Você tem razão no seu comentário. O livro José conta suas histórias, foi escrito e ilustrado pelas crianças do Grupo Verde da Escola Viva, a partir de conversas que tiveram com Mindlin, acompanhadas de suas professoras.
José Mindlin, hein, quem foi?
Um livro ou um homem?
Ou teria sido um homem vestido de livro?
Um livro com capa de homem, sem prefácio, sem palavras, sem epílogo.
Muito mais: uma biblioteca de raro exemplar;
Ele próprio passeando por entre os seus 40, 50 mil títulos;
Um olhar sobre o conhecimento;
O guardião apaixonado de uma galáxia literária;
Um homem que não se precisa exemplificar;
Um livro que não se acaba de ler.
Ele é um livro, José!
Uma biblioteca, Mindlin.
Quando então coordenadora de Bibliotecas no Programa Ribeirão das Letras em Ribeirão Preto, da Secretaria da Cultura, período de 2001 à 2005 tive o grato prazer de estar ao lado do grande bibliófilo Mindlin e compactuar de sua vida entre livros. Na oportunidade, ele dava uma palestra aos jovens que se iniciavam no curso de Ciência da Informação da USP e após visitava algumas das 80 bibliotecas que se criava naquele programa. Não há como não relembrar aquele momento ímpar. Seu amor e sua dedicação aos livros, realmente fê-lo mesclar-se aos livros e não mais sabermos ou podermos separar o homem do seu gosto, do seu prazer, do seu universo, ou como diz Tinoco, da sua galáxia literária. Realmente o estar entre livros nos faz ser o próprio livro. Eu mesma me percebi a escrever que: entre livros nasci. Entre livros me criei. Entre livros me formei. Entre livros me tornei. Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro. Hoje não há como separar: o livro sou eu. Mindlin minha pequena homenagem, pelo grande homem que foi e continuará sendo através de sua “Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin”, hoje acervo que faz parte do complexo USP, após doação, momento em que manifestava ser ele e a esposa Guita a esposa apenas “guardiães” dos livros. Magnífico despreendimento, exemplo de poucos, deste comentário e de algumas menções em meus blogs http://blog-inaja.blogspot.com/ e http://retalhosdeleituras.blogspot.com/. Um dos retalhos pude tecer nesta minha jornada entre livros. Grata por este espaço / Inajá Martins de Almeida
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