
A imagem acima foi copiada do excelente livro de Rubens Borba de Moraes, Bibliografia Brasileira do Período Colonial, publicado pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP, com 437 páginas - apesar de tudo os autores nascidos no Brasil, mesmo com as conhecidas dificuldades, publicaram mais do que se pensa antes da implantação da Impressão Régia no Rio de Janeiro, em 1808 - no verbete que registra a obra de Manoel de Andrade Figueiredo, nascido no Espírito Santo, quando seu pai era governador da Capitania, que se tornou mestre-escola em Lisboa, onde viria a falecer.
O livro de Figueiredo, oferecido ao rei D. João V, tinha o título Nova Escola para aprender a Ler, Escrever e Contar, e foi impresso na Oficina de Bernardo da Costa Carvalho, na capital, presumivelmente no ano de 1722, com 156 p. de texto, mais 44 gravuras, sendo considerado o "o primeiro livro no gênero" que se publicou em Portugal.
Segundo Rubens Borba de Moraes, "a Nova Escola é, como indica o título, uma cartilha para aprender a ler, escrever e contar. O que torna o livro famoso e procurado até hoje é o estilo de caligrafia criado por Figueiredo representado nas numerosas pranchas gravadas que enfeitam e ilustram a obra". A frase no cimo da imagem diz "O exercício, e Louvor das Letras, que o mundo acclama tem na nobreza o melhor berço, a que ilustra a fama, por mais sagrado esplendor".
PS.: A edição do IEB-USP foi publicada em 1969, quando o historiador Sérgio Buarque de Holanda era o Chefe do Setor de Pesquisas do Instituto, e só foi possível como se afirma no intróito, graças à "doação de NCr$ 20.000,00 feita por Francisco (Chico) Buarque de Holanda". E não havia ainda Lei Rouanet! Viva Chico!